Esta "cidade-museu", concebida pelo arquiteto francês Jean Nouvel, foi construída na ilha de Saadiyate e é fruto de uma colaboração entre os governos de França e dos Emirados Árabes Unidos.

O acordo, que vai estar vigente durante três décadas, inclui a exploração da marca Louvre, que dá nome ao museu mais visitado do mundo, assim como a organização de exposições atemporais.

No total, 13 estabelecimentos franceses vão colaborar com o novo museu, contribuindo com a sua experiência e com o empréstimo de cerca de 300 obras.

A coleção permanente dos Emirados vai contar com cerca de 600 obras, das quais mais de 200 vão estar expostas a partir da inauguração oficial, que vai contar com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron, e do príncipe herdeiro dos Emirados, Mohamed bin Zayed.

A maioria das 23 galerias permanentes vai procurar refletir o intercâmbio entre culturas, desde a Pré-história até a atualidade, reunindo obras ao redor de temas universais e de influências comuns.

"Mais universal que o Louvre"

Uma folha do Alcorão Azul, uma Bíblia gótica e um dos livros do Pentateuco serão alguns dos objetos expostos com vocação universal, assim como o quadro "La belle ferronière", de Leonardo da Vinci, - emprestado pelo Louvre parisiense -, e um auto-retrato de Van Gogh, do Museu d'Orsay.

Para Jack Lang, presidente do Instituto do Mundo Árabe de Paris e ex-ministro francês da Cultura, o novo museu é "muito mais universal do que o Louvre de Paris, porque traz a ideia de um museu de diferentes continentes e diferentes civilizações".

Também é um "projeto de esperança de um mundo que respeita as diversas opiniões e as diferenças", ante o "fanatismo" e o "terrorismo", disse Lang à AFP.

Mohamed Jalifa Al Mubarak, presidente da Autoridade do Turismo e Cultura de Abu Dhabi, declarou recentemente que o museu é símbolo de uma "nação tolerante e aberta à diversidade".

Os Emirados Árabes Unidos exercem uma política de "soft power" para ganhar notoriedade em todo o mundo, e empreendem uma disputa com o vizinho Qatar, que tem estado particularmente ativo no mundo do desporto, ao ganhar a organização da Mundial de 2022 e com a compra do clube Paris Saint-Germain.

7.850 estrelas

A arquitetura do novo Louvre é inspirada nas medinas árabes, com um conjunto de 55 edifícios brancos. Uma majestosa cúpula de 180 metros de diâmetro, composta por 7.850 estrelas de metal, filtra os raios de sol, criando o que Jean Nouvel chama de "chuva de luz".

O custo da construção do museu foi inicialmente estimado em cerca de 600 milhões de euros, mas a sua conclusão foi adiada em várias ocasiões, devido a, sobretudo, problemas de financiamento.

O projeto não esteve livre de polémica. Na França, algumas vozes levantaram-se contra a "venda da marca" Le Louvre, e várias ONGs, como a Human Rights Watch, mostraram-se preocupadas com as condições dos trabalhadores imigrantes nas obras.

Um dos maiores desafios foi garantir a segurança e a conservação das obras de arte, num lugar onde as temperaturas ultrapassam os 40 graus no verão. Nouvel afirma ter criado, com a cúpula original, uma espécie de "guarda-sol" capaz de reproduzir um "microclima que reduz a temperatura em até cinco graus".

O Louvre de Abu Dhabi será o primeiro de três museus a abrir portas no distrito cultural de Saadiyat. Deverão segui-lo o Guggenheim, concebido pelo arquiteto do Canadá Frank Gehry, e o Zayed National Museum, pelo britânico Norman Foster.

Uma porta-voz do Guggenheim em Nova Iorque disse à AFP que as obras para o museu de Abu Dhabi ainda não tiveram início.

O Louvre abrirá as portas ao público no próximo sábado, com um programa de quatro dias de espetáculos de artistas do mundo todo.

Fonte: AFP