Tem 40 anos e é natural de Lisboa, cidade que, talvez, tenha ajudado no sonho de criança de ser piloto. Contudo, começou a cursar arquitetura, antes de ter decidido investir na formação para poder pilotar aviões. André Sabino Costa encontrou na Emirates um porto seguro que lhe tem permitido explorar muitas rotas em voos de longo curso, mas, ao mesmo tempo, proporciona um bom equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

Como foi o teu percurso até te tornares piloto de aviação?

O percurso até foi interessante. Eu, antes de estudar pilotagem, estudei arquitetura, mas, de facto, não posso dizer que fosse a carreira para mim. E, felizmente, um dia pensei que poderia seguir o meu sonho de criança e investir na carreira de piloto, e foi isso que fiz.

Pilotar aviões era, então, um sonho de criança?

Sim, era aquele fascínio que muitas pessoas têm por este meio. E acho que o facto de ter vivido durante muitos anos na casa dos meus pais, junto à pista do Aeroporto de Lisboa, enquanto estava constantemente a ver os aviões a partir e a chegar, também suscitou algum interesse.

Como foi o processo de formação para ser piloto?

A formação para ser piloto, no meu caso, começou em Évora, numa escola que infelizmente já não existe. Nessa escola estive cerca de ano e meio, dois anos. Fiz também parte do curso nos Estados Unidos, o que foi uma experiência muito interessante. E, depois, tirei o curso adicional para poder voar aviões de médio porte. Naquela altura, esses aviões de médio porte eram os Boeings 737. Foi o que me permitiu depois ganhar a experiência para poder concorrer a uma empresa como a Emirates.

Como chegaste à Emirates?

No meu caso, o percurso foi até relativamente natural, porque, apesar de ser piloto da Emirates há cinco anos, eu vivo no Dubai há quase 10. Eu trabalhei noutra empresa aqui na região, antes de me juntar à Emirates. Gostava da cidade e de viver aqui, e das condições que me ofereciam, e preferi investir numa carreira mais a longo prazo. Daí procurar fazer, enquanto ainda sou jovem, voos de longo curso e fazer uma exploração destes destinos todos que a Emirates dispõe. Porque, de facto, são muitos destinos, é frequente não repetirmos os destinos para onde vamos, e, portanto, a exploração é constante. É sempre desafio, não só pessoal, como profissional.

Do sonho de criança aos voos de longo curso: André é um dos pilotos portugueses da Emirates
Do sonho de criança aos voos de longo curso: André é um dos pilotos portugueses da Emirates Atualmente, a Emirates emprega mais de 112 mil pessoas, reunindo nacionalidades de vários países créditos: Emirantes

Como são as tuas rotinas de trabalho?

O nosso planeamento mensal pode ser bastante variável. Destinos que eu gosto, particularmente, são algumas cidades asiáticas como Hong Kong. O Japão também é muito interessante. Depois, do outro lado, temos Seattle. Essa variação de destinos acaba por ser muito aliciante. O meu mês de trabalho varia muito com aquilo que me é dado pela equipa de planeamento.

A minha preparação antes do voo é feita, normalmente, em casa, onde dou uma vista de olhos à toda a documentação necessária para o voo em si. Cerca de duas horas e meia antes do voo, há um carro que me vem buscar a casa. Isso é uma grande vantagem da Emirates, somos conduzidos para o trabalho e de volta para casa.

Quando estamos na sede da empresa, despachamos logo a nossa bagagem, e encontramos com o resto da tripulação. Fazemos um pequeno briefing e, de autocarro, vamos então para o avião, onde chegamos cerca de uma hora antes do voo partir. Rapidamente, começamos o embarque e, habitualmente, o voo consegue sair sempre a horas, o que é fantástico, tendo em conta o tamanho do aeroporto e da operação.

Apesar de termos mais de 100 nacionalidades na empresa, é frequente haver portugueses a bordo

Tens a oportunidade de trabalhar com pessoas de Portugal ou de outros países lusófonos?

Sim, é habitual. Os nossos aviões são relativamente grandes, nós temos uma equipa grande. Habitualmente, somos, pelo menos, 16, na frota que eu voo, que é a Boeing; na frota da Airbus, ainda são mais. Apesar de termos mais de 100 nacionalidades na empresa, é frequente haver portugueses a bordo. Maioritariamente, na tripulação de cabine, no cockpit, não há assim tantos, somos algumas dezenas, mas gostava que houvesse mais, claro.

Normalmente, nos voos de longo curso, no cockpit, estão sempre o piloto e o copiloto?

Pelo menos dois, mas para aquela viagem de Seattle, de que estávamos a falar há pouco, fomos quatro, já que foram cerca de 14 horas de voo.

Sentes que há curiosidade das pessoas por saberem mais sobre aviação, sobre esta profissão?

Sim, apesar de estarmos numa cidade que está muito ligada à aviação e existem muitos pilotos aqui, o que não suscita tanto interesse como talvez suscitaria durante a minha infância, apesar de ser uma profissão especial.

A nossa profissão tem os seus desafios

Como é conjugar a vida profissional com a vida pessoal?

A nossa profissão tem os seus desafios, nomeadamente, os horários. Nós trabalhamos 24 horas por dia, sete dias por semana. Não digo que trabalhemos sempre, mas temos de estar disponíveis para ter voos a qualquer hora, apesar do planeamento ser publicado duas semanas antes do mês seguinte começar.

Esses desafios são compensados com o facto de poder passar mais tempo com a minha família, com a minha esposa e com a minha filha. Efetivamente, eu acho que passo muito mais tempo do que a maior parte das pessoas, porque a maior parte das pessoas trabalha das 9h às 5h, e tem aquele período relativamente curto de todos os dias, e depois, ao fim de semana, tem um pouco mais de tempo para passar com os filhos, enquanto arranja tempo para ir ao supermercado e fazer algumas coisas necessárias para o dia a dia. Eu passo muito tempo com a minha família. Tenho de admitir que habitualmente temos vários dias por mês em que passamos dias completos, podemos ir à praia, passear ou acampar.

Claro que há meses mais desafiantes, mas há outros meses que nos dão bastante tempo livre, onde podemos passar tempo com a família.

Boeing 777
Boeing 777 Boeing 777 créditos: Emirates

Voltando aos aviões, já passaste por alguma situação mais atribulada num voo?

Bem, acho que a minha resposta vai ser um pouco aborrecida. Os aviões de hoje e a frota que a Emirates voa é tão fiável, que eu não me lembro de nada que fosse de assinalar.

Qual é o teu avião preferido?

Posso dizer que é a frota que estou a voar agora, o Boeing 777. Não sei se será o meu preferido, mas é um avião muito bom de voar, muitíssimo fiável, fácil de voar e capaz de fazer uma série de operações de diferentes tipos, seja voos curtos, para pistas relativamente curtas ou voos de 14, 15 ou 16 horas, carregados de combustível, de passageiros e carga.

Fora do trabalho, também gostas de viajar?

Sim, este ano, apesar da Alice, minha filha, ter apenas um ano, ela já visitou connosco a Turquia, já foi a Portugal mais do que uma vez. Estivemos na Noruega e no Japão. Essa é outra das vantagens da companhia, é que nos permite fazer estes voos com alguma facilidade, e os destinos que a companhia nos oferece são muito variados.