Passar o Natal em Belém, em terra palestina? É uma opção que recomendo muitíssimo, não pelo sentido religioso. Mas, pela viagem em si, pela forma como os seus amigos e a sua família poderão ali encontrar as duas melhores prendas: uma gruta secreta e factual e a tolerância. Não passei lá o Natal, mas não há muito tempo preferi passar os muros de Israel logo no início do ano. De repente parece que estou a escrever um dos argumentos do Código Da Vinci, pois aqui vão ler algo sobre grutas guardadas sob um altar silencioso e dourado, em Belém. Belém, na Palestina, onde vive a comunidade cristã mais antiga do Mundo. Terra considerada como a que acolheu o nascimento do Jesus Cristo. Ali começaram os seus primeiros ‘passos’. Lá vai encontrar a Basílica da Natividade e quando me lembro das imagens e da minha viagem até lá, percorrendo corredores, altares e a gruta… penso que é um dos espaços no Mundo onde o Natal fará mais sentido. Onde mais? Debaixo de uma árvore de Natal, não tanto. Mas, à parte a questão religiosa, porque não ir com a família e conhecer a origem do NATAL no lugar onde tudo começou?

Belém, Palestina
Belém, Palestina créditos: Unsplash@Ami Tesler

Mais, na perspetiva de cristão e de outros grupos religiosos que também ali residem (aliás ir à Palestina é difícil descrever pois coexistem tantas energias e crenças e é bonito observar isso num outro ‘telescópio’ de vontade humana). Vão ver muros que dividem ou aprisionam a Palestina, seja como entenderem, sim vão ver, mas estão em plena segurança quando os ultrapassarem. Estejam sempre com passaporte, caso vão de táxi ou de autocarro. Eu preferi fazer todas as minhas reservas no Viator.com e optei pelo autocarro. De Jerusalém até Belém é um instante! Recomendo vivamente as tours da Viator.

Quanto ao lugar do nascimento de Cristo, ora siga comigo nesta rota misteriosa: primeiro vai ficar estagnado a olhar para a Basílica da Natividade e para a imagem da mãe de Cristo segurando a criança, mesmo por cima do grande portão da Basílica. Depois, entrando vai aperceber-se que, entre grupos de turismo e de nativos, estão consigo várias crenças do Mundo. Éramos cristãos, muçulmanos, hindus, tantos… e isto é o mais bonito: acreditar ou não na natividade, contudo estávamos, naquele lugar, todos juntos a procurar a gruta e a respeitar.  E várias famílias iam explicando, com a ajuda do guia, às crianças que Jesus tinha ali nascido. Que Jesus também tinha sido uma criança e que o Natal nasceu assim. Fui ouvindo e passando adiante. Eu parecia uma das crianças, só queria entrar na vida da história.

Ah e é bom ter guias imparciais, adorei todos os da VIATOR e a forma como contam as histórias reais dos lugares, sobretudo porque estamos em Israel. Não há preconceitos ou ‘conceitos’: só a viagem pura através dos acontecimentos históricos e factuais.

Trespassei a entrada da Basílica e fiquei, de novo estática, a mirar o altar. Às vezes arredava-me do grupo e ia sentindo mais de perto o cheiro das colunas, das cadeiras… do altar. E, respeitosamente, esperei que descêssemos. Como durante a viagem de autocarro,  desde Jerusalém (as tours de autocarro em Israel começam cerca das 5h da manhã, no mínimo, e não são económicas mas valem cada moeda!), nos fora dito (briefing) o que iríamos visitar, apontei tudo, mas só fixei: a gruta do nascimento. E era isso que eu queria ver, onde está, onde está?

Lugar onde nasceu Jesus Cristo
Criança a ser fotografada perto da estrela de prata de 14 pontas na Gruta, que se acredita ser o local exato onde Jesus Cristo nasceu. créditos: AFP or licensors

Descemos, seguindo o guia, e exatamente debaixo do altar, ali estava a gruta e uma energia que cada um descreve como quiser. Senti luz, apesar de ser uma gruta escura. O grupo estava silencioso tal como o local e revivi na minha memória tudo o que me contaram sobre a perseguição até a família de Cristo ali conseguir chegar e poder ter um momento: o Natal. A gruta conserva com segurança (com cordas) a zona do nascimento, mas vai conseguir ver tudinho e fazer todas as suas perguntas. Aqui não há lugar para dúvidas. Quando estiver na sua ceia, neste ano controverso, pense nesta gruta enquanto olha para o presépio.