A quinze minutos de carro do Funchal, a Fajã dos Padres é uma faixa de terra baixa e plana, resultado de uma derrocada – na Madeira esta característica geológica é chamada de fajã. Por ter pertencido aos Jesuítas durante mais de 150 anos, ficou conhecida como Fajã dos Padres. Espremida entre a encosta e o mar, a fajã encontra-se mais resguardada e apresenta um clima mais quente.
Localizada no sopé de uma encosta de 280 metros, do lado direito do Cabo Girão, só é acessível através de uma descida vertiginosa de quatro minutos e 250 metros através do elevador da Quinta Grande ou de barco. Em breve, vai ser inaugurado um teleférico, que vai acabar por levar mais pessoas a este pequeno paraíso de solo fértil e mar azul que desenrola suavemente numa praia de calhaus rolados e areia preta.
A fajã continua a ser um local pouco explorado pelos turistas que visitam a ilha. Mário Jardim Fernandes é o proprietário da quinta, comprada pelo avô da sua mulher em 1921. Desde então, a propriedade rural já passou por vários momentos, chegando mesmo a estar quase abandonada. Hoje em dia, é uma exploração agrícola biológica que tem de tudo um pouco: das couves às papaias, das alfaces às mangas.
A herança mais preciosa deixada pelos Jesuítas foi a introdução da casta malvasia na fajã, que produziu um vinho cuja reputação ultrapassou as fronteiras de Portugal, e chegou até à Inglaterra, Estados Unidos e Rússia. Depois ter sido quase exterminada dali, Mário, um apaixonado pela terra, conseguiu reintroduzir a malvasia na fajã e convidou-nos a experimentar um vinho Madeira de 2001, conservado na adega da propriedade.
As antigas casas da quinta foram recuperadas e funcionam como alojamento turístico. Na Fajã dos Padres existe ainda um restaurante que serve pratos da gastronomia tradicional madeirense, sempre acompanhados dos produtos produzidos na ilha. Depois de um almoço de peixe-espada com banana frita e de saborear a frescura da papaia, banana e pitanga, concluímos que a nossa despedida da Madeira não poderia ter sido feita de melhor forma. Foi, com certeza, um até breve e não um adeus.