Os lenços dos namorados fazem parte das tradições românticas do norte de Portugal, mais propriamente da região minhota, com destaque para Viana do Castelo e Vila Verde. Trata-se de um bordado português, com cores garridas e pequenos poemas. A particularidade destes panos de linho fino ou de algodão são as palavras em mau português.

Estes bordados eram feitos pelas ‘moças’ apaixonadas, que depois entregavam aos seus amados quando estes se ausentavam. Além de versos, em jeito de poesia, os lenços eram acompanhados de desenhos, alguns padronizados, tendo simbologias próprias.

Sendo bordados a ponto cruz, estes lenços demoravam muito tempo a ficarem terminados, devido à sua complexidade, obrigando a ‘bordadeira’ a ser muito paciente e cuidadosa.

De acordo com a ADERE (Associação para o Desenvolvimento Regional do Minho), estes lenços remontam aos séculos XVII e XVIII e começaram por fazer parte do vestuário feminino, tendo apenas uma função decorativa, só depois é que passou como ‘armadilha de engate’. Também serviam como um pedido de namoro.

Caso o amado aceitasse, ele teria de colocar o lenço sobre o casaco domingueiro, ao pescoço ou na aba do chapéu. Caso fosse negado, o lenço voltaria às mãos da apaixonada.

A razão pela qual estes lenços são tão conhecidos, inclusive entre os estrangeiros, são os erros ortográficos, que denunciam a falta de instrução e ingenuidade típica da época.

A evolução tecnológica originou outras técnicas de ponto mais fáceis e rápidos para bordar, alterando-se assim a decoração inicial destes lenços, passando das cores originais (preto e vermelho) para uma série de outras cores e outros motivos de decoração.

Agora, no século XXI, as lojas de lembranças minhotas têm disponível estes lenços, autênticas marcas da região, servindo como souvenirs e ainda de decoração para os locais, mesmo entre os mais novos, existindo atualmente variantes do produto, como toalhas de mesa.