De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 50 países já registaram casos do vírus Zika, que deve chegar à Europa em julho, com um risco qualificado de baixo a moderado. A epidemia surgiu há um ano no Brasil e afeta, principalmente, países do continente americano, África e Ásia.

Sintomas:

Considerando que a apresentação clinica do vírus Zika é muitas vezes assintomática, a maioria das pessoas infetadas com o vírus, desconhece que tem a doença. Os sintomas são semelhantes a outras infecções por arbovírus, como o dengue, sendo os mais comuns: febre, erupções cutâneas, conjuntivite, mialgia, artralgia, mal-estar e cefaleias. Estes sintomas são normalmente ligeiros e duram 2-7 dias.

Prevenção:

É importante referir que ainda não existe vacina para a doença por vírus Zika. A melhor forma de ser prevenida é através de medidas de proteção contra a picada de mosquitos:

  • aplicação diurna regular de repelente;
  • utilização de vestuário com mangas e calças compridas;
  • utilização de redes mosquiteiras nas janelas e/ou camas;
  • escoamento das águas paradas de vasos, jarros, latas e charcos nas proximidades das habitações de forma a eliminar os locais de reprodução dos mosquitos.

Deve dar-se especial atenção e ajuda às pessoas que possam não poder proteger-se devidamente, tais como as crianças, os doentes e os idosos.

A transmissão do vírus por via sexual embora rara, está confirmada, como tal recomenda-se o uso de preservativo para todas as pessoas que viajaram nos últimos 28 dias para zonas afectadas.

Diagnóstico:

Os sintomas de Zika são semelhantes aos do Dengue e Chikungunya, doenças transmitidas pelo mesmos mosquitos que transmitem o Zika.

Consulte um médico se desenvolver os sintomas descritos em cima e tiver visitado uma zona com presença de Zika e não se esqueça de dizer ao seu médico quando e por onde viajou. É possível que este peça alguns exames sanguíneos de forma a identificar o vírus.

Tratamento:

A doença do vírus Zika é, normalmente, relativamente ligeira e não requer um tratamento específico. É importante reforçar a ideia que não existe vacina para prevenir ou medicamento para tratar a doença.

O tratamento para o Zika vírus é sintomático. Isso que dizer quer não há tratamento específico para a doença, só para alívio dos sintomas.

As pessoas infectadas com o vírus Zika devem:

  • repousar bastante;
  • beber muitos líquidos para prevenir a desidratação;
  • tratar as dores e a febre com medicamentos comuns.

Assim como na Dengue e febre Chikungunya, os medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que contenham a substância associada devem ser evitados, por possibilidade de hemorragia.

Se os sintomas piorarem ou estiver a tomar outra medicação crónica, deve procurar aconselhamento e cuidados médicos.

Se tiver a doença pelo vírus Zika, previna a picada do mosquito durante as primeiras semanas. Durante a primeira semana de infeção o vírus pode ser encontrado no sangue e pode passar da pessoa infectada, para o mosquito através da picada, e espalhar-se para outras pessoas.

Recomendações:

Os viajantes provenientes de uma área afetada que apresentem, até 2 semanas dias após a data de regresso, sintomatologia sugestiva de infeção (febre, erupção cutânea, dor nas articulações ou musculares ou conjuntivite) devem contactar a Saúde 24 (808 24 24 24) ou consultar o médico, referindo a viagem recente;

As mulheres grávidas constituem a principal preocupação, o vírus Zika pode passar da mulher grávida infetada para o feto, e o vírus pode induzir mal-formações congénitas, como microcefalia. Como tal, sugere-se que as grávidas não se desloquem, neste momento para as áreas afectadas.

Se tiver que o fazer, estão recomendadas precauções especiais para as grávidas, que devem consultar o seu médico antes e depois de viajar para um local onde o vírus Zika seja endémico.

Mulher grávida
As grávidas devem tomar precauções adicionais créditos: Pixabay

Devem seguir estritamente os passos recomendados de forma a prevenir as picadas de mosquito e a transmissão sexual:

  • As grávidas provenientes de uma área afetada, mesmo sem sintomas, devem mencionar a sua viagem durante as consultas de vigilância pré-natal, para serem avaliadas e monitorizadas adequadamente.
  • Os homens provenientes de uma área afetada devem considerar o uso do preservativo ou abstinência sexual com uma grávida até ao final da gravidez.
  • Os homens provenientes duma área afetada que tenham tido infeção por vírus Zika devem considerar o uso do preservativo, durante 6 meses após o regresso, com uma mulher que planeie engravidar.
  • Os homens provenientes de uma área afetada que não tenham tido sintomas compatíveis de infeção por vírus Zika devem considerar o uso do preservativo ou abstinência sexual durante 4 semanas após o regresso, com uma mulher que planeie engravidar.

Em resumo:

A doença do vírus Zika é causada por um vírus transmitido pelos mosquitos Aedes.

As pessoas com a doença do vírus Zika têm, normalmente, febre ligeira, erupção da pele (exantema) e conjuntivite. Estes sintomas duram, normalmente, 2-7 dias.

Actualmente, não existe qualquer tratamento específico nem vacina.

A principal medida de prevenção é a proteção contra a picada do mosquito.

Sabe-se que o vírus circula em África, nas Américas, na Ásia e no Pacífico.

Antes do início da viagem todos os cidadãos devem procurar aconselhamento em Consulta do Viajante, com pelo menos 4 semanas de antecedência.

Pedro Pinho Caetano é médico pós-graduado em Medicina de Viagem e Aeronáutica

Bibliografia
OMSCDCDGSNEJM