Com frequência abandonadas e alvo de vandalismo, as cabines foram transformadas em bibliotecas, lojas, postos de informação, cafés e, até, em escritórios.

Desde que atingiu um pico de 92 mil unidades em 2002, o número de telefones públicos do Reino Unido começou a cair. Restam 42 mil, dos quais 7 mil são as famosas cabines vermelhas.

A companhia de telecomunicações BT prevê o fim de outros 20 mil telefones públicos nos próximos cinco anos. A manutenção das cabines tem um custo anual de 5 milhões de libras (5,7 milhões de euros). Por dia, são feitas cerca de 30 mil chamadas desses aparelhos, uma queda de mais de 90% em dez anos.

Ainda assim, pretende-se preservar as cabines mais icónicas.

A mais conhecida, o modelo "K6" de metal vermelho com uma coroa em seus quatro vértices superiores, foi a primeira a ser instalada no país. Foi projetada pelo arquiteto britânico Giles Gilbert Scott para o jubileu de prata do rei George V, em 1935.

"Procuramos alternativas para responder às necessidades dos utilizadores", disse à AFP Mark Johnson, responsável pela área de telefones públicos da BT.

Centenas de cabines têm agora um multibanco, outras vão funcionar como pontos de distribuição de wi-fi, gratuitos e financiados com publicidade. A BT também está a considerar a possibilidade de transformar algumas delas em pontos de recarga para veículos elétricos.

Outras são reformadas e vendidas para colecionadores por um preço base de 2.750 libras (3.100 euros) mais impostos, ou cedidas por uma quantia simbólica a autarquias e associações. Este programa permitiu salvar mais de 5 mil cabines. "Trata-se de preservar o património do Reino Unido", afirmou Mark Johnson.

Alugar uma cabine

A empresa Red Kiosk Company, que destina uma parte da sua receita para associações de ajuda à população de rua, é uma das beneficiárias. Com esse método, comprou 124 cabines vermelhas, que aluga por 360 libras (410 euros) por mês.

"Ao mesmo tempo em que se salva uma obra histórica, cria-se emprego e revitaliza-se um lugar", comentou o diretor da Red Kiosk Company, Edward Ottewell, lamentando que as licenças administrativas às vezes são difíceis de conseguir.

O modesto aluguer permite a jovens empresários - em geral, sem condições de suportar o elevado preço de um aluguer em Londres - lancem os seus projetos.

"É o único lugar que nos é acessível, porque é apenas um metro quadrado", gracejou Ben Spier, fundador de uma cabine que vende saladas na Bloomsbury Square.

Curiosamente, a Red Kiosk também tem entre os seus clientes uma empresa que repara telefones móveis, a Lovefone.

Cabines telefónicas de Londres ganham outras funções
créditos: AFP

"Um dia perguntaram-me se não tinha claustrofobia", contou à AFP o técnico Fouad Choaibi, que trabalha numa cabine equipada com uma pequena mesa, prateleiras para as peças e uma pequena estufa. "Respondi que, com um único passo, já estou fora do escritório".

Fonte: AFP