Apesar de Garden Route ser um troço de apenas 200 quilómetros, o nome é muitas vezes usado para referir uma extensão maior, de Port Elizabeth a Cape Town, a que percorremos. Aqui enumeramos as nossas dez paragens favoritas no nosso passeio por esta zona tão marcante.

Port Elizabeth

Port Elizabeth foi a nossa primeira paragem na costa sul-africana. É uma das principais cidades do país, o maior centro urbano da província e a porta de entrada ideal para a Garden Route, bem como para alguns safáris na região, dos quais o Elephant Addo National Park é o mais famoso.

Port Elizabeth
Port Elizabeth, agora chamada Qberqha, foi o ponto de partida dos autores para a Garden Route. créditos: Projeto Prá Frente

O nome da cidade foi recentemente mudado para Qberqha (vale a pena ir pesquisar a pronúncia da palavra), mas todos continuam a chamar-lhe pelas iniciais: P.E. É uma cidade portuária e um destino muito popular de férias para os sul-africanos.

A cidade reúne célebres praias ao longo da baía de Algoa, bairros agradáveis para passear, como Summerstrand, e ainda várias reservas naturais para visitar à volta. No centro, o complexo turístico de Boardwalk é ideal para quem procura lugares para compras, boa restauração ou entretenimento para todas as idades.

Gamtoos Mouth

Pouco depois de deixarmos Port Elizabeth em direção a oeste, passamos pelo maior banco de areia desta viagem. É uma zona de praias e de reservas naturais que se estende por 25 quilómetros. A paragem (mais) obrigatória aqui é Gamtoos Mouth.

Gamtoos Mouth
Gamtoos Mouth, uma zona de praias e de reservas naturais que se estende por 25 quilómetros. créditos: Projeto Prá Frente

Na zona da foz do rio Gamtoos, este curso de água serpenteia pelas enormes dunas de areia até ao Índico, originando cenários selvagens e convidativos. Aqui, misturam-se paisagens das dunas costeiras com os cursos de água cristalina, além dos já habituais campos agrícolas e das cordilheiras sempre à vista.

Esta foz é ainda ideal para passeios de barco ou de canoa, para observação de pássaros, ou para ficar simplesmente a repousar uns dias num dos muitos resorts da região.

Jeffrey’s Bay

A nossa tarde passada em Jeffrey’s Bay foi uma agradável surpresa e acabou por ser um dos nossos lugares favoritos nesta costa. É uma vila acolhedora e pitoresca, de vivendas veranis e bem arranjadas, de ruas largas e de palmeiras ao sol. Ao longo da principal via, a Rua da Gama, em referência ao explorador português, sucedem-se restaurantes e esplanadas, pousadas e lojas de surf. Mas a atmosfera é bairrista e a vida pulsa pelas ruas, mesmo à noite.

Jeffreys Bay
A Rua da Gama, em Jeffreys Bay créditos: Projeto Prá Frente

Jeffrey’s Bay é um paraíso do surf. Considerada uma das melhores praias para certas formas da modalidade, é frequente receber praticantes de todo o mundo e competições internacionais. Mesmo para quem não procura ondas para surfar, as praias desta baía, como a Paradise Beach (praia paradisíaca) ou a Dolphins Beach (praia dos golfinhos) são destinos muito populares de férias, como os próprios nomes deixam adivinhar. No nosso caso, como o surf não é a nossa praia, ficámo-nos pelos banhos do Índico de que nos vamos despedindo e pelo voleibol de praia contra uns veteranos locais.

Boulkrans Bridge

A Garden Route está repleta de atrações e nem todas são maravilhas naturais. A quarta paragem obrigatória também é de cortar a respiração, mas por razões diferentes…

A Boulkrans Bridge é uma grande ponte em arco que une as margens do desfiladeiro sobre o rio Boulkrans. Oferece vistas magníficas sobre este estreito e emoções fortes para aqueles que não têm medo de alturas.

Bouklrans Bridge
Boulkrans Bridge, onde é possível fazer bungee jumping. créditos: Projeto Prá Frente

Aqui é possível “lançarmo-nos” numa experiência vertiginosa: o bungee jumping da ponte é o terceiro mais alto do mundo, com um salto de 216 metros. É também certamente dos mais cénicos e viu bater recordes que ainda perduram, como a pessoa mais velha do mundo a saltar, aos 96 anos.

