Nesta quinta-feira, devido à chegada de uma massa de ar frio da Patagónia, Buenos Aires passou dos 38,1°C do domingo anterior para apenas 7,9°C, o que não acontecia desde 1951. O recorde absoluto foi registado em 1910, com 4,2 graus centígrados.
Há menos de uma semana, o país viu-se atingido pela oitava onda de calor do verão, sem precedentes em mais de seis décadas, que levou a temperaturas de quase 40 graus no centro e no norte do país.
Sierra de la Ventana, uma cadeia de montanhas baixas (250 metros de altitude), 560 quilómetros a oeste de Buenos Aires, amanheceu nesta sexta-feira (17) com os seus picos nevados pela primeira vez desde que existem registos e com uma temperatura de -4 °C na localidade de mesmo nome, segundo meios locais.
A atual massa de ar frio originou-se em latitudes polares, ascendeu pelo Pacífico, atravessou a Cordilheira dos Andes a partir do Chile e entrou com força e ventos no centro da Argentina, explicou o meteorologista Christian Garavaglia à AFP.
Em cinco dias, as ruas de Buenos Aires passaram do típico panorama de verão, com as pessoas sofrendo com o calor para um cinza outonal de casacos e guarda-chuvas para proteger de aguaceiros.
Também foram registadas temperaturas recordes desde 1961 para o mês de fevereiro em Maquinchao, Río Negro, no sul do país (-4,2°C); Malargüe, Mendoza, no oeste (-1,6°C); Venado Tuerto, Santa Fe (4°C), no centro; e Gualeguaychú, Entre Ríos (6°C), no leste.
"Mais que as mudanças climáticas, neste evento meteorológico fica evidente a influência do ciclo La Niña do Fenômeno El Niño (ENSO), que explica a variabilidade extrema do calor para o frio", disse Garavaglia.
Na América do Sul, o ciclo La Niña se relaciona diretamente com a seca do ar e do solo, "que torna as amplitudes térmicas mais extremas", ao contrário do El Niño, "quando a região fica mais húmida e estas amplitudes costumam ser mais moderadas", acrescentou o meteorologista.
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