Numa mensagem divulgada para assinalar a data, o ICOM-Portugal apontou que se "avolumam internacionalmente, já com conhecidos episódios em Portugal, movimentos que defendem leituras unívocas e exclusivas da herança social e cultural".

"Os museus devem garantir, na sua pluralidade e diversidade, que todas as visões e opiniões podem ser escutadas e debatidas, sem preconceitos", defende a entidade sobre esta matéria.

Simultaneamente, "estes mesmos desenvolvimentos propiciam o avolumar das desigualdades, e exigem que sejam pensadas e implementadas estratégias para salvaguardar a herança cultural e natural", acrescenta, no comunicado enviado à agência Lusa.

Neste quadro, o ICOM-Portugal considera que os profissionais de museu e os museus devem ser incentivados, "mais do que nunca", a pensar e trabalhar com as comunidades em que estão inseridos, "não enquanto pequenos microcosmos autocentrados, mas como elos de uma imensa cadeia".

"A preservação da diversidade, em perigo no mundo natural, deve ser simultaneamente o desiderato das instituições de património cultural – é a diversidade que nos torna criativos, fortes, capazes de reconstruir mais que recuperar e de trabalhar ativamente para contribuir para uma sociedade mais consciente, mais equilibrada, mais justa e mais sustentável", advoga.

Em Portugal, "os desafios são idênticos, reforçados pelos muitos temas em debate, não só diretamente respeitantes à instituição museológica e aos seus profissionais, como relativos a assuntos que estão em discussão na sociedade portuguesa e de que, naturalmente, os museus não podem deixar de se fazer eco e ser espaço de diálogo".

Apontando que a celebração do dia dos museus "é sempre um momento para reafirmar o seu lugar na sociedade", a comissão portuguesa recorda ainda o atual contexto difícil provocado pelo impacto de mais de um ano de pandemia.

A situação desafiante "exige dos museus particular ambição e arrojo, convidando a pensar o seu futuro e no seu papel nas nossas sociedades, reptos que o tema para 2021 espelha", assente nos conceitos de recuperar e reimaginar.

O ICOM-Portugal define ainda, no texto, quatro grandes eixos de trabalho, transversais a diferentes realidades: a relevância e sustentabilidade, o ambiente, os novos modelos de gestão e a transformação digital, e realça também a importância dos eixos da educação de qualidade, do trabalho digno e crescimento económico, de cidades e comunidades sustentáveis e da ação climática.

Museus de todo o país celebram hoje o seu dia internacional com mais de 400 atividades, sob o tema da recuperação e reimaginação num mundo afetado pela pandemia, com o envolvimento de 70 entidades de 38 concelhos do continente e arquipélagos dos Açores e Madeira.

Visitas guiadas e temáticas a exposições, às reservas de alguns museus, espetáculos de teatro, dança, circo e música, oficinas, palestras, entre outras iniciativas, na maioria gratuitas, para todos os públicos, integram um programa geral que pode ser consultado no sítio patrimoniocultural.gov.pt.

O ICOM, que promove as comemorações do Dia Internacional dos Museus desde 1977, para reforçar os laços dos museus com a sociedade, recorda na página ´online´, que em 2020, "o setor da cultura foi um dos mais afetados", e os museus, em particular, estão a sofrer "sérias repercussões" económicas, sociais e psicológicas.

Em Portugal, como noutros países, as medidas de contenção da pandemia obrigaram ao encerramento dos espaços culturais, e os cerca de 660 museus sentiram, em 2020, uma quebra de 70% a 80% nos visitantes e, consequentemente, da mesma ordem nas receitas.

Desde 15 de janeiro deste ano que os espaços culturais voltaram a encerrar devido ao confinamento decretado pelo Governo para conter a propagação do vírus covid-19, tendo os museus, monumentos, palácios e galerias de arte reaberto a 05 de abril.