Para os menos (mas ainda assim suficientemente) aventureiros, a Boulkrans Bridge oferece ainda slide e um skywalk onde é possível caminhar debaixo da ponte, num passadiço sobre o desfiladeiro.

Plettenberg Bay

Paraíso de águas balneares e de biodiversidade, Plettenberg Bay é outra famosa baía da Garden Route. Batizada originalmente como Baía Formosa, as diferentes elevações da costa oferecem paisagens incríveis sobre as praias e a foz do rio Keurbooms.

Plettenberg Bay
Plettenberg Bay créditos: Projeto Prá Frente

Além de uma vila sofisticada e elegante, de habitações sazonais e ambiente intimista, o que mais motiva a visita dos turistas de outras partes do país e do mundo são as praias e as ondas. A costa ali oferece atividades desportivas como kayaking, pesca e surf. É frequente nesta baía avistar baleias, golfinhos e focas, tanto em passeios de barco como a partir de alguns miradouros da vila.

Para quem queira ficar por “Plett” por uns dias, há também várias coisas para explorar nas redondezas. Ali à volta é possível encontrar o Birds of Eden - um dos maiores aviários e santuário de pássaros do mundo, - o santuário de primatas Monkeyland ou a Robberg Nature Reserve.

Robberg Nature Reserve

A sul de Plettenberg Bay, a península de Robberg é um ponto alto da viagem e certamente paragem obrigatória em qualquer roteiro da Garden Route. Aqui existem três trilhos circulares com diferentes comprimentos e níveis de dificuldades e que permitem passar entre uma a quatro horas a explorar a riqueza desta península.

Robberg Nature Reserve
A reserva natural de Robberg é um sítio Património Mundial da UNESCO. créditos: Projeto Prá Frente

Relativamente à biodiversidade, este monumento nacional tem imenso para oferecer. Não é difícil, se formos olhando para a costa à medida que circundamos a península, avistar algumas espécies diferentes de golfinhos ou baleias. As seixas - pequenos antílopes - são também comuns de encontrar bem como a colónia de centenas de focas que se fazem ver e ouvir bem, estendidas ao sol.

Repleta de história, esta península que é património mundial da humanidade, oferece desde artefactos da Idade da Pedra a grutas pré-históricas. A área foi ocupada há 120 mil anos atrás e foi ainda aqui erguida a primeira habitação europeia da África do Sul, na sequência de um naufrágio português no século XVII.

Mas se isto já não fosse suficiente, a península vale a pena só pelas paisagens. Além de formações rochosas impressionantes e zonas verdes, os trilhos passam por dunas com dezenas de metros de altura, encostas íngremes e praias deslumbrantes. Com sorte, quem aqui der um mergulho poderá ter a companhia de focas.

Knysna

As vilas da Garden Route podem parecer semelhantes, mas cada uma tem um encanto próprio, tem a sua particularidade. Knysna não é exceção e depois de alguns dias na estrada e várias terras costeiras, Knysna surpreendeu e conquistou-nos.

Esta vila é também ela destino de férias de eleição, com praias longas de areia branca, desportos de água, passeios de barco e boa oferta gastronómica da qual as ostras são o maior símbolo. É uma cidade harmoniosa com uma marginal agradável e um clima apetecível a maior parte do ano.

Knysna
A vila Knysna fica a meio caminho na Garden Route. créditos: Projeto Prá Frente

O que mais distingue Knysna, contudo, são as ilhas de Thesen. Este bairro junto à marginal é especial já que foi construído na forma de 19 pequenas ilhas, ligadas entre elas por pontes em arco, qual Veneza da África do Sul. Vale muito a pena passear por esta marina, a pé ou de barco, admirando os canais e as habitações construídas em estilo colonial.

As redondezas da vila oferecem ainda boas oportunidades para trilhos e caminhadas na natureza. A floresta tropical do Jardim do Eden, por exemplo, é uma visita popular para quem procura uma incursão nestas paisagens.

Mossel Bay

Mossel Bay marca o extremo oeste da Garden Route, apesar de não ser a nossa última paragem já que aqui consideramos a sua versão alargada. É considerada a capital de aventura da Garden Route por oferecer atividades para todos os gostos e idades, desde ciclismo, zipline, mergulho, skydive, e muito mais.

