Empresários e entidades públicas consideram “uma lufada de ar fresco” a chegada de companhias aéreas de baixo custo aos Açores, em 2015, que angariou mais turistas nacionais e do Reino Unido e chamou novos públicos.
“Para nós o projeto ‘low cost’ está a ser um grande sucesso para a economia dos Açores. Sem dúvida que o novo modelo particularmente assente nas ‘low cost’ permitiu um incremento muito significativo do turismo nos Açores em todas as épocas”, disse à Lusa o presidente da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores.
Mário Fortuna afirmou que há mais turistas ingleses e que, além de um reforço no “turismo tradicional”, houve uma abertura a novos mercados, também devido a "uma política generosa por parte da TAP e altamente competitiva relativamente aos voos de ligação a Lisboa".
Desde 29 de março de 2015 que as ligações aéreas entre duas ilhas dos Açores (São Miguel e Terceira) e o continente estão liberalizadas, o que levou à entrada na região de duas companhias de baixo custo (Ryanair e easyJet), que para já voam apenas para Ponta Delgada (São Miguel).
Também as transportadoras aéreas portuguesas SATA e TAP continuam a voar para o aeroporto João Paulo II, em Ponta Delgada. Além disso, a SATA continua a assegurar ligações entre o continente e todos os aeroportos dos Açores com ligações ao exterior do arquipélago (São Miguel, Santa Maria, Terceira, Pico e Faial).
Mário Fortuna sublinhou, ainda assim, que há “muitas arestas para limar”, reiterando que "o investimento para o turismo deveria ser maior para o próximo ano".
Aumento das dormidas
Segundo o Serviço Regional de Estatística, de janeiro a outubro de 2015, nos estabelecimentos hoteleiros da região (hotéis, hotéis-apartamentos turísticos e pousadas), registaram-se cerca de 1,1 milhões de dormidas, mais 18,2% face ao mesmo período de 2014.
Ainda nos 10 primeiros meses deste ano, os residentes em Portugal foram responsáveis por quase 472 mil dormidas (mais 32,3%), enquanto os estrangeiros atingiram perto de 686 mil dormidas (mais 10,1%).
O delegado nos Açores da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Luís Duarte, considerou que a chegada das ‘low cost’ foi “uma lufada de ar fresco” para o turismo e frisou que "cada vez mais o destino Açores é falado".
“Antes tínhamos poucos turistas ao almoço e agora temos mais clientes", referiu, assegurando que "há mais turistas dos Estados Unidos e do Canadá", mas "a grande maioria são do continente".
Crescimento sustentável
O secretário regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga, frisou que os Açores passaram em 2015 pela "maior reforma de sempre ao nível das acessibilidades e da mobilidade", num processo que "vai muito para além da entrada das companhias ‘low cost’", já que alguns mercados emissores de turistas e que não estão ligados à região por essas transportadoras “estão com um crescimento acima dos dois dígitos” - Alemanha, Estados Unidos da América, Canadá, Holanda e Bélgica.
Quanto ao impacto da chegada das ‘low cost’ junto da companhia aérea açoriana SATA, Vitor Fraga disse que a companhia pública tem o seu caminho a percorrer e que as medidas a adotar estão relacionadas "com a sua estratégia comercial".
Para a Associação Ecológica Amigos dos Açores, há situações que devem ser “retificadas”, especialmente no verão: em alguns dos principais pontos turísticos de São Miguel, como as Sete Cidades, a Lagoa do Fogo ou a Caldeira Velha, já se verificou alguma “sobrecarga” de turistas este ano, com reflexos na circulação de viaturas e estacionamento.
“Não basta trazer apenas pessoas, é preciso transmitir uma boa experiência que seja transversal", referiu Diogo Caetano à Lusa.
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