Após uma grande exposição na capital espanhola chamada "Meninas Madrid Gallery", "As Meninas" (1656) chegam à Venezuela numa experiência renovada: "Meninas Caracas Gallery".
"Projeto uma escultura em branco com a silhueta de "As Meninas" para levá-las às ruas com uma narrativa diferente da que está no museu, para que as pessoas se conectem de maneira diferente com a arte e para gerar interesse nas pessoas que visitam os museus e saibam de onde vem essa obra", relatou Azzato à AFP.
São 19 meninas inspiradas na cultura venezuelana: uma representando o Salto Ángel, a cascata mais alta do mundo localizada no sul do país; outra vestida com uma torre de petróleo para representar a riqueza da nação; outra com um barril de rum... e todas estão nas ruas do município de Chacao, um setor de classe média alta da capital.
Do total, cinco foram arquitetadas por celebridades venezuelanas como o cantor de salsa Óscar de León, os jogadores de beisebol Gleyber Torres e Ronald Acuña, a jogadora de futebol Deyna Castellanos e o design de moda Ángel Sánchez.
Azzato encontrou inspiração após visitar o Museu do Prado: "estava no Museu do Prado a ver o quadro e havia uma pessoa sentada a chorar enquanto o observava ao meu lado, e eu disse: 'aqui está a acontecer algo e é necessário investigar'".
"E Velázquez foi um génio a pintar especialmente aquilo que não vemos, a alma e o ar, e assim, no ar, surgem novas incógnitas a serem decifradas. Ele pintava o que estava por trás daquele quadro, por isso cheguei à conclusão de que Velázquez precisa continuar a transmitir uma mensagem", continuou.
Arte para todos
Mais conhecido na Espanha do que na Venezuela, Azzato, "filho de imigrantes espanhóis e italianos", vê a jornada da obra como um símbolo.
"É como voltar às origens, para casa", explicou o artista, defendendo que a obra de Velázquez foi realizada "graças às riquezas americanas" porque foi pintada durante o fim do século de ouro na Espanha.
"É uma maneira de Velázquez agradecer a origem que tornou possível realizar sua obra", acrescentou.
As obras estarão expostas por dois meses, e cinco delas serão vendidas num leilão que beneficiará cinco ONGs do país, que enfrenta uma grave crise económica.
A exposição traz um ar diferente à cidade. Os transeuntes da estação de metro Chacaíto observam a escultura com curiosidade - uma menina vestida com as cores da bandeira venezuelana parece estar à espera na fila para entrar num autocarro.
A obra "traz para Caracas, para Venezuela, esta parte cultural que fazia muita falta, mostra a vivacidade e enche-nos de orgulho também", disse a gerente Maria Auxiliadora Valera, de 47 anos - é um "prazer".
A estudante Mireya Rojas, de 20 anos, por sua vez, sente admiração: "são todas lindas".
"Deveria haver mais cultura, principalmente coisas assim, que podem ser gratuitas. As pessoas deveriam poder admirar coisas tão bonitas como essas", acrescentou Rojas.
"A arte é para todos", concluiu Azzato.
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