“Ó Zé… Já viste o Algarvensis?” é a pergunta que vai dar corpo ao cortejo onde 14 carros alegóricos, 9 grupos de animação, 3 escolas de samba, gigantones e cabeçudos e mais de 600 animadores irão desfilar durante os três dias, das 15h00 às 17h30.
Será uma lagarta, uma osga, que bicho será este que vai andar à solta neste Carnaval? A resposta é simples: o rei deste corso é o Metoposaurus algarvensis, um anfíbio extinto semelhante a uma salamandra gigante que viveu há 227 milhões de anos e que serviu de base a esta candidatura a geoparque. O geossítio da Penina, de referência mundial, onde o achado paleontológico que inspirou este projeto intermunicipal que tem como um dos seus principais objetivos a dinamização deste território, com um património geológico de grande relevo para contrariar a desertificação do interior da região.
Mas nos três dias de entrudo a ideia é fazer deste assunto uma paródia e transportar para um evento fortemente enraizado na vida louletana, cartaz turístico de excelência, um projeto que marcará o futuro não só de Loulé, Silves e Albufeira, mas de toda a região e do próprio país.
Tal como nos anos anteriores, a sátira política, social ou desportiva volta a estar presente no desfile e os assuntos que têm sido notícias nos últimos meses e os seus protagonistas serão aqui retratados. A crise socioeconómica que está a afetar a vida do “Zé Povinho”, as mexidas no Ministério da Saúde com a saída de Marta Temido e entrada de Manuel Pizarro ou o empenho de Portugal na neutralidade carbónica, com o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa a surgir ao lado da ativista Greta Thunberg num pequeno barco a limpar a costa portuguesa, numa pescaria aos plásticos, são alguns dos episódios em destaque.
Mas não é só da atualidade portuguesa que se faz o Carnaval de Loulé, também os grandes temas do mundo marcam presença no “sambódromo louletano”. A guerra da Ucrânia, naturalmente, com Zelensky e Putin como tripulantes de um carro decorado com cereais, a disputa entre os “dinossauros” Lula e Bolsonaro, este último a ser pontapeado da cadeira do poder, ou os novos governantes britânicos, Charles III e Rishi Sunak, darão vida aos carros alegóricos, onde impera a qualidade artística na sua execução.
Destaque ainda para as 10 associações sociais, desportivas e recreativas do concelho que se juntam ao desfile, numa iniciativa de forte envolvimento da comunidade, mantendo vivo um evento que faz parte da própria essência de todos os louletanos. São elas a EXISTIR, JS Campinense, Algarve Gym, GD Barreiras Brancas, As Tradições de Loulé, Motoclube de Loulé, Associação Satori, TUALLE – Tuna Universitária Afonsina de Loulé, AGAL – Associação Grupo dos Amigos de Loulé e Associação Fénix.
Motivos não vão faltar para momentos de boa disposição e muitas risadas nesta folia que conta com 117 anos de existência.
As entradas têm um valor único de 2 euros. A componente de solidariedade volta a marcar esta edição e as receitas de bilheteira irão reverter a favor de uma causa social.
Para os responsáveis da Autarquia, o Carnaval de Loulé 2023 será mais uma oportunidade para divulgar e promover o aspirante Geoparque Algarvensis, envolvendo tanto a população como os visitantes neste desiderato. “Vamos brincar com um tema que para nós é muito sério, um dos principais projetos para o nosso futuro como comunidade e território, e acreditamos que o Carnaval poderá alavancar esta candidatura”, consideram.
De referir que no âmbito do programa do Carnaval de Loulé 2023 destaca-se ainda a realização do Carnaval Infantil, na manhã (10h00) da sexta-feira, 17 de fevereiro, na Avenida José da Costa Mealha, com a participação dos alunos das escolas do concelho que irão trazer uma versão “mini” do desfile, esperando-se milhares de pequenos foliões mascarados a rigor. E na noite de segunda-feira, dia 20, a partir das 22h00, no Salão de Festas de Loulé, o Baile de Gala do Carnaval apela à criatividade do público na escolha das suas máscaras com o tema “Há 227 milhões de anos…”.
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