“A reabilitação do roseiral (mais conhecido por rosal) está concluída na sua essência. O desenho original, de 1845, da autoria do arquiteto inglês David Mocatta, está mantido. Estivemos a plantar canteiro a canteiro e a introduzir rega automática”, explicou hoje à Lusa Raimundo Quintal, coordenador científico da equipa de requalificação daquele espaço botânico, emblemático de Ponta Delgada e propriedade da família Athayde.

Segundo o investigador do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, este roseiral, que tem "entre 160 e 170 anos", esteve durante "muito tempo ocupado com muitas hortênsias, azáleas e muita erva que crescia sem qualquer intervenção humana”. A sua recuperação integra-se no projeto de revitalização do Jardim José do Canto.

Raimundo Quintal disse que foi feita a preservação das roseiras que "sobreviveram" e que foram introduzidas outras que permitem "exibir durante um longo período do ano rosas de variadas cores, morfologias e aromas", algumas cedidas por particulares.

Recriou-se assim "a ambiência romântica do jardim sonhado e realizado por José do Canto em meados do século XIX"

Por exemplo, "foi plantada a roseira do Espírito Santo, a roseira do Senhor Santo Cristo, conhecida também por da madre Teresa D’Anunciada, ao lado de muitas outras variedades", salientou, frisando que o espaço vai continuar a ser enriquecido para ser "uma das atrações do grande Jardim José Canto", que tem uma área superior a seis hectares.

Raimundo Quintal adiantou ainda que o roseiral "é um espaço aberto e colorido, que contracena com o bosque subtropical povoado de árvores monumentais".

O projeto de recuperação do Jardim José do Canto foi iniciado em janeiro de 2014 e estende-se até finais de 2016, segundo Raimundo Quintal. "As grandes intervenções já estão concluídas" e foi possível recuperar a sua atmosfera romântica do século XIX, explicou o especialista.

Raimundo Quintal, que coordena o trabalho de revitalização do jardim com uma equipa de jardineiros de São Miguel, acrescentou que "as espécies já estão todas devidamente inventariadas" e que os trabalhos têm incidido na limpeza de plantas invasoras, reabertura dos caminhos do jardim primitivo e colocação de placas de identificação nas espécies daquela "reserva botânica de estilo inglês".

De acordo com a página própria na internet, o jardim, plantado por José do Canto, é de grande interesse paisagístico e botânico, povoado por árvores que impressionam pelo seu porte monumental ou pela sua morfologia singular.

O espaço foi visitado por vários notáveis, entre escritores, artistas, reis, presidentes ou primeiros-ministros.