Desde que a geração hippie dos anos 60 (re)descobriu a ilha de Formentera, a mais pequena das Baleares, em Espanha, a boa energia e a descontração não mais abandonaram aquele pequeno pedaço de paraíso. Ali respira-se tranquilidade e calma e há uma alegria no ar que nos contagia. Afinal, argumentos para isso não faltam: as praias são de uma beleza imensa e a água do Mar Mediterrâneo, além de nos hipnotizar com o seu azul forte, é quente o suficiente para não querermos sair. E o melhor de tudo? Fica a escassas duas horas de distância.

A ilha, à qual se acede apenas de barco, já que o aeroporto mais próximo é o de Ibiza, é habitada desde há cerca de quatro mil anos. A presença humana foi confirmada através de jazigos arqueológicos, encontrados na zona de Cap Barbaria. Muito mais tarde, vieram os árabes que deixaram marcas profundas nestas ilhas abençoadas e que só foram derrotados pelos catalães na primeira metade do século XVIII. Já no século XX, a população local foi abandonando a ilha, tendo como destino Espanha continental e outros países da Europa bem como das Américas.

Foi na década de 60 que Formentera chamou a atenção dos hippies, tornando-se um destino da sua preferência e um lugar da moda, o que se verifica até hoje. O facto de não ter aeroporto e de ser uma ilha pequena permite-lhe ter um ambiente bem mais pacato do que o que se verifica na vizinha Ibiza. Mas isso não significa que não haja animação, só que os turistas aproveitam bem mais o sol e a luz do dia.

Formentera: a ilha das boas energias (re)descoberta pelos hippies está na moda
Es Copinyar créditos: Starting Today

Com apenas 85 quilómetros quadrados, a ilha tem, ainda assim, cerca de 20 quilómetros de praia, umas mais pequenas, as chamadas calas, protegidas por rochedos e arvoredo, outras mais extensas, como a de Migjorn, no sul da ilha, umas mais movimentadas, como a de Es Pujols, e outras mais desertas, como a Playa de Ses Canyes. Há de tudo e, acima de tudo, há um ambiente descomplicado que fica bem com roupa descontraída e chinelos de praia.

É de junho a setembro que o clima é mais agradável. As temperaturas são amenas e constantes e a água do Mar Mediterrâneo pode atingir os 26 graus no pico do verão, em agosto. A viagem de avião de Lisboa a Ibiza dura cerca de uma hora e meia. Do porto de Ibiza, saem os barcos rápidos que fazem a travessia até Formentera, que podem demorar entre 25 a 60 minutos. Apesar de se poder comprar o bilhete na hora, é mais prático adquiri-lo online através das companhias Balearia, Trasmapi e Mediterranea Pitiusa.

Es Pujols
Es Pujols créditos: Starting Today

É possível apanhar barcos a partir de outros portos de Ibiza, como Praia d’En Bossa e Santa Eulalia, mas são de excursões. Eu optei pela empresa Mediterranea Pitiusa e a viagem correu sem quaisquer sobressaltos. Chegámos ao Porto de la Savina, a norte de Formentera, cerca de 30 minutos depois. Daí, podemos apanhar um autocarro para o destino que pretendemos ou ir de táxi.

Com várias linhas, dependendo dos trajetos efetuados, os autocarros funcionam muito bem e são uma excelente opção para nos movimentarmos na ilha se não quisermos alugar um carro ou uma scooter, que é o meio de transporte mais utilizado pelos turistas. Há também quem opte por alugar bicicletas. De ponta a ponta da ilha, são apenas 25 quilómetros, pelo que há quem opte por este meio para se deslocar. Não faltam opções nem empresas de aluguer.

Formentera: a ilha das boas energias (re)descoberta pelos hippies está na moda
Les Illetes créditos: Starting Today

Também não faltam lugares deslumbrantes para visitar. Um dos locais obrigatórios é o Parque Natural de Ses Salines, no norte da ilha, uma espécie de língua comprida que parece querer esconder-se mar adentro. Trata-se de um espaço protegido formado por um rico ecossistema, onde convivem diversas espécies animais e vegetais endémicas. As praias Les Illetes e de Llevant completam o cenário impressionante deste lugar, onde se paga bilhete para entrar. Como fui de autocarro, o bilhete custou 8 euros e já incluía a viagem. Mesmo assim, é dos areais mais procurados pela sua beleza. S’Espalmador é um pequeno ilhéu a cerca de 150 metros da costa, no final deste parque, que é possível visitar.

Na outra ponta da ilha, encontramos o ponto mais alto, assinalado pelo Farol de la Mola, construído sob as ordens da rainha Isabel II sobre um rochedo com 120 metros de altura e que funciona desde 1861. A capital administrativa é San Francisco Javier e possui uma igreja do século XVIII, que chegou a servir de fortaleza contra os ataques de invasores.

Gostei particularmente de Es Copinyar, a sul, uma praia que, apesar de ser bastante movimentada, é muito bonita e agradável; Cala Saona, um pequeno areal envolto por enormes rochedos; Ses Canyes, uma praia mais tranquila e com menos pessoas; Llevant, um areal extenso, onde é possível encontrar amplos lugares com pouca gente; e Es Pujols, uma zona mais movimentada com restaurantes, bares, lojas, discotecas e um ambiente bem descontraído, com várias baías e uma água de um azul que nos delicia.

Formentera: a ilha das boas energias (re)descoberta pelos hippies está na moda
créditos: Starting Today

Por Helena Simão, blogger do Starting Today