É inegável que a comunidade de nómadas digitais tem crescido de forma acelerada nos últimos anos e que a tendência é que cada vez mais pessoas e empresas continuem a aderir a esta forma de trabalho à distância nos próximos anos.

Nos próximos tempos esta comunidade que já ronda os 40 milhões no mundo inteiro vai continuar a crescer, o que representa um número impressionante de potenciais viajantes/turistas, até porque a quantidade de dias que passam em viagem é muito superior a uma "pessoa normal" que viaja uma a duas semanas por ano de férias.

Perante estes números, é compreensível que todos queiram uma fatia do potencial de ganhos que representa esta comunidade para os destinos turísticos, em especial para aqueles que sofrem de uma sazonalidade elevada como são os Açores.

Aliando a necessidade de baixar a sazonalidade do turismo nos Açores e o potencial que as ilhas oferecem, e que estão identificadas no artigo 10 razões para os nómadas digitais escolherem os Açores, o Governo Regional está a criar o programa destinado a atrair nómadas digitais designado “DNA Azores”, que deve entrar em vigor no primeiro semestre de 2023.

Segundo o subsecretário da Presidência, Faria e Castro, “o objetivo é a captação de fluxos de nómadas digitais para a Região Autónoma dos Açores. Este projeto aposta no aumento da divulgação e da atratividade do destino Açores para o nomadismo digital”.

Segundo disse, o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) pretende desenvolver uma rede de espaços de trabalho colaborativo e criar uma certificação para unidades de alojamento com “boa qualidade” de internet e uma área “adaptada ao trabalho remoto”.

Os nómadas digitais com estadias superiores a 30 dias seguidos vão ter acesso ao Serviço Regional de Saúde, segundo o subsecretário, que destacou ainda a implementação de um mecanismo de “recompensas” para “encorajar comportamentos úteis” dos nómadas digitais.

As “recompensas”, prosseguiu, vão ser “majoradas” caso a ação decorra em época baixa ou média nas ilhas de São Jorge, Faial, Pico, Flores, Graciosa, Santa Maria e Corvo.

Depois do sucesso que outras zonas do país têm tido na captação de nómadas digitais como Lisboa ou Madeira, que se encontram inclusivamente no top 5 dos melhores destinos para nómadas digitais, faz todo o sentido os Açores aproveitarem o nome que Portugal já tem dentro da comunidade mundial de nómadas digitais para capitalizar para si uma parte dos que já estiveram, ou que já estão em terras lusitanas.

A ver vamos como será o programa DNA Açores e o que se pretende oferecer. Logo à partida, salta à vista a preocupação em ajudar as ilhas com menos turismo e mais sazonalidade, promovendo uma majoração de incentivos, o que é de saudar.

Uma ideia excelente é de oferecer o acesso ao Serviço Regional de Saúde para os nómadas que fiquem mais de 30 dias. Com isso, o programa pretende aumentar as dormidas sem ter que investir dinheiro na Sata com mais voos, que numa fase inicial poderia ser um erro e dinheiro desperdiçados.

Assim, promovendo permanências de maior duração na região, o número de voos previstos para as épocas mais baixas do ano, acabam por ser suficientes, pois o aumento do consumo de serviços (dormidas, alimentação, atividades turísticas, etc.) não serão pelo aumento do número de visitantes, mas pelas estadias mais longas.

Seria importante que estes 30 dias de estadia mínima, para acesso às várias vantagens que irão existir no DNA Açores, pudessem ser repartidas por várias ilhas, o que iria não só ajudar a companhia aérea local, mas também ajudar a que os nómadas digitais se sintam mais dispostos a ficar ainda mais tempo no arquipélago.

Também do ponto de vista de marketing, o estímulo à circulação de nómadas digitais inter-ilhas é muito conveniente, pois não nos podemos esquecer que é uma comunidade onde o Digital faz parte do seu ADN, ou seja, estão muito conetados com redes sociais, e entre eles próprios. Consequentemente, quanto mais viajarem pelas diferentes ilhas e mais tempo permanecerem instalados nos Açores, melhor será a publicidade, o que potencia o futuro dos Açores, enquanto destino privilegiado para os nómadas digitais.