Para os fãs do famoso feiticeiro, não há nenhuma dúvida. Foi lá que a escritora inglesa J. K. Rowling, que viveu nesta grande cidade do norte no início dos anos 90, encontrou parte da inspiração para criar a popular saga em sete volumes.
Entre delicadas decorações de madeira e vitrais azuis, vermelhos e amarelos, imensas estantes repletas de livros cobrem as paredes da livraria. "Oh! É incrível como se parece com o Harry Potter", diz maravilhada Inês Pinto, de 11 anos.
"Para mim, é a imagem viva da livraria Floreios e Borrões, onde os jovens feiticeiros compram os livros de magia", afirmou Nerea Moyeno, uma turista espanhola de 24 anos.
Moyeno espera impaciente para comprar brevemente "Harry Potter and The Cursed Child", o roteiro da peça de teatro que será lançado este sábado, dia 30 de julho, em Londres, no qual o aprendiz de feiticeiro torna-se pai.
"Se a versão espanhola demorar muito para sair, comprarei a inglesa", confessa.
Este fim de semana, a livraria organiza uma festa que deve contar com a presença de milhares de fãs, explica à AFP José Manuel Lello, de 59 anos, bisneto de um dos irmãos fundadores do espaço. Para a ocasião, encomendou 5.000 exemplares do roteiro.
"Harry Potter é um mito que é muito útil para nós", explica. As vendas dispararam mais de 300% e, além disso, há um ano os visitantes pagam três euros para entrar na livraria, deduzíveis na compra de um livro.
A intenção com esta taxa é "regular o fluxo de turistas", mais de 3.000 por dia, e "transformá-los em leitores", explica.
Escada mágica
Todos estes lucros também permitiram que a livraria, inaugurada em 1906, passasse por reformas extensas a tempo do evento de sábado.
"Podemos redescobrir a atmosfera de há 110 anos", afirmou Lello, ao recriar as cores da época.
A famosa escada de madeira com os degraus vermelhos volta a ser o centro das atenções, depois de permanecer escondida atrás dos andaimes desde abril.
Na altura que Joanne Kathleen Rowling dava aulas de inglês no Porto, entre 1991 e 1993, era cliente assídua da livraria Lello e do famoso Café Majestic.
Nessa época, Rowling era uma desconhecida. Só a partir de 1997, após os livros de Harry Potter terem sucesso, é que os comerciantes da Lello e os empregados de mesa do Café Majestic começaram a associar a escritora a estes dois locais.
"Os turistas sugeriram-nos que instalássemos uma placa para apontar a passagem da autora, mas ainda não sabemos onde colocá-la", afirma Fernando Barrias, filho do proprietário do famoso café.
"Sim, costumávamos vir ao Café Majestic", confirmou à AFP o ex-marido de J. K. Rowling, o jornalista português Jorge Arantes, que continua a viver na casa para onde o casal mudou-se em 1992.
Muito discreto, Arantes foge das entrevistas. No final de 1993, o casal separou-se e Joanne, que tinha 28 anos na altura, mudou-se definitivamente de Portugal com o filho de quatro meses.
Mais de 20 anos depois, o guia Bruno Correia, de 33 anos, faz os turistas descobrirem os locais do Porto que podem ter inspirado a autora.
O percurso passa pelos jardins do Palácio de Cristal, que lembram a Floresta Proibida, e pela universidade, onde perambulam os estudantes vestidos com capas pretas.
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