Havia ainda dois dias para nos despedirmos devidamente da Austrália, que no plano inicial seriam passados tranquilamente em Melbourne. Bom, este era o plano inicial, contudo, sedentos de aventura e decididos a não aceitar que a viagem estivesse já no fim, optámos por trocar o conhecido pelo desconhecido.
Cancelámos a nossa estadia no centro da cidade, fizemos nova reserva de carro, e passámos a primeira noite num hotel próximo do aeroporto, uma vez que a nossa chegada a Melbourne foi ao final da noite. Dormimos uma boa noite de sono, recuperámos energias e no dia seguinte lá estávamos nós, prontíssimos para explorar a Great Ocean Road, ou pelo menos a parte dela que o nosso tempo permitia. Afinal, é isto que nos faz feliz, seguir viagem.
Fizemos os cerca de 200 km que separam Geelong (o início da Great Ocean Road para quem vem de Melbourne) dos 12 Apóstolos, um dos principais pontos turísticos desta rota, e foi das experiências mais surreais que tivemos na Austrália e até em todas as nossa viagens.
Desenganem-se se, tal como nós, pensavam que dado o nome da estrada, ela seguiria sempre junto ao mar. Pois, ela segue, de facto, junto ao mar, durante cerca de 100km, até Apollo Bay, que é sem dúvida, uma das vilas mais bonitas que se encontram neste trajeto. Perdida entre o mar e as montanhas, aqui parece que o tempo pára para nos deixar fotografar mentalmente este cenário saído de histórias passadas.
A partir deste ponto, deixámos de ver o mar e seguimos pelo interior, que começa por ser de floresta tropical, com árvores altíssimas e de troncos finos e húmidos, e termina em prados verdejantes habitados por dezenas de cabras, ovelhas e vacas, protegidos por montanhas que nos trazem logo à memória “Música no Coração”. E quando já estávamos habituados a este cenário, eis que voltámos à beira-mar e aos penhascos e, inesperadamente, lá estão eles, os 12 Apóstolos, solitários e majestosos (e ventosos), com o mar a seus pés. Não são 12, apenas 8, mas merecem a visita na mesma. E acima de tudo, a Great Ocean Road merece ser percorrida.
Este percurso demorou-nos cerca de cinco horas, com algumas paragens para apreciar a paisagem, e apenas nestas cinco horas, a temperatura foi dos 37ºC que se faziam sentir em Melbourne (sim, em Melbourne, onde duas semanas antes andávamos de cachecóis) até aos 13ºC que se faziam sentir no destino final. Percebem agora que o tempo, por estes lados, tem humor e vontade própria. Depois dos 12 Apóstolos seguimos até Timboon, a cerca de 20km, onde passámos a nossa última noite na Austrália. E a escolha não podia ter sido melhor. Uma cabana refugiada no meio do nada, só nós e a vida selvagem, em verdadeiro estado de lua de mel.
O dia seguinte foi dia de dizer adeus, adeus à “nossa” adorada cabana, adeus à última esperança que ainda restava de vermos coalas em natureza, adeus a um país que nos ofereceu a maior aventura das nossas vidas. Mas foi também de "olás", de olá a Paris, que ansiosamente aguardávamos na esperança de que esta viagem não terminasse tão cedo e de olá a uma nova vida, na qual pomos tanta paixão como nas nossas viagens.
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