
A cerveja Guinness continua a circular por Belfast graças a Richard Keenan, cujas carrinhas percorrem a cidade para saciar a sede de clientes assíduos dos "pubs" que agora estão fechados.
Assim como o restante dos estabelecimentos no Reino Unido, o pub de Keenan, The Hatfield House, teve de fechar as portas para combater a pandemia do novo coronavírus. Mas, longe de se deixar abater, Keenan teve a ideia de dividir a equipa em quatro carrinhas, equipadas com barris refrigerados e torneiras de cerveja, como no balcão de qualquer bar.

As distâncias de segurança são respeitadas pelos clientes para evitar qualquer possível propagação do vírus, que já causou 13.000 mortes no Reino Unido.
50 milhões de canecas
Embora a Guinness também seja vendida em latas, os mais experientes garantem que servida sob pressão, lentamente e em duas etapas, tem um sabor incomparável.

A associação Campaign for Real Ale (Camra), que defende os "pubs" tradicionais, estima que deve-se tirar o equivalente a 50 milhões de "pints" nos 39.000 "pubs" do Reino Unido. E as consequências vão além das perdas financeiras, já que os "pubs" fazem parte do coração da sociedade britânica.
"São lugares de socialização. Trazem muitas coisas boas. Ajudam a combater a solidão e o isolamento", afirma o diretor-geral da Camra, Tom Stainer.

Vínculo social
O cenário é especial para as pessoas vulneráveis, como os mais velhos, a quem o governo pediu uma quarentena total.
Para Keenan, o serviço de entrega da Guinness é um primeiro passo, que pode "transmitir um pouco de alegria" nestes tempos incertos.
"Muita gente compra para o pai que não pode sair e cuja vida social consistia antes em ir beber a cerveja uma vez por semana", conta.

Os clientes ficam felizes em poder reconectar-se, mesmo que por um instante, com algo semelhante a uma vida normal.
"Sentimos falta de coisas como essa", diz David Ferguson, de 43 anos, que trabalha na área das finanças e que recebe a entrega de três "pints" no seu jardim.
"É realmente o sabor", afirma, depois de tomar um gole. "É reconfortante, acredito que seja bom para a moral", estima.
Reportagem: Joe STENSON, com Jean-Baptiste OUBRIER Fotografias: Paul Faith / AFP
Comentários