Entramos no espaço museológico das Caves de Santa Marta de Penaguião e somos brindados com momento musical proporcionado pelo Grupo Regional “Terras de Penaguião” e com uma degustação de vinho do Porto, que, pelo seu aroma, já nos deixa perceber o sabor doce e frutado.
No armazém, a luz fraca quebra um pouco a penumbra em que repousam enormes balseiros e algumas pipas, que guardam o vinho do Porto. As teias de aranha acumulam-se nas paredes e nas pipas e denotam que há anos que os recipientes de madeira velha estão ali fechados.
Teias que são aqui aliados da adega, as pipas vedam-se por si, mas não sem antes perderem alguma baba de melaço do vinho. Não fossem as teias de aranha o lugar estaria repleto de mosquitos e outros insetos, mas não se percebe a sua presença por ali.
De um lado vemos cerca de uma dezena de balseiros, cada um com 60 mil litros de vinho, do outro pipas mais pequenas alinhadas, identificadas com o ano de produção. E o produto que sai deste ambiente fosco e quase assustador, é brilhante e magnífico, Porto branco, tinto ou rosé, de cor resplandecente, forte aroma e melhor sabor.
Esta foi uma das experiências do primeiro dia do Festival de Percursos Pedestres “Trilhar Santa Marta de Penaguião”, complementada, no segundo dia, com uma caminhada, de cerca de sete quilómetros, pelas vinhas que as mulheres e homens do Douro sabiamente trabalham, e que são o elemento principal da Paisagem Viva e Evolutiva que valeu ao território o reconhecimento da UNESCO, como Património Mundial da Humanidade.
Passo a passo, rasgando a paisagem, a linha do horizonte mantém-se fixa, de um lado passando a linha do Douro, do outro, esbarrando na muralha que representa a Serra do Marão. Mistura-se na caminhada a cultura, a história e até a religião, com visita à capela da Padroeira da Região Demarcada do Douro, Santa Marta.
Workshop Equipamentos e Segurança em Pedestrianismo
Caminhar parece uma atividade simples, mas a verdade é que há mais “acidentes” no pedestrianismo do que em algumas atividades mais radicais, como, por exemplo, a “escalada”. Quem o diz é Domingos Pires, da empresa PORTUGALNTN, parceira do município na organização do “Trilhar Santa Marta de Penaguião”, que abriu o evento com um Workshop sobre “Equipamentos e Segurança em Pedestrianismo”.
O calçado, a roupa, o conhecimento do percurso, o cálculo do tempo estimado para fazer o percurso, as horas em que se põe o sol, as condições climatéricas, são imensos os fatores que é necessário ter em conta antes de partir para uma caminhada, sobretudo, de montanha. O técnico começou por explicar aos presentes a importância de ter o calçado adequado, bem adaptado ao pé, para evitar, por exemplo, “que os dedos fiquem negros depois de uma caminhada de alguns quilómetros”, o que por norma acontece quando o calçado é apertado ou inadequado. A roupa em camadas, especialmente no inverno, a impermeabilização, a gestão de alimentos e de água, forma outro dos ensinamentos.
Domingos Pires levou para este workshop a mochila que sempre carrega quando desenvolve atividades de caminhadas com grupos, grandes ou pequenos, na qualidade de guia de natureza. A mochila, com um peso aproximado de 8 quilos, tem tudo o que necessita para fazer face aos mais improváveis imprevistos, garantindo assim a segurança e o auxílio capaz, em qualquer ocasião.
O Festival arrancou no último fim de semana e segue, por mais cinco momentos, o próximo é já nos dias 27 e 28 de abril, para “Trilhar o Marão”.
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