Dia 1

Uma das primeiras certezas que iríamos ter sobre a Madeira é que não há certezas no que diz respeito ao tempo. Podemos passar das nuvens para o quente do sol, da chuva para o céu azul em poucos minutos, principalmente durante o inverno e a primavera, já que no verão os dias ensolarados são uma constante. A temperatura amena, mesmo nas estações mais frias, é também uma agradável característica da ilha.
Para descansar
  • Mercado dos Lavradores
    O Mercado dos Lavradores é uma ótima porta de entrada para começar a viagem pela Madeira. Aqui estão reunidos os principais sabores, cheiros e tradições da ilha. A exuberância das flores (proteas, estrelícias, antúrios, orquídeas) enche-nos a vista nas bancas da entrada principal, onde é possível observar painéis de azulejos produzidos na Fábrica de Loiça de Sacavém, que também decoram outros espaços do mercado.
  • Rua de Santa Maria
    Saímos do mercado e seguimos pela rua Santa Maria, uma das principais artérias da zona velha do Funchal e que ganhou uma nova vida com o projeto Arte de Portas Abertas. O movimento começou em 2010 e hoje várias portas de edifícios desta zona da cidade são obras de arte, feitas por artistas e artesãos.
  • Teleférico
    Entramos numa das cabines do Teleférico do Funchal e, durante 15 minutos, temos uma vista de 360 graus da cidade. Ao longo de um percurso de mais de 3 quilómetros, enquanto subimos 560 metros, é possível observar a mudança de cenário. A malha urbana dá lugar às casas construídas nas encostas, com jardins e terrenos cultivados. Até que chegamos à freguesia do Monte. O ar puro, o clima mais fresco e a envolvência verde fazem com que este local seja conhecido como a Sintra do Funchal.
  • Carro de cestos
    É uma tradição que remonta ao século XIX, quando os abastados, donos de quintas no Monte, desciam até ao centro nestes carros de cestos. Hoje, esta espécie de trenó feito em vime e madeira é uma atração que chama milhares de turistas, eleita pela CNN Travel como um dos sete meios de transporte mais “cool” (fixes) do mundo.
  • Observação de cetáceos
    Na Marina do Funchal, existem várias operadoras de passeios de barco que dão a conhecer a riqueza da vida marinha da ilha. Embarcámos no catamarã da VMT para uma viagem com cerca de três horas. A expectativa era avistar golfinhos, baleias e tartarugas, mas não é certo que se consigam observar todos os animais. Fomos brindados por momentos mágicos com golfinhos roazes e golfinhos comuns.
 

Dia 2

Neste segundo dia, seguimos em direção ao Parque Ecológico do Funchal, que ocupa uma área verde e montanhosa a norte da cidade, entre os 470 metros de altitude na ribeira Santa Luzia e os 1818 metros de altitude no pico do Areeiro.
Para descansar
  • Canyoning na ribeira das Cales
    O canyoning promete emoções fortes e uma imersão única na natureza. É uma modalidade desportiva que consiste em explorar um rio ou uma ribeira, ultrapassando obstáculos – quedas de água, rochas ou lagoas – através de diversas técnicas – rappel, saltos ou nado. E foi nesta aventura que embarcámos, com a ajuda preciosa dos guias da empresa Adventure Kingdom.
  • Floresta Laurissilva e levadas
    A beleza natural continua a surpreender no caminho em direção ao Norte da ilha, onde se encontra o verde vibrante da Floresta Laurissilva, considerada património natural da humanidade pela Unesco. O viveiro de trutas de Ribeiro Frio é ponto de paragem para quem segue por ali. Uma atração turística à face da estrada com piscinas naturais utilizadas na criação deste peixe de água doce. Também existem alguns trilhos assinalados para caminhadas junto às levadas, outro símbolo da ilha da Madeira.
  • Casinhas de Santana
    São um dos bilhetes postais da Madeira: as casas típicas de Santana. De forma triangular e telhado feito de colmo, estas construções foram, noutros tempos, muito populares na ilha. Hoje em dia, são em número reduzido. Mas no Núcleo de Casas Típicas de Santana, junto à Câmara Municipal, é possível encontrar exemplares bem conservados, integrados num jardim cheio de flores.
 

Dia 3

Para descansar
  • Fajã dos Padres

    A quinze minutos de carro do Funchal, a Fajã dos Padres é uma faixa de terra baixa e plana, resultado de uma derrocada – na Madeira esta característica geológica é chamada de fajã. Por ter pertencido aos Jesuítas durante mais de 150 anos, ficou conhecida como Fajã dos Padres. Espremida entre a encosta e o mar, a fajã encontra-se mais resguardada e apresenta um clima mais quente.

    Localizada no sopé de uma encosta de 280 metros, do lado direito do Cabo Girão, só é acessível através de uma descida vertiginosa de quatro minutos e 250 metros através do elevador da Quinta Grande ou de barco. Em breve, vai ser inaugurado um teleférico, que vai acabar por levar mais pessoas a este pequeno paraíso de solo fértil e mar azul que desenrola suavemente numa praia de calhaus rolados e areia preta.

    A fajã continua a ser um local pouco explorado pelos turistas que visitam a ilha. Mário Jardim Fernandes é o proprietário da quinta, comprada pelo avô da sua mulher em 1921. Desde então, a propriedade rural já passou por vários momentos, chegando mesmo a estar quase abandonada. Hoje em dia, é uma exploração agrícola biológica que tem de tudo um pouco: das couves às papaias, das alfaces às mangas.

    A herança mais preciosa deixada pelos Jesuítas foi a introdução da casta malvasia na fajã, que produziu um vinho cuja reputação ultrapassou as fronteiras de Portugal, e chegou até à Inglaterra, Estados Unidos e Rússia. Depois ter sido quase exterminada dali, Mário, um apaixonado pela terra, conseguiu reintroduzir a malvasia na fajã e convidou-nos a experimentar um vinho Madeira de 2001, conservado na adega da propriedade.

    As antigas casas da quinta foram recuperadas e funcionam como alojamento turístico. Na Fajã dos Padres existe ainda um restaurante que serve pratos da gastronomia tradicional madeirense, sempre acompanhados dos produtos produzidos na ilha. Depois de um almoço de peixe-espada com banana frita e de saborear a frescura da papaia, banana e pitanga, concluímos que a nossa despedida da Madeira não poderia ter sido feita de melhor forma. Foi, com certeza, um até breve e não um adeus.

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