A nacionalidade distingue Rio de Onor, em Bragança, Portugal, de Rihonor de Castilla, em Zamora, Espanha, mas desde sempre que os habitantes das duas aldeias fazem uma vida em comum.

O comunitarismo e as práticas típicas são marcas distintivas das gentes locais, que a associação de jovens Monte de Festa destaca no Festival D’Onor, com a quinta edição a decorrer entre sexta-feira e domingo.

A menos de 30 quilómetros da cidade de Bragança, os cerca de 60 habitantes estão habituados ao movimento dos turistas que, nos três dias do festival, aumentam ao som da música, dança e recriação das tradições, segundo a organização.

Além dos habituais concertos, que têm como cabeça de cartaz Virgem Suta, o Festival D’Onor promete dar “nova vida a um cancioneiro com 70 anos”, as “Cantigas D’ONOR”, e mantém no programa o Baile do Gaiteiro, aberto a instrumentistas e amadores de todas as origens musicais.

Esta atividade “desafia instrumentistas e amadores de todas as origens musicais a participar numa sessão improvisada e descontraída, na qual poderão, com qualquer instrumento, juntar-se à festa e tocar de forma espontânea, descomprometida e sem ensaio prévio”.

A esta experiência juntam-se, no primeiro dia, as Danças Tradicionais e do Mundo, cujo nome evoca a memória dos antigos bailes que se realizavam no Largo da Portelica, em Rio de Onor, ao som da gaita-de-foles, nas quentes noites de verão”.

No segundo dia há Jogos Tradicionais, em parceria com a Associação de Jogos Populares do Distrito de Bragança, e com ênfase no “jogo da raiola”, uma atividade que, antigamente, era desenvolvida como “jogo de taberna”, para passar os tempos livres e “ver quem paga a rodada (copos) seguinte”.

Segue-se a Ronda Cultural e das Adegas, ao som de gaiteiros e tocadores, “para explorar a riqueza cultural das duas aldeias” e em que “o desafio é percorrer o património edificado comunitário da aldeia e explorar os encantos das adegas locais, partilhando do vinho e hospitalidade dos habitantes dois lados da fronteira”.

Noutras sonoridades, atuam os Manaita, os Trasga, um grupo de raiz folk com um repertório exclusivamente preparado com “originais” em língua mirandesa, Virgem Suta, os Zíngarus e DJ Set de Jaiem Pires.

O último dia tem espaço para a família com uma sessão de Teatro ao Ar Livre “para assistir a narrativas repletas de tradição e magia, dinamizadas e protagonizadas pelos membros da FISGA – Associação”.

Junto ao rio, com o nome da aldeia, há música com vários artistas e sonoridades de diferentes cantos do mundo, assim como “Cantigas D’ONOR” publicadas na obra “Rio de Onor: Comunitarismo Agro-Pastoril” de Jorge Dias, que contém 40 canções locais recolhidas pela mulher Margot Dias.

Algumas dessas canções serão reinterpretadas por João Amaro e Helena Xavier, antes do encerramento do festival com os Gaiteiros D’ONOR, um grupo informal de música tradicional formado por membros da entidade organizadora.

A atuação dá palco à solidariedade ao ser feita em conjunto com o grupo Vira Bombos, composto por utentes da APADI – Associação dos Pais e Amigos do Diminuído Intelectual, uma instituição social de Bragança.

A entrada para o festival é gratuita, assim como o campismo para quem quiser permanecer durante o fim de semana, em que há também tasquinhas, restaurante e um mercado tradicional.