Depois de termos deixado São Petersburgo as nossas expetativas em relação a Moscovo mantinham-se. Tinham-nos dito que era uma cidade bonita, mas com um ambiente mais pesado, com pessoas mais frias e severas. Mal chegamos à estação de comboio notamos uma segurança mais apertada, mas nos dias de hoje isso não nos assusta, muito pelo contrário. Cá fora, o ambiente não era tão assustador como nos tinham dito. Chamamos um Uber e seguimos para o nosso hotel, escolhido estrategicamente pelas suas comodidades, com um SPA, piscina interior, sauna e banho turco. Com o frio que fazia lá fora, não hesitamos em deixar-nos relaxar, fazendo tempo até ao nosso objetivo de mais logo, o restaurante White Rabbit.

O White Rabbit é um dos restaurantes mais ambiciosos do mundo, que teve uma ascensão vertiginosa na lista dos 50 melhores do mundo. Com poucos anos de vida, o White Rabbit ocupa atualmente a 18.ª posição. A nossa impressão sobre este espaço moscovita fica para outro artigo. Contudo, podemos dizer que adoramos e recomendados de olhos fechados, valendo muito pelo ambiente, decoração e vistas.

Tal como dissemos na nossa primeira impressão sobre a Rússia, bastaram poucos minutos de carro (do hotel para o White Rabbit) para perceber que Moscovo é fascinante, uma mistura entre Nova Iorque e Tóquio. O fator mais importante é sem dúvida o da surpresa, isto porque ninguém nos tinha dito que a cidade era tão imponente, com os seus edifícios gigantes, iluminados e bem conservados. Aqui fica uma história curiosa: após a vitória na II Guerra Mundial, Josef Stalin, presidente do conselho de ministros da União Soviética, foi reconhecido como líder indiscutível e este quis mostrar ao mundo a imponência e patriotismo russo, mandando construir sete majestosos edifícios em Moscovo, isto porque acreditava que a capital russa precisava de se modernizar para fazer frente ao capitalismo. Hoje em dia, esses edifícios são ocupados por unidades hoteleiras, apartamentos de luxo ou ministérios, conferindo um ar misterioso à cidade.

No dia seguinte, e como estávamos na cidade do balé, não quisemos deixar de conhecer o Teatro Bolshoi, o mais famoso e histórico do mundo para esta arte. Foi aqui que se estreou, por exemplo, o famoso Lago dos Cisnes, do compositor Tchaikovsky. Os bilhetes foram comprados online previamente, tendo custado 35€ por bilhete para as cadeiras de orquestra. A peça La Sylphide foi uma experiência que se revelou única, principalmente, por ter sido numa sala emblemática e com uma orquestra à altura. Ao sair do espetáculo fomos almoçar ao restaurante do Teatro, com o mesmo nome e, mais uma vez, a cozinha russa não desiludiu.

Catedral de São Basílio, em Moscovo
Catedral de São Basílio, em Moscovo

Da parte da tarde, fomos para o espaço mais movimentado e famoso de Moscovo, a Praça Vermelha. Adjacente ao Kremlin, é um espaço vazio onde as pessoas se concentram para tirar fotos e onde habitualmente existem exposições temporárias, quase sempre relacionadas com a força militar russa. A tapar um dos lados da Praça está o GUM, o centro comercial mais famoso da Rússia, algo que por si só também merece uma visita. Ao fundo, temos o cartão postal de Moscovo, quiçá do país, a Catedral de São Basílio. Com uma estrutura tão peculiar, colorida e única, reza a lenda que o Czar Ivan, o Terrível, deixou cego o arquiteto da obra, de forma a evitar que construísse algo tão belo e magnífico para outra pessoa.

As estações de metro de Moscovo
As estações de metro de Moscovo

Já referimos anteriormente, mas nunca é demais sublinhar, que em todas as alturas nos sentimos seguros na cidade, seja em espaços fechados, públicos ou mesmo nas estações de metro. Por falar no transporte subterrâneo de Moscovo, confirmamos que os moscovitas têm as estações de metro mais belas do mundo. Vale a pena ocupar umas horas a viajar pelas estações de Komsomolskaya, Novoslobodskaya, Kievskaya, Elektrozavodskaya, Ploshchad Revolyutsii e Mayakovskaya, que são autênticos exemplos de orgulho do povo moscovita. A viagem unitária de metro custa cerca de 0,80€.

Túmulo do Soldado Desconhecido
Túmulo do Soldado Desconhecido

Não podíamos deixar Moscovo sem conhecer o que se esconde por detrás da muralha envolvente ao Kremlin. Antes de comprar o bilhete, convidamos as pessoas a passearem-se pelos Jardins de Alexander, seja inverno ou verão, e prestar homenagem no Túmulo do Soldado Desconhecido, um monumento que honra os soldados que morreram em tempo de guerra sem que os seus corpos tenham sido identificados. Já dentro do Kremlin, e com o bilhete para ver o complexo arquitetónico (cerca de oito euros), podem entrar nas catedrais, ver o maior sino e canhão do mundo, e passearem-se pelos espaços abertos onde reside o presidente Vladimir Putin, um verdadeiro ídolo para os russos.

Nos Jardins de Alexander
Nos Jardins de Alexander

Já com pena de deixar Moscovo, uma das cidades que mais gostamos de conhecer até hoje, regressamos até à estação ferroviária para entrar noutro grande símbolo russo, o comboio 'Flecha Vermelha', que liga as cidades Moscovo e São Petersburgo numa viagem noturna de oito horas, com partida sempre às 23h55. Esta história fica para outra altura, mas acreditem que vale a pena esperar.


Notas

Preço médio da refeição: 20 euros por pessoa, com entrada, prato, sobremesa, copo de vinho e café;

Orçamento para os dois dias: Aproximadamente 250 euros para o casal;

Como chegámos lá: Comboio rápido Sapsan desde São Petersburgo (20€ por pessoa);

Mês escolhido: Novembro

Alojamento: Garden Ring Hotel, tendo custado 180 euros as duas noites, com pequeno almoço incluído.