"Fotos tiradas por alemães constituem quase a totalidade da documentação fotográfica do Holocausto. Atualmente, imaginamos o gueto através do seu olhar", declarou o historiador do Holocausto, o professor Jacek Leociak, numa conferência no museu de História dos judeus polacos, onde as imagens foram apresentadas.

"Este filme é um documento inestimável, pois supera a perspetiva alemã (...), a dos carrascos que fotografavam os judeus como vítimas desumanizadas, anónimas", acrescentou.

As fotos não mostram os combates. Numa delas, tirada de um local alto, um grupo de judeus, homens, mulheres e crianças, é escoltado por soldados alemães armados para Umschlagplatz, o local de onde partiam para os campos de extermínio.

Em outra, numa rua deserta, fumo espesso cobre edifícios, enquanto escombros e cabos são vistos na calçada. Na terceira, bombeiros apagam as chamas de prédios incendiados.

"São as únicas fotos que não foram tiradas pelos alemães (no gueto durante o levante) e que não foram realizadas com fins de propaganda", declarou à AFP Zuzanna Schnepf-Kolacz, uma das curadoras da exposição "Em volta de nós, um mar de fogo", que abrirá as portas ao público em abril.

No total, há 33 fotos do gueto neste filme encontrado em dezembro. Todas foram tiradas por Zbigniew Grzywaczewski, bombeiro polaco que era convocado a apagar os incêndios provocados pelos nazis após o levante do Gueto de Varsóvia, a 19 de abril de 1943.

Os alemães incendiavam sistematicamente os prédios do gueto para fazer sair os insurgentes escondidos.

O Gueto de Varsóvia foi criado pelos alemães um ano após a invasão da Polónia, em 1939. O objetivo era exterminar os habitantes pela fome e por doenças, ou deportá-los para o campo de extermínio de Treblinka, situado 80 km a leste de Varsóvia.

A 19 de abril de 1943, centenas de judeus atacaram os nazis, pois preferiam morrer com armas nas mãos a serem levados para as câmaras de gás.

Apenas 12 fotos deste filme eram conhecidas até agora como cópias feitas em papel de má qualidade, mal emolduradas, e o filme foi considerado por muito tempo desaparecido. As cópias foram entregues pelo autor a uma família judia que se escondia no seu apartamento durante a guerra e que emigrou em seguida para os Estados Unidos. Nos anos 1990, foram oferecidas por essa família ao Memorial do Holocausto, em Washington.

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