O plano urbanístico para a nova estação de Coimbra-B, apresentado ontem, antevê o desenvolvimento de um “bairro” à volta daquela infraestrutura, que será um edifício ponte onde irão confluir os vários modos de transporte.
Perante um Salão Nobre da Câmara de Coimbra completamente cheio, o arquiteto catalão Joan Busquets apresentou a sua visão, não apenas para a estação intermodal de Coimbra (defende que o “B” deve sair), mas para toda a zona circundante, num projeto que é uma revisitação e adaptação de um outro que desenhou há mais de dez anos, aquando de um projeto de alta velocidade que acabou por nunca avançar.
O estudo, que servirá de base para um plano de pormenor desenvolvido pela Câmara de Coimbra e que ainda será concluído este ano, propõe uma estação num edifício em ponte, espaço para uma nova gare rodoviária (a atual está na avenida Fernão de Magalhães) e um repensar da ligação de toda a zona poente de Coimbra à zona central da cidade, nomeadamente à Baixa.
Joan Busquets propõe três edifícios (inicialmente eram dois), com alguma dimensão vertical e interessantes do ponto de vista arquitetónico, que sirvam como pontos de referência e de diálogo com o resto da cidade, sendo visíveis a partir da Fernão de Magalhães ou da Alta de Coimbra.
Esses edifícios, salientou, tanto poderão ser um hotel, como espaço de escritórios ou habitações.
O plano prevê uma ligação entre pequenos pontos de zonas verdes com a Mata Nacional do Choupal e um corredor verde por baixo do viaduto do IC2, na zona da Casa do Sal, tornando mais fácil a ligação pedonal ou de bicicleta à futura estação, que tanto poderá ser feita por essa zona como a partir do passeio ribeirinho, junto ao Mondego e que passa depois perto do Choupal, onde se prevê um outro aproveitamento do espaço público.
O plano aponta também para um desvio do IC2 no futuro, para aliviar a zona da Casa do Sal, considerando que a intervenção agora proposta de um corredor verde entre aquele ponto e a Baixa, passando pela avenida Fernão de Magalhães, não precisaria de alterações caso a mudança do IC2 se concretizasse.
Esta intervenção naquela zona central, onde o carro está no topo da hierarquia, permitiria alterar aquela que é a distância física efetiva entre Coimbra-B e o centro da cidade e a distância percecionada pelas pessoas, promovendo a mobilidade suave, sustentou.
Para além disso, fica também reservado espaço para se desenvolver um “bairro” em torno da estação, constatou, sublinhando que esse desenvolvimento urbano onde a alta velocidade passa é algo que tem acontecido em várias cidades da Europa.
Joan Busquets imagina uma área urbana a crescer naquela zona, em torno de uma estação “de conexão fácil, confortável e com uma ligação contínua com a cidade”.
“Esta estação deverá permitir desenvolver outro tipo de atividade económica”, concluiu.
Também a vereadora com o pelouro do urbanismo da Câmara de Coimbra, Ana Bastos, realçou que o plano de pormenor prevê diferentes usos para aquela zona, como “habitação, serviços, comércio, ‘startups’” ou turismo, ambiente e cultura.
Para além da estação ferroviária, haverá ligação com o futuro Sistema de Mobilidade do Mondego, a rede de transportes públicos urbanos, táxis, modos de mobilidade suave, assim como estacionamento de ‘park and ride’.
Segundo Ana Bastos, haverá “múltiplos momentos de apresentação pública”, com possibilidade de discussão do projeto, algo que não aconteceu na sessão de ontem.
Os processos do concurso de concessão do troço entre Aveiro e Coimbra da linha de alta velocidade, onde estará incluída a construção da nova estação de Coimbra-B, deverão ser lançados no final de 2023, referiu hoje a IP, prevendo que a primeira fase da linha de alta velocidade (entre Porto e Coimbra) esteja concluída em 2028 e a segunda fase (entre Coimbra e Carregado) até 2030.
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