Bem, desta vez consegui não perder o autocarro da PeruHop. Depois de uma experiência magnífica no mar em Paracas, estava na hora de seguir para um cenário completamente oposto: o deserto de Huacachina.
Saio de Paracas por volta da hora do almoço e apenas cerca de 1 hora depois chego a Huacachina. Pelo caminho, ainda no autocarro, acabo por comprar um tour para o mesmo dia, que me viria a dar a oportunidade de ser completamente achocalhada dentro de um buggy nas enormes dunas de areia que rodeiam a cidade. Pareceu-me um bom plano.
Huacachina é uma pequena cidade, localizada a cerca de 10 minutos de Ica, a capital de distrito. É um autêntico oásis no meio do deserto, cujos edifícios rodeiam um lago que se encontra no meio das dunas. A cidade não é de todo bonita, mas a imagem do lago rodeado de palmeiras e enormes dunas é, sem dúvida, impressionante! Aparentemente Huacachina significa “a mulher que chora”. Reza a lenda que o lago foi criado pelas lágrimas de uma mulher cujo marido, um comandante, tinha sido morto na guerra. A mulher chorou tanto, tanto, tanto de desgosto que as suas lágrimas se transformaram num lago e ela numa sereia. Pois. Bem me pareceu ver uma barbatanazita a espreitar no lago.
Chegada à cidade, o guia da PeruHop leva-me até ao meu hotel, o Desert Nights Ecocamp. Não podia ter escolhido melhor, este hotel era um verdadeiro oásis no meio da restante escolha. Os quartos são tendas colocadas em cima da areia, tem uma piscina fantástica (que infelizmente não cheguei a ter tempo de usar), camas de rede por todo o lado e um pequeno almoço bem jeitosinho. Mas naquele dia só tive mesmo tempo de pousar as malas, trocar de roupa e seguir para o ponto de encontro de onde sairiam os buggys daí a pouco.
Tudo começa suavezito, mais parecia um passeio de domingo pelo deserto. Hummm… isto afinal não vai ser assim muito puxado. Bem, de qualquer forma, o que eu queria mesmo era dar uma volta pelo deserto e ter outra perspectiva da cidade, por isso tudo tranquilo. Um pouco mais à frente o buggy pára e chega a hora das primeiras aventuras dunas abaixo com uma prancha antiga de snowboard. Pois, hummm… acho que passo. Com a sorte que tenho, provavelmente partia qualquer coisa ou pelo menos comia muita areia e uma vez no hospital durante esta viagem já me chega, muito obrigada.
Os restantes ocupantes do buggy aventuraram-se todos, uns comendo mais areia que outros. Apenas eu e outro passageiro, um Chileno, ficámos no buggy. O buggy tem de dar a volta para ir buscar as pessoas ao fundo da duna. E agora sim, as coisas começaram a aquecer. O motorista decidiu compensar-nos pelo facto de não termos feito sandboarding e após uma pequena oração (nunca é bom sinal quando o motorista se benze antes de começar a conduzir, pois não?), carrega no acelerador como se não houvesse amanhã. Juro que vi a minha vida a passar-me em frente aos olhos. Imaginem a duna mais íngreme. E agora imaginem-se no banco da frente de um buggy a descê-la em grande velocidade. Sim, exacto: medo! Eu não conseguia parar de sorrir com a adrenalina, pelo que para além da boca totalmente seca, ainda tive o privilégio de comer areia que os outros buggys lançavam quando passavam por nós a ainda maior velocidade. Seguiram-se ainda mais 2 descidas de sandboarding e nós os 3 (eu, o Chileno e o motorista) sempre a aproveitarmos ao máximo aquelas dunas! O Chileno, já nos seus 40s e qualquer coisa só dizia “sinto-me novo novamente!”
Ainda nessa noite, já no hotel, compro um bilhete de autocarro para Nasca pela companhia de Cruz del Sur, já que caso contrário teria de ficar mais uma noite em Huacachina à espera do autocarro da PeruHop que só sairia no dia seguinte. E para mim uma noite de deserto era mais que suficiente.
E agora cá estou, em Nasca, e já com algumas histórias interessantes para vos contar. Mas fica para a próxima crónica.
Até já!
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