Imprevisibilidade é, segundo disse à Lusa, o que está a caracterizar a campanha de 2022, marcada pelas consequências da seca que ainda não é possível quantificar, mas que poderão traduzir-se num montante superior aos “valores iniciais estimados de cerca de 25% a 30%” de quebra na produção.
“Seguramente que aquilo que vamos ter não vai atingir a produção do ano passado, iremos ficar aquém da produção do ano passado. Há uma limitação na produção que é proveniente da seca e a Região Demarcada do Douro vai sentir esse decréscimo ao nível da quantidade de quilogramas de uvas e de pipas de vinhos do Douro e do Porto que vão ser produzidas”, afirmou.
Já em termos de qualidade dos vinhos, o presidente do IVDP, garantiu que não há “qualquer informação de que possa ser prejudicada, bem antes pelo contrário”.
“Estamos convencidos de que, no caso do vinho do Porto, a qualidade será excecional, foi um ano agrícola ausente de doenças e isso de alguma forma vai valorizar seguramente o produto”, concretizou.
As vindimas arrancaram há cerca de uma semana na região demarcada e nesta altura encontram-se já a laborar diariamente “mais de 110 centros de vinificação” para onde há foram encaminhados 12 milhões de quilogramas de uvas colhidas, o equivalente a cerca de 17 mil pipas de vinho.
Na anterior campanha de 2021, o saldo final foi de 230 mil pipas, segundo o responsável.
“No final de mês de setembro e meados de outubro aí sim poderemos ter com realidade o valor correto da produção agrícola deste ano”, indicou.
Gilberto Igrejas destacou que também as expectativas nas vendas de “um cenário positivo na comercialização dos vinhos do Douro e do porto para o ano de 2022”, depois de no ano passado as exportações terem ficado “muito acima do que era expectável”.
A Região Demarcada do Douro é responsável por “70% das exportações de vinhos com Denominação de origem Protegida (DOP)” portugueses e a procura do mercado nacional permitiu ultrapassar este ano o abrandamento nas exportações motivado pela conjuntura internacional.”
“O abrandamento que nós tivemos nas exportações, fruto da invasão da Ucrânia pela Rússia, levou a que a parte do nacional conseguisse ter superado a parte do internacional do ano 2021 e, com isso, nós temos até um ligeiro acréscimo da comercialização dos vinhos do Douro e do Porto no seu total”, apontou.
Segundo explicou, o aumento da procura nacional “ainda não é tanto devido ao consumo por parte dos consumidores portugueses do vinho do Porto, mas é ainda uma boa quota de consumo pelos turistas”.
“Importa por isso continuarmos a desenvolver uma política de proximidade e de aproximação com o público mais jovem, por forma a que se sinta motivado a consumir de forma moderada e regrada os vinhos do Porto que desconhece e também continuar as nossas ações de educação do próprio público português no sentido do consumo do vinho do Porto que ainda é desconhecido ao nível da categorias, dos estilos que nós vamos tendo em termos de comercialização”, declarou.
Este é um dos propósitos das celebrações do Dia do Vinho do Porto, que arrancam no sábado e se prolongam até novembro para “mostrar a evidencia daquilo que é a primeira região regulamentada e delimitada do Douro”, criada a 10 de setembro de 1756.
Precisamente no sábado são entregues quatro distinções nas áreas da Enologia, Viticultura, Enoturismo e Revelação.
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