História

Lugar perdido no tempo, onde o sonho se parece confundir com a realidade, o Palácio do Grilo ocupa um terreno que em tempos foi uma vasta quinta — uma propriedade tão grande que ia das margens do Tejo até à encosta do que hoje é a Calçada dos Duques de Lafões. 

A quinta pertencia a D. António de Mascarenhas e já possuía uma construção palaciana, mas esta acabou destruída pelo forte terramoto que abalou Lisboa a 1 de Novembro de 1755 e foi o 1º Duque de Lafões, Pedro Henrique de Bragança, descendente ilegítimo de D. Pedro II, quem dirigiu a construção inicial do atual Palácio do Grilo. 

Imaginou-o como “um lugar que também não é um lugar e isso pode permitir à alma o voo que mais lhe convém” —  estas são as palavras que o duque deixou escritas num caderno descoberto três séculos mais tarde por Julien Labrousse, um francês que, em 2020, trocou Paris por Lisboa e comprou o  palácio.

O complexo palaciano esteve na posse dos Duques de Lafões entre 1759 e 2018, mas já se encontrava bastante degradado quando o novo proprietário se ocupou dele e resolveu usar o antigo caderno como inspiração e guia para o restaurar. “No Grilo quero que todos os quartos, tanto na decoração como na função, sejam montados para nós, para ficarmos lânguidos e sonharmos melhor do que em qualquer outro lugar no mundo” — terá deixado escrito Pedro Henrique de Bragança juntamente com a descrição das várias divisões.

O Interior

No interior, com mais de 200 divisões, destaca-se uma escadaria de dezoito lanços em pedra, revestida por lambris de azulejos azuis e brancos do final do século XVII, representando cenas galantes e mitológicas, assim como a Capela e diversas salas como a Sala do Duque, a Sala da Academia, a Sala dos Óculos, a Sala Chinesa ou a Sala de Vénus, que apresentam pinturas ornamentais de estilo neoclássico e uma decoração que combina maravilhosamente, peças antigas, com mobiliário moderno e arte contemporânea.  

A ideia parece ter sido manter o palácio fiel às suas origens e transformá-lo ao mesmo tempo numa espécie de museu de artes performativas, original e único em Lisboa.

O Restaurante-Bar-Teatro-Museu

O Palácio do Grilo é um dos únicos palácios em Lisboa que se manteve intacto durante 350 anos e deambular pelas suas divisões é como entrar num mundo mágico, decadente, cinematográfico, onde podemos almoçar, jantar ou só beber um copo e entrar numa atmosfera única de arte experimental e performativa.

O restaurante é muito bom, com pratos saborosos e um serviço simpático e atencioso, mas quem quiser apenas conhecer o local tem livre acesso ao jardim (que ainda está a ser renovado) e a um conjunto de salas. 

O local está aberto todos os dias, das 11h00 da manhã até à meia noite. 

Se pretender visitar o Grilo tenha três coisas em atenção: estacionar perto da Calçada do Duque de Lafões pode não ser fácil; Para almoçar e jantar é melhor reservar mesa no site do Palácio e ao jantar, quando a componente artística é mais intensa, é cobrado um valor de 5€ (que inclui um copo de espumante) para a sustentabilidade do projeto artístico.

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