Uma pequena introdução

Localizado a Norte da África do Sul, este país tem uma das menores densidades populacionais do mundo, ao juntar apenas 2 milhões de pessoas numa área que é superior à de França. O Botswana (que significa literalmente “a terra dos Tswana”, o povo em maioria no país) é ainda famoso por ter enormes reservas de diamante. São o maior produtor do mundo dessa pedra preciosa e, muito devido a isso, um dos países mais ricos de todo o continente africano.

A nossa visita ao país dos diamantes começou então na capital, que se localiza no Sul do país: Gaborone (ou “Gabz”, na gíria local).

Uma capital moderna e o deserto à volta dela

Gaborone é uma cidade relativamente extensa e consideravelmente desenvolvida. É uma das capitais mais “ocidentais” que conhecemos na viagem, demonstrando bem o porquê do país ser o terceiro em África com maior Índice de Desenvolvimento Humano, à frente, por exemplo, do Egito e da vizinha África do Sul.

Várias avenidas largas, um distrito governamental e um distrito de negócios, ambos cobertos de edifícios modernos, centros comerciais e preços mais elevados (principalmente no alojamento, onde já não descobrimos estalagens nem hotéis económicos a 3 ou 4€/pessoa).

Para contrastar, vimos longos mercados de rua, onde dezenas de bancas vendem comida típica, souvenirs, roupa e doces. Um almoço nestes mercados custa 25 pulas do Botswana (pouco menos de 2€) e é uma delicia. Enchem-nos uma caixa branca de esferovite com um bife ou uma salsicha e vários acompanhamentos à base de cereais e leguminosas: samp, pap e chakalaka são os mais comuns.

Também mais parecida com as capitais a que estamos habituados é a enorme estação de autocarros e carrinhas. Caótica, aqui encontramos sempre agitação, pessoas a tentar adivinhar o nosso destino e destinos para todos os gostos – tanto internos como para o estrangeiro.

Foi precisamente por lá que embarcámos, às 5 da manhã, num (excelente) autocarro para o Norte do país, atravessando-o quase na totalidade. Foram centenas e centenas de quilómetros de deserto, praticamente sem vermos vestígios de civilização (e daí a pequena densidade populacional do país). Onze horas depois da partida, chegámos ao destino – Maun.

A capital turística do Botswana

Maun consiste numa cidade relativamente pequena, com 60 mil pessoas, considerada, no entanto, a capital turística do país. Isto por ter a “sorte” de se situar junto a um dos fenómenos naturais mais únicos do planeta: o Delta do Rio Okavango.

O Okavango é um dos principais rios da África Austral. Nasce em Angola, passando depois pela Namíbia e desagua no Botswana. Mas o que o torna tão especial é o facto de este não desaguar em nenhuma massa de água. Nem num lago, nem no oceano (o país nem sequer tem costa), nem em outro rio.

Na verdade, após 1700 km de extensão, o Okavango simplesmente evapora no meio do Deserto do Kalahari, formando um enorme e magnífico delta pantanoso, o maior do mundo situado num deserto. Esta zona é, hoje em dia, ocupada em parte pela Reserva Natural de Moremi, uma das mais procuradas em África pelas suas paisagens e vida selvagem, já que é possível encontrar os famosos “big 5”.

Inúmeros animais são atraídos por estes tons de verde e de azul que se espalham por uma zona que era seca e desértica, tornando o Delta do Okavango num verdadeiro oásis do Kalahari!

Previamente, lemos e disseram-nos que as melhores vistas sobre este delta são as aéreas, através de voos cénicos de helicóptero ou avião, sejam de ida e volta para Maun, ou levando os turistas para alojamentos de luxo no centro da reserva.
Mas depressa conseguimos constatar que estes planos estavam bastante fora do nosso budget.

Alternativas, porém, não faltam, já que Maun está repleta de agências turísticas, de aluguer de carros e de companhias de safáris. Após alguma procura, reservámos o plano mais económico que nos permitia viver uma das 7 maravilhas naturais de África.

Durante a procura passámos ainda por pequenas bancas com refeições e almoçámos uma especialidade local, das mais saborosas de toda a viagem: um guisado de carne e caule de nenúfar, muito usado nesta culinária e com um sabor semelhante à batata.

Um dia junto de uma Maravilha Natural de África

No dia seguinte, dois guias botsuanos levaram-nos bem cedo até um dos muitos braços do delta. Explorámo-lo através de um barco a motor e de “mekoro” (plural de “mokoro”), canoas de madeira aparentemente frágeis com uma vara a funcionar como remo e usadas pelos locais como transporte pelos rios e lagos do país. Navegámos então pelo meio da erva alta e dos nenúfares que enchem esta zona do rio, contemplámos várias espécies de aves raras e evitámos cuidadosamente os hipopótamos que por ali habitam.

Partimos depois para uma pequena caminhada à volta do rio, em terreno com pegadas frescas de elefantes e outros mamíferos de grande porte e terminámos o dia em contacto com os locais: visitámos uma pequena aldeia junto ao delta, mas isolada do resto.

Nesta aldeia, as pessoas cultivam quase tudo o que comem, constroem as próprias habitações à base de argila e poucos são os que conseguem dizer uma palavra em inglês. Ainda assim, receberam-nos amigavelmente, conversámos (muitas vezes com ajuda dos guias ou do nosso companheiro Google Tradutor) e ensinaram-nos Setswana – a língua nacional. Ainda nos deram a provar vinho fermentado nas folhas das palmeiras que estavam a poucos metros de nós.

Acabámos por contribuir comprando garrafas desse mesmo vinho e despedimo-nos usando o que aprendemos, da mesma forma que me despeço desta crónica:
Ke a leboga Botswana!

Projeto Prá frente

O Projeto Prá Frente foi criado por dois jovens engenheiros, com a intenção de conhecer (e partilhar) uma perspetiva completa do Sudeste Africano, focando-se não só no seu património deslumbrante, mas também nas suas pessoas e naquilo que tem para oferecer para o futuro.

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