O projeto é da União de Freguesias de Aveleda e Rio de Onor, Bragança, que desafiou as localidades espanholas vizinhas, Pedralba de la Praderia em Calabor, Santa Cruz de Abranes e Rihonor de Castilha, pertencentes ao Ayuntamiento de Puebla de Sanábria, Espanha.
Localidades com forte herança de práticas comunitárias, unidas pela riqueza da biodiversidade, pela autenticidade cultural e patrimonial dos povos dos dois lados da fronteira e pelas ancestrais relações de amizade.
A primeira fase do projeto, a criação de um percurso pedestre atualmente com a extensão de 47 quilómetros, já está concluída. A implementação ficou a cargo da empresa PORTUGALNTN, responsável também pela homologação do percurso e que conseguiu que, dos dois lados da fronteira, a Grande Rota fosse identificada com o mesmo número, GR 298.
O Trilho projetado, integrado em pleno Parque Natural de Montesinho, tem uma forte componente de valorização da biodiversidade e da paisagem locais, mas pretende, de igual forma valorizar as comunidades, privilegiando o contacto direto com a natureza, com o património vernacular da raia nordestina, em particular com os engenhos hidráulicos da região, e com as suas populações, contribuindo, assim, para a promoção dos principais valores culturais e ambientais associados ao itinerário, com vista à salvaguarda das tradições locais, enquanto elementos promotores do desenvolvimento turístico e económico endógeno da região.
A qualidade do projeto é assegurada pelo seu enquadramento numa área natural protegida, com um impacto que se prevê como positivo na sua valorização e salvaguarda, por não interferir com as suas componentes mais sensíveis.
A qualidade da intervenção é, também, assegurada pelo processo de homologação a que está sujeita, e que obriga ao cumprimento de um conjunto exigente de disposições que constam do Regulamento de Homologação de Percursos Pedestres da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal.
Esta Grande Rota pretende ainda se constituir como uma via privilegiada para o contacto com a população local e a conservação da natureza, sendo um produto a desenvolver em conjunto com os agentes locais de ambos os lados da fronteira entre Portugal e Espanha, privilegiando a passagem pelos centros dos aglomerados rurais, bem como o uso de caminhos públicos tradicionais e antigos que muitas vezes se encontram em estado de abandono e degradação por falta de uso.
A Grande Rota passo a passo
A Rota dos Moinhos e dos Lameiros inicia no coração do Parque Natural de Montesinho, junto da antiga Escola Primária de Aveleda. Seguindo o seu sentido recomendado, dirige-se para as aldeias de Varge e de Rio de Onor, onde existe a possibilidade de seguir por uma derivação e visitar a aldeia de Guadramil, onde se destaca o rústico edifício do seu lagar comunitário, um testemunho ancestral da partilha de bens e tarefas. Rio de Onor divide a fronteira com a sua homónima espanhola – Rihonor de Castilla – apenas à distância de uns passos e separada apenas pelo rio, facilmente transponível por uma esplêndida ponte medieval de múltiplos arcos, onde o percurso passa a efetuar-se em terras de Castela e Leão, percorrendo o município de Pedralba de la Pradería. Perto da povoação leonesa de Calabor, o percurso volta a entrar em território português, dirigindo-se para o seu ponto de partida em Aveleda. Antes da chegada a Aveleda, uma variante do percurso permite prosseguir por um caminho mais curto em direção a Varge. Para além dos moinhos que outrora moíam os grãos de cereais junto às margens da Ribeira de Baçal e do Rio de Onor - muitos dos quais se encontram em processo de musealização - e dos lameiros de montanha que pontuam a belíssima paisagem do Parque Natural de Montesinhos, na aldeia de Rio de Onor pode-se apreciar a arquitetura das suas casas típicas em aparelho de xisto miúdo que conferem à aldeia o seu caráter arcaico e rústico.
Equipamentos de apoio ao caminhante ainda em fase de projeto
A Grande Rota só vai ficar concluída após a implementação do Percurso Pedestre do lado espanhol. Entretanto, a União de Freguesias de Aveleda e Rio de Onor já tem bem claro como rentabilizar este primeiro investimento e já reuniu as parcerias e apoios necessários para poder avançar.
A ideia é aproveitar antigos imóveis, abandonados ou sem uso, para os transformar em equipamentos de apoio aos visitantes. Em fase de projeto já está a criação de um centro de apoio aos exploradores, que vai resultar da recuperação e adaptação da antiga escola primária de Aveleda; na velha e desativada escola de Rio de Onor, vai nascer um centro de interpretação da cultura e dos costumes; na casa antiga casa do médico em varge, perspetiva-se a criação de um centro etnográfico; haverá também um centro de divulgação dos dois dialetos da freguesia, o Rionorês e o Guadramilês, na casa do médico de Guadramil.
Para além disso, num acordo já estabelecido com o Instituto de Conservação das Florestas e Biodiversidade (ICNF), quatro velhas e abandonadas casas florestais vão ser recuperadas para criar áreas de descanso e apoio aos caminhantes, abrigos onde possam recuperar forças e até pernoitar.
Características
GR 298
Distância: 47,7 Km
Duração: 15h10
Grau de dificuldade: muito difícil
Etapa 1
Portelo - Aveleda
Distância: 10,8 Km
Duração: 3h20
Grau de dificuldade: algo difícil
Etapa 2
Aveleda - Rio de Onor
Distância: 19,9 Km
Duração: 6h20
Grau de dificuldade: difícil
Etapa 3
Rio de Onor – Guadramil – Rio de Onor
Distância: 17 Km
Duração: 7h20
Grau de dificuldade: difícil
Comentários