A Fonte dos Leões está mais sustentável e dotada de tecnologia que lhe proporciona uma maior eficiência no consumo de água e energia. “Está dotada de melhores sistemas de segurança e salubridade e de um novo sistema de desinfeção e filtragem. A intervenção está em linha com as diferentes orientações da Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas, que o Município do Porto tem vindo a implementar”, adianta Filipe Araújo, vice-presidente da autarquia.

A Águas e Energia do Porto, empresa municipal responsável pela intervenção, fez uma reabilitação total da fonte, corrigindo e retificando estrutura da fonte centenária. Toda a componente estética foi reabilitada, desde o imponente fuste, decorado com a postura dos quatro leões que a constituem e dos dois pratos que completam a sua altura, até ao trabalho de estereotomia do tanque que recolhe as águas. Nos elementos metálicos, foram retirados e reparados todos os pontos de corrosão e aplicada uma pintura com componentes próprios para aumentar a durabilidade do ferro, metal de origem da fonte. Também no tanque, além do tratamento de colmatação de fissuração e de elementos de argamassa partidos, foi aplicado um novo sistema de impermeabilização, adequado à exposição das condições climatéricas do local.

As diferentes componentes técnicas da fonte foram revistas, tendo sido substituído o sistema de comando e controlo, colocados vários sensores de nível (controlo de caudal, monitorização de avaria de bombagem, avaria na iluminação e doseadores automáticos de desinfeção da água), que introduzem novas funcionalidades de gestão e vigilância remota. Foi ainda implementado um novo sistema de iluminação multicor, recorrendo a tecnologia LED de baixo consumo, acoplado aos vários níveis da fonte e dotado de automatismo de acionamento. Desta forma, o sistema pode apenas ser ativado nos períodos noturnos, permitindo uma poupança energética num dos fatores de maior consumo do equipamento, e potenciando beleza do monumento também durante a noite.

Os vários sistemas estão em comunicação 24 horas por dia, através de rede wireless, monitorizados pela Gestão de Operações da Águas e Energia do Porto, permitindo uma reação e atuação rápida ao mínimo sinal de alarme, diminuindo tempos de reação e promovendo a sustentabilidade em questões como a possível perda de água ou o consumo excessivo por avaria elétrica.

O investimento total foi de cerca de 27 mil euros.

A fonte que deu nome à praça que nunca foi dos Leões

Segundo o historiador Germano Silva, no contrato feito em julho de 1882 entre a Câmara do Porto e a Compagnie Gènérale des Eaux pour l’Etranger, para o abastecimento de água ao domicílio na cidade, a companhia francesa obrigava-se a construir na praça dos Voluntários da Rainha (atual Praça de Gomes Teixeira) uma fonte monumental de valor não superior a 3.600$000 reis. Nessa mesma cláusula do contrato previa-se a cedência, gratuita, por parte da Câmara, à Companhia das Águas, do subsolo de uma parte do Jardim da Cordoaria para aí ser construído um reservatório de água. A Companhia arcaria com os custos da obra e comprometia-se a repor o jardim no estado em que ele estava, à altura do início dos trabalhos. O reservatório nunca ali seria construído.

A Fonte Monumental dos Leões, vulgarmente conhecida como Fonte dos Leões, foi construída entre 1881 e 1886, a propósito do Plano Geral de Abastecimento de Água à Cidade do Porto a cargo da referida empresa francesa.

Funcionava como desacelerador de pressão da água que vinha do reservatório dos Congregados e que abastecia as freguesias mais ribeirinhas do Porto. Daqui também era conduzida a água que abastecia a zona ocidental da cidade, com término no reservatório da Pasteleira (hoje núcleo do Museu da Cidade).

A praça onde se localiza a fonte, atual Praça de Gomes Teixeira, já foi do Pão, da Universidade, Largo do Colégio dos Órfãos e, como referido acima, dos Voluntários da Rainha, mas nunca o seu topónimo foi dos Leões. No entanto, a forte presença da emblemática Fonte emprestou sempre o nome à praça e para o portuense esta será sempre a Praça dos Leões.