
A floração das cerejeiras, ou "sakura" em japonês, é muito aguardada tanto por japoneses como por turistas, contudo, está ameaçada pela idade avançada de muitas das árvores, que têm entre 70 e 80 anos.
Face ao risco de extinção e do aumento dos custos de manutenção, as autoridades locais estão a recorrer aos "médicos de árvores".
Para ajudar a recolher mais dados sobre as cerejeiras, a empresa japonesa de bebidas Kirin desenvolveu uma nova ferramenta chamada "Sakura AI Camera", que permite que os utilizadores avaliem a condição e a idade das cerejeiras através de fotos tiradas com os smartphones e com base numa escala de cinco níveis que vai de "muito saudável" a "preocupante".
A inteligência artificial, treinada em 5.000 imagens e auxiliada por estes "especialistas médicos", analisa as árvores para fazer a avaliação. Fotos das árvores, a condição e a localização são, então, compiladas no site da ferramenta.
Desde o lançamento no passado mês de março, cerca de 20.000 novas fotos foram registadas. Os dados estão disponíveis online gratuitamente para as autoridades locais.
"Ouvimos dizer que a preservação das cerejeiras exigia recursos humanos e financeiros e que era difícil recolher informações. Acho que podemos ajudar nisso", explica Risa Shioda, do departamento de marketing da Kirin.
Alterações climáticas
Segundo o distrito de Meguro, em Tóquio (sudoeste), famoso devido a um bairro decorado por cerejeiras, plantar uma nova árvore custa o equivalente a 6.210 euros.
Hiroyuki Wada, da associação dos "médicos de árvores", que ajudou a supervisionar o desenvolvimento da ferramenta, considera "maravilhoso poder identificar a localização e a condição das árvores".
Para Wada, o ideal seria que os especialistas utilizassem estes dados para analisar os motivos da fragilidade das cerejeiras.
Wada, que frequentemente inspeciona cerejeiras em Tóquio, notou recentemente um aumento no número de árvores que requerem cuidados especiais. "Estou muito preocupado. As mudanças ambientais geralmente são graduais, mas agora estão visíveis", indica.
"Tem o impacto do calor e, claro, a falta de chuvas, sem falar na idade das árvores, o que naturalmente torna a situação mais grave", destaca.
A Agência Meteorológica do Japão (JMA) informou em janeiro que 2024 foi o ano mais quente do arquipélago desde o início dos registos.
Desde o ano passado, a Kirin começou a doar parte dos seus lucros para a preservação das cerejeiras.
O álcool, especialmente a cerveja, é uma das bebidas favoritas durante o "hanami", festas e piqueniques que acontecem para contemplar a "sakura", explica Shioda.
As flores de cerejeira simbolizam a fragilidade da vida na cultura japonesa, pois em plena floração duram apenas cerca de uma semana antes das pétalas caírem.
Fique a saber mais sobre sakura aqui.
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