Nem todos os países têm o mesmo nível de consciencialização ou educação sobre o que realmente significa “sem glúten” e as barreiras linguísticas podem tornar mais difícil comunicar as suas reais necessidades em lugares como cafés e restaurantes.

Claro que existem maneiras de visitar lugares onde as opções “sem glúten” são menos difundidas:

  • Escolher hospedar-se num alojamento local que permita cozinhar para si mesmo;
  • Encontrar no destino um restaurante que seja explicitamente sem glúten e fazer lá todas as refeições;
  • Imprimir cartões de viagem que expliquem a sua intolerância ao glúten em outros idiomas ou descarregar a app “Cartão Sem Glúten” se não quiserem andar com um pedaço de papel.

No entanto nenhuma destas táticas é completamente infalível, e a última coisa que se quer, ainda mais quando se está de férias longe de casa é ficar doente, por isso o melhor é jogar pelo seguro e escolher destinos onde a sensibilidade para este problema é maior. Vejam aqui alguns deles.

1. Itália

Itália? Como é que a terra da pasta e da massa de pizza está nesta lista? A resposta é simples: cultura e consciência. O governo italiano e a Associação Celíaca Italiana tem feito um excelente trabalho na educação do público sobre a intolerância ao glúten. Como o momento das refeições é tão importante na cultura italiana e muitos dos seus pratos tradicionais são à base de glúten, os restaurantes e cafés adaptaram-se para garantir que aqueles que tem esta restrição alimentar se possam sentar à mesa, sem problemas, juntamente com amigos e entes queridos. Por isso ao contrário da crença popular, a terra da pizza e da massa é um destino adequado a quem tem doença celíaca, especialmente as grandes cidades como Roma, Milão ou Florença.

Quase 4.000 restaurantes na Itália foram reconhecidos pela Associação Italiana de Celíacos como tendo opções sem glúten. Para alcançar este reconhecimento, os restaurantes tem de preparar o seu cardápio sem glúten em áreas separadas para evitar a contaminação cruzada. Na app da Associação Italiana de Celíacos (AIC) podem ser consultadas listas de restaurantes seguros para celíacos, produtos “senza glutine” à venda em mercearias, supermercados e farmácias e até workshops de culinária sem glúten disponíveis em várias cidades do país.

Itália
créditos: Unsplash

2. Nova Zelândia

De acordo com a Celiac Disease Foundation, a Nova Zelândia têm as leis de rotulagem mais fortes do mundo. Alimentos rotulados como “sem glúten” não apenas não têm glúten detetável, como também não podem conter aveia ou malte. Portanto quem comprar comida na Nova Zelândia e ler os rótulos com atenção, pode sentir uma segurança adicional.

Já para restaurantes com menus sem glúten, o melhor é escolher cidades como Queenstown, Wellington e Wanaka.

3. Irlanda

A Irlanda é um país onde a consciencialização sobre a intolerância ao glúten é generalizada – e não apenas nas grandes cidades. Claro que em Dublin Cork e Galway existem mais restaurantes e estabelecimentos como pubs que oferecem opções sem glúten, mas o turismo é uma indústria importante na Irlanda, e hotéis e seus restaurantes, por todo o país, estão acostumados a acomodar uma ampla gama de necessidades dos seus clientes, entre elas as restrições alimentares.

A Celiac Disease Society of Ireland estima que aproximadamente 50.000 pessoas que vivem na Irlanda têm doença celíaca e outros 400.000 são intolerantes ao glúten. Por causa disso, também os supermercados tem na sua generalidade secções “glúten free”.

4. Argentina

Na capital cosmopolita da Argentina, Buenos Aires, é fácil encontrar restaurantes com opções sem glúten. Fora da capital pode ser um pouco mais complicado, mas o “asado” — o churrasco argentino, é servido por todo o país. Também o rótulo "SIN TACC" do Programa Nacional de Controle de Alimentos do governo argentino ajuda a identificar menus, restaurantes e produtos alimentícios vendidos em mercearias e supermercados, seguros para celíacos e intolerantes ao glúten . “Sin T.A.C.C." significa “Sem Trigo, Aveia, Cevada, Centeio". Em caso de dúvida pode ainda ser consultada a página da A.N.M.A.T. - Administración Nacional de Medicamentos, Alimentos y Tecnología Médica.

5. Costa Rica

A Costa Rica é um paraíso tropical repleto de frutas, vegetais frescos e muita comida sem glúten. A dieta dos costarriquenhos é composta essencialmente por arroz, feijão e milho, que são perfeitos para quem tem doença celíaca.

E quem tem dúvidas pode consultar a página Zaney Travel, que pode ajudar a planear férias incríveis na Costa Rica para quem tem doença celíaca. Zane é celíaco e visita a Costa Rica há mais de 25 anos, por isso não há melhor pessoa para dar dicas sobre este assunto e sobre a “pura vida” na Costa Rica.

Costa Rica
créditos: Unsplash

6. Gana

Pode ser mais desafiador encontrar opções sem glúten em países menos voltados para o turismo, onde a consciencialização não é tão ampla e as práticas de rotulagem variam. Nesses países, refeições sem glúten geralmente resumem-se a comer alimentos naturais e não processados, saber o que pedir e evitar pratos que possam incluir glúten.

Para este tipo de viagem, o Gana é uma ótima opção. Muitos alimentos básicos da dieta da África Ocidental são naturalmente isentos de glúten. É uma região onde o arroz com amidos como mandioca, inhame e banana são abundantes, e de onde vem o grão fonio, isento de glúten.

Embora existam muitos idiomas e dialetos falados no país, o inglês é o idioma oficial, o que também pode ajudar na hora de comunicar as suas necessidades alimentares.

Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World