Mossel Bay
O interior do museu de Bartolomeu Dias, em Mossel Bay. créditos: Projeto Prá Frente

Uma das principais atrações será certamente o museu de Bartolomeu Dias. É um museu que vale a pena para compreender (ou relembrar) o contexto histórico e as implicações de uma das viagens marítimas mais significativas da história mundial. Além de vários mapas e outros artefactos, o museu inclui uma réplica à escala real da caravela São Cristóvão, utilizada por Bartolomeu Dias e velejada de Portugal até Mossel Bay. É possível explorar o convés e o porão e imaginar os meses de viagem daqueles exploradores a bordo.

Cape Agulhas

Não é sempre que se consegue estar num extremo de um continente, na ponta de uma massa de terra tão cheia de belezas como África. Mas nesta rota é possível chegar facilmente ao Cabo Agulhas, o ponto mais a sul do continente africano.

A história escrita deste cabo começa com a chegada de portugueses a estas paragens, quando tentavam dobrar o continente para chegar ao Oceano Índico. Apesar das "Tormentas" ser um ponto simbólico e mais difícil de conquistar, foi na realidade num outro cabo mais a sul ainda que as embarcações se deixaram de afastar do norte para o qual o ponteiro (ou agulha) das bússolas apontava, batizando-o assim de "Agulhas".

Cape Agulhas
Cape Agulhas, o ponto mais a sul do continente africano. créditos: Projeto Prá Frente

Hoje em dia é um ponto de interesse pelo símbolo geográfico e histórico, particularmente para quem, como nós, começou a viagem no norte do continente e o atravessou praticamente de uma ponta à outra. Além do marco do ponto africano mais a sul, podemos aqui ver e caminhar sobre um grande mapa tridimensional de África. As despedidas do Oceano Índico também devem ser feitas neste momento. É conveniente que os banhos de mar tenham sido bem aproveitados antes deste ponto já que daqui para a frente, (quer dizer, para noroeste,) a temperatura da água desce consideravelmente.

Cape Town

O destino da nossa Garden Route é a jóia da coroa desta rota, do país e quem sabe de África. A Cidade do Cabo combina bairros vibrantes e natureza fenomenal. Sem perder por completo a sua "africanidade" e com uma história de múltiplas influências, bebe das virtudes e conveniências da globalização que a tornam numa cidade multicultural e cosmopolita.

Cape Town
Destino: Cidade do Cabo, onde é obrigatória a visita ao Cabo da Boa Esperança. créditos: Projeto Prá Frente

São precisos vários dias para conhecer esta cidade que tem para oferecer história, cultura, natureza e entretenimento. Por um lado, as subidas ao topo da Lion's Head ou da Table Mountain são obrigatórias, assim como nadar com pinguins na Boulders Beach ou surfar (sem tubarões) em Muizenberg. Por outro, os bairros de Victoria & Alfred Waterfront, de Bo-Kaap ou de Woodstock, conseguem dar um vislumbre de algumas diferentes realidades na cidade. A visita à ilha-prisão de Robben, ou ao Museu do Distrito 6 são essenciais para melhor compreender o Apartheid.

Garden Route
No Cabo da Boa Esperança. créditos: Projeto Prá Frente

Por fim, uma visita ao Cabo da Boa Esperança é obrigatória a qualquer português. Conhecer este rochedo que vai ganhando forma no nosso imaginário desde os primeiros anos de escola é verdadeiramente emocionante.

A Garden Route e toda a costa sudoeste da África do Sul é sem dúvida das experiências mais merecedores do país. Reúne nesta zona quase tudo o que de melhor tem para oferecer, desde praias, reservas naturais e grandes cidades. Sem esforço se consegue daqui também fazer safáris, viagens de barco e visitar a cordilheira desta região.

Ao fim de quase 20.000 quilómetros de estrada por África, estes serão certamente os 400 mais densos em maravilhas. E aos quais faremos por voltar, para descobrir novas paragens.

Projeto Prá frente

O Projeto Prá Frente foi criado por dois jovens engenheiros, com a intenção de conhecer (e partilhar) uma perspetiva completa do Sudeste Africano, focando-se não só no seu património deslumbrante, mas também nas suas pessoas e naquilo que tem para oferecer para o futuro.

Para saber mais, siga-nos: no Instagram @projeto_prafrente, no blog, Youtube ou Spotify.

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