Os países presentes na reunião são membros da Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCRVMA), entre os quais se encontram os Estados Unidos, Rússia, China, Índia, Japão, Chile, Argentina, Brasil, Uruguai e a União Europeia.

 O que é a CCRVMA?

Esta comissão foi estabelecida em 1982 para conservar a flora e a fauna do pólo sul, em resposta à crescente exploração de krill - um pequeno crustáceo que é base da cadeia alimentar antártica - e dos recursos no oceano Antártico.

A comissão faz parte do Sistema do Tratado Antártico e tem a  sua secretaria sediada em Hobart (Austrália), onde realiza as suas reuniões. As decisões são tomadas por consenso, ou seja, com acordo de todas as partes.

Qual é a importância do oceano Antártico e do krill?

Se a Amazónia é considerada o pulmão do planeta, a Antártida, com os seus 14.107.637 km² de superfície e mais de 17.000 km de litoral, é o coração. A influência sobre o resto da Terra acontece por causa do seu oceano que bombeia correntes marítimas para o planeta.

Enquanto o krill é um elemento fundamental na cadeia alimentar do ecossistema antártico.

"Uma das maiores ameaças à região é a mudança climática, que leva a uma grande diminuição do gelo marinho, e a presença do gelo marinho é fundamental para o ciclo da vida do krill antártico", explicou Rodolfo Werner, assessor científico e político da Coalizão Antártida e do Oceano Austral (ASOC).

"A criação das áreas marinhas protegidas é muito importante, porque, primeiramente, protege em termos gerais a biodiversidade de um lugar (...).  Ao retirar estas regiões do efeito de stresse que a pesca produz, permite ao ecossistema, pela sua resiliência natural, enfrentar o impacto da mudança climática", acrescentou.

O que se negocia em Santiago?

Na capital chilena, é realizada a terceira reunião especial da CCRVMA. Os outros dois encontros foram na Austrália, em 1986, e na Alemanha, em 2013.

Espera-se, no Chile, avanços num plano de ação para o estabelecimento de três novas áreas marinhas protegidas (AMP) em grande escala na Antártida: na Antártida Oriental, no mar de Weddell e na Península Antártida. Esta última é uma proposta conjunta da Argentina e do Chile.

"Espero que, ao final desta semana, saiamos com um plano de ação para avançar e aprovar as propostas para áreas marinhas protegidas", assegurou Stephanie Langerock, comissária belga para a CCRVMA, antes da reunião em Santiago.

"O mínimo a que aspiro é que tenhamos um cronograma com datas, com definições claras, com resoluções, com mandatos", disse o senador chileno Ricardo Lagos Weber.

A 42ª reunião da comissão deve ocorrer em Hobart no próximo mês de outubro.

Quais são áreas de proteção marinha que já existem na Antártida?

Até hoje, existem duas áreas de proteção marinha no chamado continente branco. Em 2009, a CCRVMA concordou em estabelecer uma rede de áreas de proteção e criou a AMP das Órcadeas do Sul, que compreende uma área de 94.000 km².

Em 2016, foi criada uma AMP no mar de Ross, de 2,06 milhões de km².

Quais países são os mais relutantes à criação destas AMP?

Rússia e China promovem, em Santiago, um enfoque não tão centrado na conservação, mas sim no uso e pesca nesses mares.

"Dentro da comissão, temos que encontrar um equilíbrio entre estes dois objetivos", sustentou Langerock.

No passado, já se chegou a acordos em cenários geopolíticos semelhantes ou mais difíceis, acrescentou, como ocorreu com o Tratado Antártico, alcançado em 1959, em plena Guerra Fria e que determinou o marco regulatório para o uso, reclamações territoriais e proteção do continente branco.