Oleiros: Roteiro de dois dias para se apaixonar por esta vila
Porque o interior do país não pode ficar esquecido, partimos à descoberta de uma vila bem no centro de Portugal. Oleiros, ainda por nós desconhecida, foi uma verdadeira surpresa. Dois dias bastaram para ficarmos completamente rendidos!
A zona de Oleiros foi bastante fustigada pelos incêndios. Pelo caminho vai ver que as marcas estão bem visíveis e não deixam ninguém indiferente. Ainda assim, a natureza está a recuperar a olhos vistos.
Para descansar
Cambas
Começámos o nosso roteiro por Oleiros com uma breve paragem por Cambas e a sua bonita praia fluvial. Foi apenas de passagem, mas gostámos muito do que vimos.
Visita ao Artesão Jorge Marquez
Foi através de alguns contactos particulares que conseguimos visitar as obras do artesão Jorge Marquez. O Sr. Jorge faz trabalhos em filigrana lindos de morrer. Apesar de alguns dos seus trabalhos estarem expostos em museus, actualmente, é numa casa particular que estão as suas (bonitas) obras de arte.
Miradouro do Cabeço do Mosqueiro
Já que estávamos na zona do Orvalho, decidimos ter uma perspectiva diferente do local. Subimos então até ao Miradouro do Cabeço do Mosqueiro. A cerca de 660 metros de altitude desfrutámos de uma magnífica vista panorâmica sobre diversas povoações do concelho de Oleiros. No horizonte conseguimos ainda ver a magnífica Serra da Estrela. É uma vista de deixar qualquer um boquiaberto. Nas imediações está ainda o parque de merendas do Mosqueiro. Este é composto pelo miradouro, zona de merendas, santuário, instalações de apoio e estacionamento. Portanto, se está à procura de um local para fazer um piquenique com a família ou amigos, este é o local ideal.
Janeiro de Cima
Antes de chegarmos ao nosso próximo destino, não resistimos a fazer um pequeno desvio. Parámos no Miradouro da Sarnadela para contemplar as vistas. Completamente embevecidos com a riqueza natural do nosso país, fomos então até Janeiro de Cima. Janeiro de Cima faz parte da rede das Aldeias do Xisto. Inicie a visita no largo da Igreja Velha (século XVIII). A partir deste ponto perca-se pelas ruelas labirínticas da aldeia. Cada cantinho merece ser apreciado! Conseguimos ainda dar dois dedos de conversa com um dos habitantes da aldeia. Um senhor, já de idade (como ele o disse), fabricava à porta da sua garagem as suas peças. Junto à povoação, deixe-se levar pelo barulho da água. Assim, facilmente identifica que está a chegar à praia fluvial. A praia tem várias estruturas de apoio e um relvado à beira rio. Seja no Verão, para fugir ao calor, ou no Inverno, para simplesmente refugiar-se e contemplar, é um local de paragem obrigatória. Antigamente, à beira do rio Zêzere, gritava-se “Ó da barca!” para fazer a travessia. As barcas eram usadas para atravessar o rio e quebrar o isolamento da aldeia. Actualmente é ainda possível fazê-lo num passeio rio acima.
Janeiro de Baixo
A paragem seguinte foi em Janeiro de Baixo, outra Aldeia do Xisto. Uma vez mais, o Rio Zêzere num dos seus meandros, abraça Janeiro de Baixo. Visite o centro da aldeia e deixe-se encantar pela história e pela hospitalidade das suas gentes. A aldeia possui cinco parques: parque infantil, parque desportivo, parque de lazer, parque fluvial e parque de campismo. Junto ao parque de campismo, visite a magnífica praia fluvial. Todo o espaço é envolvido por um bonito enquadramento natural!
Cascata da Fraga de Água d’Alta
De regresso a Oleiros, mais precisamente no Orvalho, não poderíamos deixar de conhecer um dos ex-libris da zona. Em pleno Geopark Naturtejo, os passadiços do Orvalho brindam-nos com algumas das paisagens mais esmagadoras e icónicas da Beira Baixa. A GeoRota do Orvalho conta com cerca de nove quilómetros de extensão, sendo que os passadiços não são contínuos. Desta vez, ficámo-nos pela versão curta, uma vez que não tínhamos muito tempo e também porque estávamos com familiares com uma criança pequena. Percorremos cerca de dois quilómetros (ida e volta). Este trajecto dos Passadiços do Orvalho, no fundo, é a zona que dá acesso à Cascata da Fraga de Água d’Alta. Chegámos então à Cascata da Fraga de Água d’Alta e ficámos boquiabertos.
