"A minha família dizia que eu era louco por ir ao Irão, mas as pessoas são muito acolhedoras e simpáticas", contou Yannik Lequelenec, um francês que todos os anos faz uma viagem "excepcional". Assim como ele, a cada dia mais turistas aventuram-se a descobrir um país cuja reputação nebulosa no ocidente começou a melhorar desde que Teerão assinou um acordo com as grandes potências, em julho de 2015.

O levantamento das sanções internacionais em janeiro voltou a abrir as portas de um país com uma história milenar e uma população de cerca de 80 milhões. "Vivemos em Xangai e para as férias do Ano Novo Chinês viemos passar uma semana no Irão", explicou Richelle Punter, uma professora britânica de 41 anos, hospedada num hotel de Teerão. Punter viaja com dez pessoas do Reino Unido, Alemanha, França, Estados Unidos, China e Roménia, todas a viver na China.

"A primeira coisa que vamos fazer é esquiar em Tochal", uma pequena estação ao norte de Teerão. Depois o grupo viajará até Isfahan, Shiraz e Yazd, as três imponentes cidades históricas que constituem uma visita obrigatória.

Turismo religioso

Para o governo, a indústria turística é essencial para compensar a queda dos preços do petróleo e limitar no futuro a dependência deste produto. O objetivo é receber 20 milhões de turistas por ano em 2025 e multiplicar por cinco as receitas anuais de divisas para chegar a um nível de 30 mil milhões de dólares. A tendência é animadora, já que o Irão recebeu 4,16 milhões de visitantes nos nove primeiros meses do seu calendário lunar, cujo ano começou em março, um aumento interanual de 5%, segundo os dados da organização nacional de turismo.

Mas entre 70% e 80% dos turistas vêm de países vizinhos: Iraque, Azerbaijão, Arménia ou Paquistão e Afeganistão. Uma grande parte são peregrinos que viajam às cidades santas de tradição xiita de Machhad, no nordeste, e de Qom, no norte.

As visitas de turistas ocidentais, que desde a imposição das sanções ficaram escassas, continuam a ser pouco significativas e representam apenas 5% do total. "Há uma forte procura de operadores de turismo de países europeus, mas também do Japão e Austrália", celebrou Ebrahim Purfaraj, dono da agência Pasargad Tour e presidente da Associação de empresários do setor. "Para os turistas, o sentimento de segurança e de tranquilidade é muito importante. O acordo nuclear e a visita do presidente Hassan Rohani a Itália e a França reforçaram este fenómeno", explicou.

A dona da agência 2001TravelAgency em Teerão, Azam Ayubiam, afirma que há "tantos turistas ocidentais que já não conseguem dar resposta à procura. Em relação aos dados do ano passado, é possível falar tranquilamente de um aumento para duas ou três vezes mais".

A empresária explica que todos os guias que falam francês e inglês já estão ocupados até ao fim de 2017 e que as reservas para todos os hotéis de quatro e cinco estrelas nas cidades de Isfaham, Shiraz e Yazd estão esgotadas para vários meses. "Os turistas não religiosos que vêm ao Irão costumam ter mais de 50 anos e são mais exigentes que os jovens", explicou Purfaraj. Já Ayubian descreve-os como pessoas que viajaram muito pelo mundo e querem férias de qualidade. "Para eles ainda falta colocar o Irão no seu álbum de viagens, mas não podemos levá-los a qualquer hotel", declarou.

O Irão, que já facilitou o processo de entrada com um visto de turismo para a maioria dos países, deve adaptar-se a esta nova clientela. No país, dos 1.100 hotéis registrados, apenas 130 pertencem à categoria de quatro ou cinco estrelas. Para acolher os 20 milhões de turistas que o país deseja receber são necessários mais 400 estabelecimentos em até dez anos. "Se as infraestruturas já existissem, poderíamos ter respondido a 30% mais de pedidos dos turistas não religiosos", disse Purfaraj.

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