Kátia Carvalho reconhece que foi "uma aposta ambiciosa" assumir a responsabilidade de organizar em apenas três meses a sexta etapa desta prova para catamarãs hydrofoil da classe CG32, mas defende que o investimento de 260.000 euros aplicado para o efeito já demonstrou ter sido "bem pensado e devidamente acautelado" em termos de sustentabilidade.
"O investimento que fizemos para poder acolher a prova teve um valor especial [cerca de 50% abaixo do habitual] devido às condições excecionais que levaram ao cancelamento da etapa que estava prevista para Istambul e foi reencaminhada para a Madeira", começou por explicar essa responsável à Lusa.
"Não temos ainda noção concreta do retorno obtido com estes quatro dias de evento, mas sabemos que, só em alojamento e restauração, a prova já deixou esses 260.000 euros na ilha e, mais importante do que isso, está a gerar um retorno sem paralelo em promoção internacional ao arquipélago", remata.
Cobertura jornalística na imprensa internacional, difusão em redes sociais, comunicação através dos canais próprios da Extreme Sailing Series e divulgação entre a comunidade especializada são alguns dos domínios em que Kátia Carvalho diz já ter notado os efeitos dessa aposta.
"Tínhamos aqui a oportunidade de acolher um megaevento com uma projeção mundial enorme e teria sido um absurdo não a aproveitar", defende, considerando que, a partir daqui, “será muito mais fácil afirmar a Madeira como o excelente destino internacional de vela".
Para Sérgio Jesus, presidente da Associação Regional de Vela da Madeira, são várias as características que justificam o mérito náutico da ilha: "Para começar, temos um dos melhores campos de regata do mundo, entre o Caniçal, a Ponta da Oliveira e as Ilhas Desertas; depois, temos condições fabulosas para a prática desportiva ou de recreio, com vento constante de nordeste e temperaturas fantásticas praticamente todo o ano, tanto na água como na atmosfera".
Quanto a infraestruturas, as da ilha também são privilegiadas, tanto para regatas próximas da costa como para circuitos ‘off-shore’. "Em termos técnicos, estamos a falar de uma localização que, num raio de 500 metros, reúne o estaleiro dos barcos, a área em que as embarcações realizam a prova e a ‘village’ que acolhe organizadores, convidados e público - o que em Hamburgo, por exemplo, é impossível, porque há cinco quilómetros de distância entre uns espaços e outros", explica Sérgio Jesus.
Andy Tourell, diretor da Extreme Sailing Series, apreciou todo esse potencial logo após a sua primeira visita à Madeira, para avaliar se o local se adequava ao circuito. "As condições a que temos acesso aqui no Funchal permitem-nos um trabalho fácil e livre de stress. Isso significa que todas as equipas se podem concentrar apenas nos seus objetivos, disputando a prova numa frente de mar em que a corrida decorre a poucos metros de terra e proporciona ao público uma grande festa familiar gratuita", garante.
A sexta etapa da 10.ª edição da Extreme Sailing Series teve início esta quarta-feira na marina nova do Funchal, decorre até domingo e, sempre que as condições meteorológicas e técnicas o permitam, deverá contar com seis regatas por dia, no período da tarde.
Em prova estão sete equipas de diferentes países, cabendo a participação nacional à Sail Portugal - Visit Madeira, que nesta etapa do circuito faz a sua estreia enquanto coletivo integralmente constituído por atletas lusos.
Depois das etapas de Muscat (Omã), Quingdao (China), Cardiff (Reino Unido), Hamburgo (Alemanha), S. Petersburgo (Rússia) e Madeira, a competição prosseguirá em Lisboa, de 6 a 9 de outubro, e termina depois em Sydney (Austrália), de 8 a 11 de dezembro.
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