Os cerca de 18 terrenos/imóveis agora adquiridos, compreendendo uma área total de dois hectares, representam um enorme potencial de investigação e musealização.

As parcelas dividem-se por várias zonas próximas ou contíguas ao espaço do museu, incluindo a área onde se localiza aquele que é o anfiteatro romano com maior potencial patrimonial localizado em território português (apenas cinco destes edifícios de espetáculos estão identificados no território da Lusitânia romana).

Quase 100 anos depois da aquisição a privados dos primeiros terrenos que viriam integrar o Museu Monográfico de Conímbriga, inaugurado em 1962, a MMP cumpre uma ambição que teve como grande percursor o primeiro diretor do museu. Já em 1954, João Manuel Bairrão Oleiro escrevia que, pelo facto de a cidade antiga de Conímbriga ser maior do que inicialmente se pensava, a propriedade do Estado teria de crescer de forma a abarcar todos os seus vestígios.

Depois de várias tentativas realizadas ao longo das décadas para a ampliação deste importante património, será finalmente possível alargar o trabalho de escavação arqueológica a novas e promissoras áreas da cidade antiga, o que representa uma conquista estruturante para o museu e o sítio arqueológico, perspetivando a possibilidade de planear a investigação e musealização do Vale Norte e do Anfiteatro romano.

Como destaca o atual diretor do museu, Vítor Dias, “a aquisição destas parcelas é um enorme motivo de orgulho, que honra o legado das boas práticas patrimoniais exercitadas por diversas gerações e que urge continuar, sob pena de não salvaguardarmos em tempo útil património que não se regenera e que corre sérios riscos de não se preservar”.

Alexandre Nobre Pais, presidente da Museu e Monumentos de Portugal, destaca igualmente as potencialidades oferecidas pela ampliação da área de intervenção do Museu de Conímbriga, que permitirá “desenvolver a médio-longo prazo um núcleo museológico de grande singularidade e um produto patrimonial único no país, capaz de acrescentar um imensurável valor a toda a região”.

Conímbriga: aquisição de terrenos vai revelar novos segredos da Lusitânia romana
Conímbriga: aquisição de terrenos vai revelar novos segredos da Lusitânia romana Conímbriga créditos: Divulgação

A par do enorme potencial de transformação ao nível da investigação, nomeadamente o aprofundamento do entendimento do urbanismo da cidade antiga de Conímbriga, assim como a salvaguarda de um património em risco de desaparecimento, a ampliação da área de visitação vem acrescentar valor histórico, monumental e ambiental ao contexto patrimonial e turístico da região.

A possibilidade de ressurgimento de um edifício público fundado em meados do século I d.C. eleva o interesse e relevância internacional do sítio arqueológico de Conímbriga, reforçando o potencial de atração de visitantes e a consequente transformação de Condeixa-a-Velha.

As aquisições hoje formalizadas, no valor global de 230 mil euros, abrangem terrenos e imóveis que pertenciam a famílias originárias da zona, que desde a primeira hora demonstraram disponibilidade para a venda das suas propriedades tendo em conta o interesse cultural do projeto e a sua relevância para a região e para o país, sendo de destacar o papel fundamental desempenhado pelo anterior diretor do museu, José Ruivo, para o sucesso desta iniciativa.

Veja aqui o vídeo de apresentação sobre a aquisição de terrenos em Conímbriga.