Após as intervenções de revitalização no Castelo de Montalegre, multiplicaram-se as publicações no Facebook que denunciam o uso de betão nas escadas de acesso à torre de menagem e na edificação do um trecho de muralha que já não se encontrava de pé. Vários utilizadores comentam que se trata de um "atentado ao património".

Na publicação da página Repensando a Idade Média, é possível ver várias fotos que mostram o aspecto atual do Castelo de Montalegre, com uma estrutura de betão sobre a estrutura do castelo já existente, alterando o aspecto do monumento.

"Um exemplo vergonhoso de destruição do valor patrimonial de um monumento pois para além de ser intrusivo visualmente, o betão não pode ser retirado facilmente sem causar danos à estrutura existente."

Pedro Marques, um dos administradores da página, afirma que o que aconteceu no Castelo de Montalegre é crime e já entrou em contacto com o Ministério Publico, não tendo, ainda, recebido qualquer resposta.

Enquanto isso, o desagrado para com a obra está bem presente nas redes sociais e multiplicam-se as publicações sobre o caso.

A Câmara de Montalegre promoveu uma ação de esclarecimento, no final de novembro, onde foi apresentado o ponto de situação do andamento das obras no Castelo de Montalegre.

O responsável pelo projeto, Manuel Reis, esclareceu sobre o carácter reversível da obra feita. "O princípio é manter e preservar as estruturas originais e fazer uma intervenção contemporânea. O mais importante é o caráter reversível de toda a estrutura que é perfeitamente anulável sem desrespeitar o património existente."

No entanto, o betão usado sobre a estrutura existente não foi encarado pela comunidade como sendo de "caráter reversível", uma vez que não é de fácil remoção.

Como forma de protesto e de mostrar o descontentamento com a obra, foi criada uma petição que já conta com quase 600 assinaturas. Foi também criada uma página de Facebook dedicada ao caso.

A obra no Castelo de Montalegre nasceu no âmbito de um protocolo celebrado entre a Direção Regional de Cultura do Norte, os municípios de Miranda do Douro e de Montalegre e permitiu a apresentação de uma candidatura ao programa Portugal 2020 que foi aprovada e garantiu financiamento por fundos comunitários no montante de 85% do custo dos trabalhos.