Apanha da azeitona na Quinta da Pacheca
Ao longo desta semana, a Quinta da Pacheca está a promover o Programa da Colheita da Azeitona, que nos dá a oportunidade de viver uma experiência diferente à volta do mundo da olivicultura.
Para esta atividade, o ideal é vestir roupa confortável, pois caminhamos pelas vinhas pintadas com as cores quentes de outono até chegarmos às oliveiras para participarmos na colheita. Bastam cinco minutos para percebemos de que se trata de um trabalho árduo, porém, necessário para nos chegar à mesa o produto que tanto serve de ingrediente como de tempero.
Depois de experimentarmos e ficarmos a conhecer melhor o processo de colheita, nada melhor do que nos sentarmos para comermos uma broa de milho e azeitonas curadas acompanhadas por um cálice de moscatel.
Apesar da Pacheca não ter lagares para extrair o azeite, é-nos explicado o processo assim como os critérios. Como tal, há que provar o produto final. Assim, seguimos para a prova das cinco referências de azeite que serve de aperitivo para um almoço tradicional de quatro momentos, onde somos convidados a apreciar os sabores dos diferentes pratos que vão do Bolo de polvo com molho verde e laranja, que resulta da fusão entre a cozinha galega e a de Trás-os-Montes, passando pelo Bacalhau cozinhado a baixas temperaturas com base em azeite e com pó de presunto até à deliciosa e tenra Bochecha de porco com migas, espargos e azeitona. Para limpar o paladar entre o prato de bacalhau e o de porco, é-nos servido um sorvete de limão com amêndoa laminada e regado com azeite verdeal. A sobremesa, Esfera de chocolate negro com azeitona preta envolvido por amêndoa e acompanhado por sorbet de frutos vermelhos, conquista o olhar ainda antes de provarmos.
O almoço é ainda acompanhado por dois vinhos DOC Douro da Quinta da Pacheca e um vinho do Porto. Durante a refeição, temos também a oportunidade de combinar os pratos com os azeites da prova o que nos ajuda a interiorizar melhor o que aprendemos e a começar uma nova relação com este líquido precioso.
A produção de azeite na Quinta da Pacheca
Foi há cerca de sete anos que a Quinta da Pacheca, um dos mais antigos e renomados produtores de vinho no Douro, decidiu dinamizar o sector da olivicultura. “Não vos vou dizer quantos hectares temos de olival, vou vos dizer quantas oliveiras temos.“, diz-nos Hugo Fonseca, responsável pela produção da Quinta, durante a apresentação do Programa da Colheita da Azeitona. “Temos à volta de 1800 oliveiras [inclui as propriedades de Vale de Abraão e Quinta do Barrilário]”, remata.
A razão pela qual Hugo fala em número de oliveiras e não em hectares, deve-se ao facto das oliveiras estarem espalhadas pela propriedade. Em de vez de concentrar árvores numa só área, a Quinta optou por plantar árvores nos “espaços mortos” e por recuperar aquelas que já existiam e que “eram utilizadas na bordadura”, “na demarcação da propriedade” e também para “limitar os mirones” do exterior.
“Tínhamos oliveiras com bom porte para produzirmos qualidade mas precisavam de ser reajustadas”, explica Fonseca. De 2014 a 2016, fizeram “podas severas” para as árvores voltarem a desenvolverem-se. Só depois é que partiram para a produção pois, para tal, é preciso “oliveiras bem arejadas” para evitar pragas, doenças, problemas na matéria-prima e facilitar a colheita.
“Não basta bater nas azeitonas para elas caírem”
Sobre o processo de colheita da azeitona, Hugo explica que é um trabalho “duro” mas que também tem uma parte que é sensível. “Não basta bater nas azeitonas para elas caírem”, comenta, explicando que se batermos nas azeitonas “vamos amassá-las e trazer oxidação”.
O responsável pela produção do vinho e do azeite da Pacheca explica que apesar do azeite estar completamente integrado na nossa gastronomia, Portugal ainda não produz muito bem o azeite - a nível geral - tal como acontecia com o vinho há duas décadas.
Hugo relaciona este facto com os hábitos dos portugueses. “Lembro-me de quando comecei a fazer as primeiras provas de azeite. Os azeites que escolhia eram sempre os que tinham defeito, porque eram aqueles que eu estava habituado a consumir em casa, que estavam oxidados ou que tinham ranço.”, partilha. “Está mal em termos de qualidade, mas os nossos hábitos são os nossos hábitos e então temos de aprender”, completa.
“Nós vamo-nos educando e esta [qualidade do azeite] é uma parte muito importante que nós devemos dar valor. Nós, em termos de região, de produção e o país em si. Neste momento somos autossuficientes na produção de azeite, que tem muito a ver com os investimentos feitos na produção do sul, nos olivais intensivos, mas não consumimos o melhor, porque há uma grande parte desses bons azeites que não ficam no país.”, prossegue, reforçando que o azeite é importante para todo a nação. “Nós somos um país de viticultura com a olivicultura ao lado”.
E se em relação à colheita, os custos “extremamente elevados” são a grande desvantagem, na hora da transformação o desafio é outro. “Nós temos as oliveiras, temos as azeitonas, mas não somos nós que transformamos.”, desabafa. “Se pretendemos começar hoje, tenho que ter a certeza que o lagar [escolhido] hoje está aberto. Muitas das vezes há vários percalços, não abre. Porquê? Porque nem todos os lagares de azeite trabalham da forma que nós gostaríamos que eles trabalhassem, que é respeitar a matéria-prima.”
O esforço e dedicação têm dado frutos e prova disso são as distinções e prémios conquistados em diversos certames do setor. O reconhecimento também encoraja os responsáveis da Pacheca a continuar a apostar e a diversificar a oferta.
Depois do Quinta da Pacheca – Azeite Premium Virgem Extra, com uma posição já cimentada no mercado, a Pacheca prepara-se para lançar mais três monovarietais e um biológico: Pacheca Azeite Virgem Extra 100% Cobrançosa; Pacheca Azeite Virgem Extra 100% Verdeal Pacheca Azeite Virgem Extra 100% Madural e o Pacheca Azeite Virgem Extra Biológico.
*O SAPO visitou a Quinta da Pacheca a convite da propriedade
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