Esta zona, cujo património remonta aos primeiros habitantes destes territórios, tem muito a oferecer àqueles que se aventuram pelo deserto. Comece o seu périplo pela região visitando a antiga cidade, hoje sítio arqueológico, de Paquimé.

Quase camuflado pelas areias do Deserto de Chihuahua, este sítio classificado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, é o centro da cultura de Casas Grandes. Trata-se de um povoado indígena que remonta ao século VIII. No período de maior desenvolvimento, durante o século XIV, chegou a ter dez mil habitantes e, apesar de ter sido abandonado há várias centenas de anos, os seus quartos e pátios permanecem praticamente intactos.

Com 146 hectares de extensão, é a maior área de escavação arqueológica associada aos povos e culturas do Deserto de Chihuahua. No entanto, apenas em 1959 a dimensão deste lugar foi desvendada com todos os seus detalhes. Durante três anos, um projeto arqueológico de enormes dimensões permitiu trazer à luz do dia os vestígios do complexo megalómano de dois mil quartos que em tempos se equiparou a uma cosmopolita cidade do Império Romano.

Casas de tijolo cru foram construídas lado-a-lado, formando um complexo intrincado, organizado em pequenos núcleos residenciais, oficinas, lojas e espaços de uso comum, como monumentos cerimoniais, campos de jogos de bola e fornos. Paquimé dispunha, também, de um complexo sistema de fornecimento de água, que incluía sistemas de drenagem e de esgotos, bem como reservatórios. A proximidade de uma fonte de água termal garantia o abastecimento de água quente, que era então distribuída por cada casa através de um elaborado sistema de canais.

Casas Grandes
créditos: Paquimé| Aromgom| Public Domain

Depois de um longo período de prosperidade, a cidade entrou em rápido declínio e desapareceu aquando da conquista espanhola em meados do século XV. Muitos dos aspetos que marcavam o quotidiano deste povo e o motivo do seu desaparecimento são ainda hoje um mistério.

Próximo do sítio arqueológico foi construído um museu destinado a albergar objetos encontrados nas escavações. A coleção transporta o visitante ao longo dos momentos mais marcantes da história da região, desde os primeiros humanos a habitar o continente, ao declínio da cidade e à chegada dos missionários e conquistadores espanhóis.

Não muito longe, poderá encontrará a vila de Colónia Juarez. Esta pequena vila, construída num estilo que relembra as cidades americanas, foi uma das primeiras colónias mexicanas estabelecidas por pioneiros Mormons no final do século XIX. Até aos dias de hoje, uma parte significativa da população descende dos primeiros colonos. A Colónia Juarez é também conhecida pela beleza dos seus pomares de pêssegos e maçãs e ranchos agrícolas.

A sul da Colónia Juarez fica a impressionante Fazenda São Diego - em tempos uma propriedade agrícola - e a sua encantadora casa colonial. Foi, no passado, propriedade de Luis Terrazas que, no princípio do século XX, tinha em sua posse várias dezenas de fazendas em todo o estado de Chihuahua, sendo então considerado o homem mais rico do México.

Não muito longe fica a vila de Juan de Mata Ortiz. Esta pequena população é um importante centro ceramista e aqui são produzidas as melhores e mais delicadas peças de cerâmica em todo o México, reconhecidas pelo uso de técnicas pré-hispânicas na sua produção e por uma estética que relembra aquelas usadas no povoado de Paquimé.

Nas proximidades encontrará o Valle de las Cuevas ou Québale. Neste sítio arqueológico foram descobertas ruínas, petróglifos e pinturas em cavernas cujas origens se relacionam com a cultura de Paquimé. Para ficar a conhecer outras culturas indígenas que, durante vários séculos, habitaram a região, siga rumo a Arroyo de los Monos, onde poderá ver pinturas rupestres que retratam silhuetas humanas e cenas de caça, permitindo um vislumbre do quotidiano destes povos.

De regresso a Casas Grandes, a partir de onde terá acesso a toda a região, despenda algum tempo para conhecer o seu pitoresco centro e visite o palácio municipal, a igreja-mãe, os murais pintados por artistas locais que representam alguns dos momentos mais relevantes da história local e termine o dia com um passeio ao longo das margens ribeirinhas da cidade.