Empoleirada no topo do Corcovado, 709 metros acima do nível do mar, o Cristo Redentor não é apenas o marco mais reconhecível do Rio de Janeiro, ele é também um ícone cultural do Brasil e um símbolo do cristianismo no mundo.
A incrível estátua pesa mais de 1.000 toneladas, tem 30 metros de altura e todos os anos atrai milhões de crentes e não crentes à Cidade Maravilhosa.
O ideia da sua construção surgiu pela primeira vez em meados de 1850, quando um padre teve a ideia de colocar um monumento cristão no topo do Monte Corcovado. Foi pedido então à Princesa Isabel, filha do imperador D. Pedro II e Princesa regente do Brasil na época, para financiar a construção, já que a obra seria feita em sua homenagem, mas a aprovação foi-se arrastando por anos e anos e no fim ficou tudo sem efeito com a Proclamação da República em 1889 e a consequente separação da igreja e do estado.
Apenas depois da Primeira Guerra Mundial, em 1920, a ideia renasceu, desta vez das mãos da arquidiocese do Rio de Janeiro e de um grupo de moradores, preocupados com a falta de fé na comunidade brasileira. Acreditavam eles que colocar uma enorme estátua de Jesus no topo de uma montanha ajudaria a restaurar a confiança e a fé dos cariocas e restantes brasileiros, na Igreja Católica.
Recolhidos os fundos para a construção, levou algum tempo a ser escolhido o design da estátua. Inicialmente, o engenheiro Heitor da Silva Costa desenhou um Jesus em estilo clássico, virado para o sol nascente, no topo do Corcovado, segurando uma cruz e um globo nas mãos, mas acabou por mudar de ideias e optou antes por mandar erigir uma estátua em Art Deco — um estilo muito popular no inicio do século passado — com a figura de Jesus Cristo de braços abertos a abraçar o Rio de Janeiro.
O rosto foi projetado pelo escultor romeno Gheorghe Leonida, mas o corpo é trabalho de Paul Landowski, um escultor francês que passou vários anos a criar a estátua na França e depois a enviou para o Brasil, dividida em várias partes.
Devido ao seu tamanho extraordinário, a estátua foi montada no topo do Corcovado com a supervisão de Heitor da Silva Costa e Albert Caquot. Todo o material necessário, assim como os trabalhadores, foram transportados para cima do monte num pequeno comboio que até lá só era usado para levar os turistas a ver as vistas.
A construção, concluída em 1931, não terá sido nada fácil. Uma série de contratempos e dificuldades marcaram a operação: problemas logísticos provocados pela reduzida área de obras – apenas 15 metros de diâmetro obrigavam os homens a trabalhar empoleirados em longos postes de madeira; e pelas intempéries – temperaturas muito altas no verão e descargas elétricas durante as tempestades (ainda hoje, devido à posição da estátua, ela é propensa a raios e é atingida cerca de três a seis vezes por ano). Contudo, nenhuma morte ou acidente grave foi registado durante a sua construção. Para a posteridade ficou uma obra única e fascinante.
Eu visitei-a num dia quente de verão, o termómetro marcava 39ºC e o céu estava praticamente limpo. As poucas nuvens que passavam não chegavam para tapar o Corcovado.
Enquanto esperava na estação do Cosme Velho para entrar no funicular, conhecido como o Trem do Corcovado, que atravessa a densa mata atlântica do Parque Nacional da Tijuca e sobe até ao topo, senti o meu coração a bater mais forte.
Depois de passar anos a ver em filmes, novelas e fotos o icónico Cristo Redentor brasileiro, finalmente ia ter a oportunidade de o ver de perto. A meio do caminho, uma boa surpresa: um grupo de pagode entrou no funicular e, com os seus pandeiros e vozes afinadas, animou ainda mais a experiência.
No topo, lá estava ele, em toda a sua glória, aguardando a multidão de turistas, sereno e imponente — o extraordinário Cristo Redentor!
Na sua base existe uma pequena capela, onde em determinados horários, são rezadas missas e onde também podem ser realizados batizados e casamentos. Estava um a acontecer precisamente na hora em que por lá passei e calhou ouvir um convidado comentar: “escolheram casar perto do céu, no lugar mais bonito do Rio”. Eu sorri. Só podia concordar com a afirmação.
Independentemente da fé que conduz muitas pessoas a este lugar, aquilo que realmente o torna inesquecível e especial são as extraordinárias vistas sobre a cidade. O Pão de Açúcar, a Baía de Guanabara, a Enseada de Botafogo, a Lagoa Rodrigo de Freitas... A paisagem é de cortar a respiração!
De longe, o Rio de Janeiro parece perfeito. Quase esquecemos todos os (enormes) problemas que assolam a região quando olhamos para toda aquela beleza. Ali, no topo do Corcovado, abraçado pelo Redentor, o Rio volta a ser simplesmente a “cidade maravilhosa, cheia de encantos mil”, aquela que para sempre quero guardar no meu coração...
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