"Aqui em Hendaia há três pontos essenciais: a estação de caminhos-de-ferro, a fronteira da Bidassoa - que é o rio - e a [estrada] Nacional 10. Dos seis locais simbólicos da história da emigração em França, três são aqui. Os outros são a estação de Bordéus, a estação dos caminhos-de-ferro de Austerlitz e o bairro de lata de Champigny", explicou.

Foi por estes espaços que passaram "três milhões de portugueses", de acordo com Manuel Dias Vaz, que caracterizou Hendaia como uma fronteira não só entre França e Portugal mas também "entre Portugal e quase toda a Europa".

"É a fronteira da liberdade, a fronteira da paz para milhões [de portugueses] porque há três milhões de portugueses que vieram de Portugal para os diferentes países da Europa. Primeiramente a França, segundo a Inglaterra, em terceiro a Alemanha, a Bélgica, a Suíça, o Luxemburgo", explicou o também presidente da Rede da Aquitânia para a História e Memória da Imigração.

Manuel Vaz Dias indicou que vai ser feito "um trabalho sobre a materialização do património imaterial da emigração", um programa de três anos em parceria com a Universidade francesa de Pau para pesquisar sobre a história da emigração e fronteiras, com o objetivo de "colocar placas" comemorativas nos locais da passagem portuguesa em Hendaia e para editar publicações sobre o tema.

Entre os vereadores da cidade, há um lusodescendente, Jean Dias, filho de um soldado que integrou o Corpo Expedicionário Português nas trincheiras da Flandres durante a Primeira Guerra Mundial e que depois foi morar para Hendaia.

"Hendaia foi sempre uma terra de acolhimento, tanto para os operários portugueses quanto para os republicanos espanhóis. Inaugurámos há uns tempos uma placa na ponte de Hendaia em memória de Aristides de Sousa Mendes", afirmou o vereador de 78 anos, sublinhando que o pai escolheu ficar em França, tendo tentado trazer o avô e os tios que apenas ficaram temporariamente no país.