Igreja Matriz do Estreito
Depois deste esforço físico, a verdade é que a barriga já estava a dar horas. Mas antes de chegarmos à Adega dos Apalaches não resistimos a uma curta paragem para espreitar a Igreja Matriz do Estreito. Esta é completamente diferente de todas as igrejas que outrora já visitámos. A fachada principal exterior é dominada pelo Grande Baixo-Relevo, em cimento de cores variadas, da autoria de Soares Branco, que retrata a vida da aldeia e as actividades do quotidiano das suas gentes. Para grande desgosto nosso, a igreja estava fechada, pelo que só conseguimos apreciar do lado de fora. O dia terminou em beleza com uma refeição deliciosa na Adega dos Apalaches e uma bela noite de descanso no Hotel Santa Margarida.
Dia 2
Depois de um delicioso pequeno-almoço no Hotel Santa Margarida, tivemos o privilégio de assistir à confecção do ex-libris da zona: o cabrito estonado. Pela sabedoria e experiência do Chef André Ribeiro, ficámos a conhecer este prato típico da região. Explicou-nos a história do cabrito estonado e como o preparar. Com água na boca, assistimos a todo o processo junto ao forno de lenha. Mais tarde este viria a ser o nosso almoço.
Para descansar
Trilho pela Ribeira de Oleiros
Nada melhor que começar o dia em contacto com a natureza. Como tal, decidimos fazer um trilho pela Ribeira de Oleiros. O trilho inicia-se na Ponte Grande, mesmo ao lado do Hotel Santa Margarida. O percurso conta com dois quilómetros. Ao longo do trajecto podemos contemplar algumas quedas d’água e ouvir o chilrear dos passarinhos. Aqui respira-se ar puro e o local transmite uma paz difícil de descrever.
Praia Fluvial de Açude Pinto
O trilho acima referido termina na Praia Fluvial de Açude Pinto. No verão é o local ideal para se refrescar! A praia fluvial conta com muitas sombras, relva e duas piscinas, uma para os mais novos e outra mais profunda. Tem ainda um parque infantil, parque de merendas e esplanada. É um espaço muito relaxante!
Passear pela Vila de Oleiros
A restante manhã dedicámos a conhecer a vila de Oleiros. A primeira paragem foi no bonito Jardim Municipal de Oleiros, onde também se localiza o Posto de Turismo. Seguimos, a pé, até ao próximo destino. Pelo caminho não deixe de reparar nalgumas portas do centro histórico. As portas pintadas que vai ver fazem parte d’O Projeto Arte à Porta. O objectivo era requalificar várias portas, a partir das criações de autores locais e nacionais. Ficámos rendidos! Como sabem, somos muito fãs de arte urbana e adoramos ver os espaços mais vivos e dinâmicos. Chegámos então à Igreja Matriz de Oleiros. Considerada a “Joia da Coroa”, é classificada como Imóvel de Interesse Público, sendo dedicada a Nossa Senhora da Conceição. A manhã terminou no Alto das Sesmarias, uma das colinas de Oleiros. A hora de almoço estava a chegar e fomos então provar o tão afamado cabrito estonado, que anteriormente vimos a ser preparado, no Restaurante Callum. E agora podemos dizer: é mesmo delicioso!
Álvaro
Depois do almoço seguimos até a uma das “aldeias brancas” da Rede das Aldeias do Xisto: Álvaro. Rica em património religioso, a aldeia foi outrora uma importante povoação para as ordens religiosas, nomeadamente a Ordem de Malta. Considerada uma “aldeia de fé”, conta até com o circuito das Capelas. Nelas estão presentes várias obras de arte sacra, desde pinturas e artefactos. Um outro ponto imperdível em Álvaro é a sua praia fluvial. Para além das margens do rio, conta ainda com duas piscinas flutuantes, ideais para se refrescar nas tardes quentes de Verão. O ambiente, esse, é de uma rara beleza e de uma tranquilidade única.
Meandros do Zêzere
O fim de semana estava a terminar e já de volta a casa não resistimos a outra paragem. Este país não pára de nos surpreender! Foi aqui que contemplámos uma das mais belas paisagens de Portugal. Os meandros formam-se quando há diferenças de velocidade de água. O rio começa a curvar quando a água corre em torno de obstáculos, como rochas, dando origem a locais onde a velocidade da água é maior ou mais reduzida. Os Meandros do Zêzere são um dos geomonumentos do Geopark Naturtejo classificado pela UNESCO, e é de deixar qualquer um de queixo caído. Em uníssono saiu-nos “brutal”! Aquela fita irregular azul a intrometer-se no verde dominante da paisagem, cheia de relevos surpreendentes foi das coisas mais bonitas que vimos nos últimos tempos.
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