Centenas de trabalhadores do distrito vizinho de Quehue, em Cusco, substituíram a passarela e as cordas de fibra vegetal, deixando a ponte pronta para uso desde quarta-feira, depois de três meses fora de serviço.

"Graças ao trabalho desenvolvido pelos habitantes de Quehue, as gerações herdaram os conhecimentos e sabedoria ancestrais para conservarem a ponte Q’eswachaka, símbolo da extraordinária engenharia inca que surpreende o mundo", disse o governador de Cusco, Jean Paul Benavente, ao agradecer os moradores pelo seu trabalho.

A plataforma está localizada em Quehue, sobre o poderoso rio Apurímac, a 3.700 metros de altura.

A estrutura da ponte, com 28 metros de comprimento e pouco mais de um metro de largura, é construída por agricultores, que trabalham uma fibra vegetal chamada ichu e a trançam em cordas.

Peru restaura ponte suspensa inca que desabou devido à pandemia
Ponte Q'eswachaka a ser restaurada. créditos: AFP or licensors

O trabalho é comunitário e envolve homens e mulheres, que dividem as tarefas. Os homens encarregam-se de montar a estrutura, quase suspensos no ar, enquanto as mulheres tecem e entrelaçam as cordas em terra firme.

"Os nossos engenheiros andinos encarregam-se de montar a ponte; estão pendurados, não utilizam cinto de segurança. Toda a população tem muito respeito e admiração por eles", disse o governador de Quehue, Mario Tacuma, citado pelo jornal El Comercio.

A renovação da ponte ocorre anualmente, entre os meses de maio e junho, mas o confinamento obrigatório por causa da pandemia de coronavírus em março de 2020 impediu o trabalho nesse ano, o que provocou a deterioração e queda a 23 de março deste ano.

Cerca de 1.000 moradores das comunidades próximas à ponte realizam o trabalho que já dura três dias, até que as cordas deem forma à última ponte dos incas.

Em 2013, a UNESCO incluiu o ritual inca e as técnicas de conservação na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Q'eswachaka
Renovação da ponte Q'eswachaka créditos: AFP or licensors

A ponte Q'eswachaka "é um exemplo palpável da continuidade de uma tradição cultural que existe desde os tempos pré-hispânicos", segundo as autoridades peruanas.

“É um ícone histórico do antigo Peru e o reconhecimento pela UNESCO é uma homenagem às comunidades quíchuas originais que durante séculos a preservaram e a mantiveram em uso”, diz o antropólogo e ex-diretor do Instituto Nacional de Cultura Luis Guillermo Lumbreras.

A Q'eswachaca é a última ponte deste tipo ainda em conservação e que mantém o seu estado original, de geração em geração, há mais de cinco séculos.

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