Se são daqueles que levam meses (por vezes anos) a combinar uma saída com os amigos/as e repetem frases como: “No próximo ano vamos todas juntos/as a Paris”, “Era espetacular se fôssemos todos juntos a Nova Iorque” ou “E que tal se fizéssemos a viagem das nossas vidas até à Austrália”. Porém, o tempo passa e nada acontece. Nos próximos minutos vamos explicar por que viajar com amigos pode ser a maior experiência das vossas vidas.

Preparem-se porque estão prestes a entrar no mundo científico e psicossocial do universo das viagens. Aqui iremos demonstrar que a cumplicidade entre amigos, juntamente com uma viagem, pode ser algo memorável, diríamos até digno de aparecer numa das muitas listas intituladas “50 coisas que tens de fazer antes de morrer” [Por acaso, temos uma lista espetacular sobre as coisas que têm de fazer na Europa e outra para Portugal].

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Os nossos amigos [que representaremos ao longo deste texto como os vossos amigos ou amigas] são peritos em desafiar-nos: “Aposto que não te atiras à agua a partir daquela rocha…” Subimos o nosso olhar e vemos que fica a mais de 10 metros de altura. Engolimos em seco, mas aceitamos o desafio com as pernas a tremer. Ao sair da água, ainda com aquela tensão nos músculos das pernas que quase nos fizeram hesitar e com o coração a bater a mil, descobrimos que fizemos algo que não faríamos se não fossem os amigos. E, ainda hoje, contas essa história de bravura repetidamente.

“As amizades, pressupondo que são boas e verdadeiras, repercutem positivamente a nossa saúde física e mental. Através dessas relações obtemos benefícios como o aumento da nossa autoestima, pois sentimo-nos valorizados e úteis para os outros. Além disso, os amigos diminuem a nossa ansiedade perante situações de stress, oferecem-nos ajuda, compreensão e companhia e geram em nós um conjunto de emoções positivas e momentos de felicidade, contribuindo para o aumento do nosso bem-estar emocional”.

Quem o diz é a psicóloga espanhola Eva Almansa López, e com esta definição poderíamos terminar este artigo, mas ainda temos mais para partilhar. Os amigos fazem parte da nossa árvore de felicidade, aquilo que entendemos ser necessário para nos mantermos bem e mostrar uma parte desconhecida ou adormecida dentro de nós. Quem é que nunca bebeu um copo a mais por iniciativa de um amigo e não se arrependeu?

Contudo, o tempo que passamos com os amigos - principalmente a partir dos 30 anos - não é aquele que desejaríamos, sobrepondo-se as companhias das nossas namoradas/mulheres e família, igualmente importante nessa tal pirâmide de bem-estar emocional. É mais comum, a partir da faixa etária dos 30, viajarmos com as namoradas/os ou mulheres/maridos, isto porque “a sociedade diz que é isto o que se tem de fazer entre casais”.

“São muitas as pessoas que não planeiam saídas de lazer com amigos porque não querem deixar sozinha a outra pessoa. Na mesma medida, o orçamento de um casal é algo partilhado e permitir os gastos de uma viagem apenas para um elemento encara-se como um gesto egoísta, optando-se assim pelas viagens familiares”, afirma a psicóloga à edição espanhola da revista Condé Nast Traveler.

Viajar com amigos é uma fonte inesgotável de benefícios

Para que fique claro, agora somos uma família e adoramos cada minuto das nossas viagens a três. Porém, também somos conscientes das limitações, seja por questões orçamentais ou de segurança para a nossa filha.

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créditos: Pixabay

“Viajar com amigos pressupõe uma partilha de experiências e situações que, de outra maneira, não seria possível, conseguindo fortalecer laços e aumentar a possibilidade de conhecer outras pessoas e/ou grupos”, explica Almansa.

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Então e aqueles amigos que decidiram, voluntariamente ou infelizmente não, viver noutro país ou cidade? Ou então aquele grupo de amigos da faculdade que agora não conseguem arranjar nem um fim de semana para se juntarem quando antigamente não havia um que não estivessem juntos? Viajar é uma excelente maneira de voltar a ligar essa rede importante de amigos que tanta falta sentimos. Além do mais, pensem que podem criar novas experiências e vivências que dantes não conseguiam ter (dinheiro cof cof). Selecionando os vossos amigos como companheiros de viagem estão não só a mudar de ambiente como também a permitir-vos um ‘tempo’ sem as vossas parceiras ou parceiros, dando assim uma trégua na vossa vida quotidiana, sendo a cura perfeita contra o stress.

É importante planear, dando uma oportunidade ao inesperado

Com a idade vamos ficando menos tolerantes e mais decididos com o que queremos ou não fazer, principalmente nas nossas viagens de férias, por isso é extremamente importante selecionar um grupo de amigos flexível e que partilhe as mesmas ideias e gostos consoante o nosso estilo de férias/escapada/viagem.

“Em principio, e por experiências prévias que tive com pessoas que pertencem aos mesmo círculo de amizade, conseguimos ter uma ideia de quem possa ser mais apropriado para a realização de uma viagem. Inclusive, dependendo da viagem que se queira fazer, poderemos preferir um companheiro em detrimento de outro. Claro que há sempre aquele amigo com quem iríamos a qualquer lugar. Tentar juntar um grupo de pessoas que partilhe o nosso ritmo e inquietudes no destino eleito dá-nos mais garantias”, confessa a especialista.

Para que tudo corra bem, Eva Almansa López dá alguns conselhos para que as peripécias entre amigos sejam divertidas e memoráveis: “Há que definir o destino da viagem; organizar de forma conjunta; repartir tarefas entre os viajantes; ceder nas vontades dos interessados em saídas noturnas, visitas ou trajetos; programar sem impor um critério a todo custo - a psicóloga diz que o inesperado sabe melhor; determinar certas normas e ter muita paciência e humor; e nunca esquecer que o objetivo final é divertir-se e acreditar que vão ser dias memoráveis”.