Quando aterrei em Singapura, acelerei o passo com as minhas All Star para a bilheteira que se amontoava de filas de pessoas para comprarem o acesso ao safari. Depois tem de apanhar um autocarro que demora um longo período pois o Zoológico fica longe do centro da bela cidade verde de Singapura. Paga cerca de 40 euros e tem direito a uma refeição “fast-food” antes de entrar com um refrigerante enorme na mão. E vai saber-lhe muito bem pois Singapura suga-lhe os poros por causa do calor e humidade.

Quando chegou a minha vez entrei, com mais alguns turistas, numa das pequeninas carruagens de um comboio que atravessa todo o Zoológico. A aventura ia começar. Confesso que me doía o calcanhar de Aquiles e mal conseguia caminhar. Mas nem isso me deteve, estava completamente arrebatada pela sensação do que me tinham contado. Sabe aquelas histórias que ‘nos trazem’ aos ouvidos do Oriente para o Ocidente? E nas quais é difícil acreditar? Pois, esta é uma das histórias, mas pode confiar!

O comboio arranca em velocidade moderada e é-lhe pedido que não dispare fotografias com flash. Os animais estão em completa escuridão… e você também estará. Imagine agora o que eu senti quando o comboio ia desbravando as árvores e o luar enquanto os animais lhe aparecem de ambos os lados. Sim, os animais estão à solta, o elefante discreto, o macaco brincalhão, a girafa simpática, búfalos inquietos em grupo.

Estar a dois passos dos animais mais perigosos… e à noite: o meu Night Safari em Singapura
Estar a dois passos dos animais mais perigosos… e à noite: o meu Night Safari em Singapura créditos: Visit Singapura

Entre mim e eles apenas estavam alguns centímetros. No caso dos tigres verá uma vedação de vidro para sua segurança. Mas lembro-me que o comboio, aqui, abrandou o movimento e o meu coração disparou. Fitei o tigre ou o tigre fitou-me. Não tive medo, era este o propósito de estar ali. Nós e os animais, de noite, num silêncio que nunca encontrei em todas as minhas visitas a Zoológicos nestas viagens que vou ‘cantarolando’ pelo mundo.

Os flamingos arrebitam-se para nos ver e são constantes os momentos em que não percebemos quem está a observar quem. Os hipopótamos são mais envergonhados. Os animais não se incomodam com a visita, nem com os nossos barulhos de turistas pasmados. Flash nas máquinas é que não! Volto a dizer.

Foi o safari mais impactante que fiz na minha vida e quando regressei no comboio senti saudade daquela serenidade selvagem. Este é um zoo diferente pois a liberdade dos animais é maior que a nossa que vamos em comboios, de cancelas fechadas. Como é sempre após as 21h que costumam aparecer as enchentes de turistas para este safari, é normal que a espera pareça extenuante. E uma das consequências é que vai apanhar o seu autocarro de volta tardiamente. Mas estas tours asseguram que tenha sempre regresso ao ponto de partida. Depois, daí, vai de metro até ao hotel. Só me recordo de acordar estremunhada no autocarro.

Singapura
Singapura créditos: Unsplash

Saí contrariada para o metro, levando no pensamento a ideia de que não é possível contar completamente, aqui, a minha experiência. Há viagens que só se sentem e não se podem descrever totalmente. Faça o booking do seu night safari (lá ou cá, mas a antecedência pode ser uma vantagem) em Singapura e grave na memória cada animal, cada brisa que atenua o calor da noite, cada momento da lua que é a única luz que vai tornar toda a aventura: misteriosa e exótica.