Diz a lenda que “scarzuola”, designação que tem origem em “la scarza” — uma planta do pântano da região — foi usada por São Francisco de Assis, no início do século XIII, para construir um abrigo e para plantar uma roseira que, por milagre, fez jorrar água de uma rocha. Em 1400 um mosteiro franciscano foi erguido aqui e permaneceu na posse da congregação até 1876, altura em que transitou para as mãos do Conde de Masrciano, até ser finalmente adquirida em 1956 por Tomaso Buzzi, um artista milanês que a redesenhou e a reconstruiu como uma cidade ideal.

Homem excecionalmente versado em cultura e literatura, Tomaso Buzzi trabalhou ao longo da sua vida como arquiteto paisagista, inventor, restaurador e como curador de design de interiores em importantes edifícios históricos. Foi um incansável designer e especialista em arte até decidir, em 1956, fixar residência no convento de Scarzuola, “um lugar encantador fora do espaço e do tempo que o despojou da sua máscara profissional, transformando-o numa versão crua e nua de si mesmo, libertando a sua criança interior e o puro génio interior”.

O resultado foi um itinerário fantástico, formado por construções evocativas de experiências e imagens que por anos inspiraram Buzzi como a Villa Adrian e a Villa d'Este, os jardins de Bomarzo, a Acrópole, o Coliseu, o Panteão, o Partenon, a Torre dos Ventos, o Templo de Vesta, a Torre do Relógio de Mântua e as Pirâmides.

Na construção neo-maneirista e surreal existem escadas que se projetam em todas as direções, desproporção deliberada e alguns “monstros”. Fantasia e espiritualidade fundem-se neste local sagrado, que já foi mosteiro de frades, e que agora é a profana cidade de Buzzi. 

Alegorias e surpresas esperam o visitante a cada esquina. Símbolos indecifráveis e citações bizarras, edifícios que imitam observatórios astronómicos árabes, estruturas zoomórficas, templos pagãos, uma torre de cristal semelhante ao pináculo de uma catedral gótica, grutas para meditação. Há de tudo um pouco.

O Olho de Buda, a Torre de Babel, uma homenagem ao Teatro della Scala em Milão, um imponente Totem de Meditação, um Arco do Triunfo, o Teatro das Águas, o Templo de Vesta, são apenas alguns dos destaques deste local, verdadeiramente mágico, onde história e arte se misturam e combinam com a astrologia, o esoterismo e a espiritualidade.

Tomaso Buzzi desapareceu em 1981, deixando inacabada a sua obra, mas esta foi posteriormente concluída pelo seu sobrinho Marco Solari, hoje o proprietário do complexo. 

Como visitar

La Scarzuola é uma propriedade privada que só pode ser visitada com reserva efetuada no site oficial. 

O passeio pelos diversos edifícios dura cerca de duas horas e é acompanhado pelo atual proprietário que dá aos visitantes explicações detalhadas sobre cada um dos elementos do complexo.

Se vier de Roma/Florença, saia da auto-estrada A1 em Fabro. A partir daqui, siga as indicações para Montegabbione e, uma vez lá, para Montegiove. Cerca de 1 km depois da aldeia, siga pela estrada à direita para “La Scarzuola XIII Secolo”, assinalada com placas brancas e depois de percorrer cerca de 2 km por uma estrada de cascalho, chegará ao seu destino.

Onde ficar

Montegabbione, a aldeia mais próxima de La Scarzuola, é muito pequena e não tem hotéis, mas existem alguns alojamentos de agro-turismo por perto como Il Colombaio ou Gattogiallo onde os visitantes podem ficar hospedados.

Para mais inspiração e ideias para passeios, férias e fins de semana em Portugal e no mundo, espreitem o The Travellight World e minha página de Instagram