
"Para a temporada turística que está a chegar, está tudo perdido", desabafa Paco Benito, diretor do hotel Riu Palace, no Anse Marcel, no norte da ilha franco-holandesa de St. Martin.
O estabelecimento chique de Benito, que fica de frente para o mar, numa enseada de areia branca com águas turquesas, foi destruído.
"Vamos ter de reconstruir tudo. Vamos começar o mais rápido possível", assegura o homem de 43 anos, visivelmente exausto pelos dias que acabou de viver.
"A prioridade era sobreviver após o furacão. Então, retiramos os clientes", conta Paco Benito, que agora pensa no futuro dos funcionários.
O Riu Palace é um dos maiores empregadores privados da ilha do Caribe do lado francês.
"Temos 300 funcionários, o que significa que existem 300 famílias a contar conosco", explica.
"Todas as lojas, empresas, foram destruídas. É como se uma bomba tivesse caído em Saint Martin", afirma a diretora da Câmara de Comércio e Indústria de St. Martin, Maggy Gumbs.
"Imagine, encontramos carros e barcos nas montanhas, carregados pelo vento", relatou.
A temporada alta de Saint Martin começa no final de novembro e termina em abril. Será impossível reparar todos os danos causados nas estradas, nos edifícios e no cenário natural da ilha.
"Todos os hotéis, todos os restaurantes estão destruídos. Por isso, será uma temporada morta. Os turistas já começaram a cancelar as reservas", acrescenta Gumbs, recordando que "o turismo é a única atividade económica na ilha".
O setor hoteleiro e de restaurantes representa 15% dos empregos na parte francesa de Saint Martin, em comparação com 4% em Guadalupe, por exemplo. Além disso, as atividades comerciais, imobiliárias, de construção e náuticas desta comunidade de cerca de 35 mil habitantes são totalmente dependentes do turismo.
Recomeçar a todo vapor
Em Paris, o operador turístico Exotismes, especialista em ilhas tropicais, tomou a iniciativa e já contactou os clientes que fizeram reservas para os próximos três meses, a fim de propor alternativas: adiar a viagem para uma data posterior, outro destino, ou reembolso.
"Mesmo que a infraestrutura seja restabelecida, a ilha foi profundamente danificada. Não há árvores, não é mais um local de turismo, mas sim de reconstrução. As pessoas passam o ano a poupar dinheiro para viajar de férias. Não podemos enviá-las para um canteiro de obras", justifica o presidente do Exostimes, Gilbert Cisneros.
Em 2014, Saint Martin recebeu 2,5 milhões de visitantes. Para os habitantes, sobreviver financeiramente na ausência de turistas durante a reconstrução será difícil, mesmo que possam contar com o apoio de França.
"Saint Martin vai renascer, estou focado nisso", prometeu terça-feira o presidente francês Emmanuel Macron.
"Vai Levar anos para que o turismo volte ao que era", prevê Didier Arino, diretor do gabinete Protourisme, que vê o episódio, porém, como uma oportunidade para reconstruir um turismo mais moderno, "que preserva o meio ambiente, de qualidade, com um retorno económico e social mais forte".
Com 30 anos de experiência em viagens para as ilhas das caraíbas, Cisneros mostra-se confiante.
"Já experimentámos episódios pesados de furacões. Voltámos sempre.", conta, recordando o furacão Hugo, que também devastou St. Martin em 1989.
Cisneros acredita que o turismo vai voltar ainda mais forte, já que St. Martin e a ilha vizinha de St. Barts "serão os dois destinos do Caribe com as melhores infraestruturas num ano", prevê, otimista.
Fonte: AFP
Comentários