As origens do Carnaval perdem-se no tempo, pensando-se que as festas que estão na sua génese se realizavam há milhares de anos, por altura das colheitas. Os Gregos e Romanos terão transformados essas celebrações em homenagens ao Deus do Vinho, com a tradição a disseminar-se mais tarde por toda a Europa, atravessando depois os mares. O Carnaval é atualmente assinalado um pouco por todo o mundo. Os rituais variam, mas em comum têm os dias de folia, em que (quase) tudo é permitido. Já reza o ditado, que no Carnaval ninguém leva a mal.

CARNAVAL À BRASILEIRA

O Brasil é um dos destinos mais procurados durante o Carnaval. A tradição chegou com os portugueses, mas o grande salto dá-se na segunda metade do século XIX, com a criação dos clubes carnavalescos, ranchos, blocos e cordões. O primeiro samba data de 1917 e 15 anos depois ocorre o primeiro embate entre as escolas. Somente em 1984 o grandioso desfile passa a acontecer no sambódromo, no Rio de Janeiro. Mas nem só os cariocas festejam o Carnaval. A animação estende-se um pouco por todo o Brasil, com a Bahia e o Recife à cabeça.

Rio, ao ritmo do samba

Carnaval: Brasil ou Itália, eis a questão
créditos: Ferran Feixas/Unsplash

É indiscutível, a Cidade Maravilhosa vive o Carnaval como nenhuma outra à face da Terra. A alegria contagiante dos cariocas tem vindo a conquistar turistas de todo o mundo, que anualmente rumam ao Rio para dias de folia. As festividades começam, na verdade, na sexta-feira anterior ao Carnaval, com a entrega simbólica das chaves da cidade ao Rei Momo pelo prefeito. Nos dias que se seguem, os vários blocos invadem as ruas e os bairros animam-se com desfiles e muita festa. O sambódromo é o palco principal do Carnaval, com o concurso de escolas de samba. Um evento único, que só mesmo vivido. Apesar de popular, a festa do Carnaval ganha contornos mais elitistas em alguns bailes, com destaque para a festa de gala que anima o hotel Copacabana Palace, na noite de sábado. Se busca algo menos formal, encontra outros bailes em espaços culturais e de restauração diversos.

Bahia, a terra do axé e do trio elétrico

Carnaval: Brasil ou Itália, eis a questão
créditos: João Ramos - Turismo da Bahia

Cor, dança e música tomam conta das ruas de Salvador durante o Carnaval. Esta é a capital da Bahia, mas também do axé, ritmo caraterístico da região que nasceu na década de 1950 e se tornou sinónimo de folia. Doze bairros mostram o que valem com apresentações e desfiles nos famosos blocos carnavalescos. Os maiores festejos passam pelo Centro Histórico, Ondina ou Campo Grande. O Carnaval baiano é também conhecido pelos seus trios elétricos. Tudo começou em 1950 quando Adolfo Dodô Nascimento e Osmar Álvares Macêdo, a dupla Dodô e Osmar, criaram a Fobica, calhambeque aberto adaptado para apresentações musicais no qual saíam pelas ruas de Salvador. Em 1952, o conceito do trio elétrico tornou-se genérico, referindo-se ao camião ou autocarro que transporta até hoje músicos, cantores e outros foliões pela cidade, durante o Carnaval.

Recife, dos bonecos gigantes ao maracatu

Carnaval: Brasil ou Itália, eis a questão
créditos: Circuito Fora do Eixo

Este é outro dos carnavais brasileiros mais apreciados, com os festejos a animarem tanto a cidade do Recife como a vizinha Olinda. Aqui o samba dá lugar a outros ritmos, a saber, o frevo e o maracatu. A grande abertura do Carnaval é feita no sábado pelo Galo da Madrugada, o maior bloco carnavalesco do mundo, que percorre as ruas de Recife, juntando mais de um milhão de foliões. Já em Olinda, vale a pena ver de perto os bonecos gigantes, que se juntam aos desfiles e orquestras de frevo. Esta espécie de gigantones pode depois ser apreciada da Embaixada dos Bonecos Gigantes. Aqui estão recriações de figuras públicas brasileiras e internacionais, como Neymar, Roberto Carlos, Rita Lee, Bob Marley ou Michael Jackson.

CARNAVAL EM ITÁLIA

A primeira referência à palavra “carnaval” surge em 1094 num édito do Doge de Veneza, no que se institui uma festa de âmbito público que antecedia a Quaresma. Mas a origem das festividades em Itália será anterior, estando relacionada com a tradição das Saturnálias romanas e dos festivais dionisíacos da Grécia Antiga.

Todo o encanto de Veneza

Carnaval: Brasil ou Itália, eis a questão
créditos: Micky White/Unsplash

Neste Carnaval bem clássico e recheado de pompa e circunstância, todos os caminhos vão dar à Praça de São Marcos, onde as mais belas máscaras desfilam. Mas as festividades têm uma agenda recheada, da qual faz parte a La Festa Veneziana sull’Acqua, ou seja, um desfile de barcos que atravessa todo o Canal Grande até ao Rio de Cannareggio. A ter em conta é também a Festa das Marias, tradição retomada nas últimas décadas, e que consiste no apadrinhamento pela igreja de doze jovens noivas provenientes de famílias pobres. Estas desfilam vestidas a rigor rumo à Praça de São Marcos. Intimamente relacionada com o Carnaval de Veneza, a Commedia Dell’Arte oferece as mais famosas máscaras, com Arlequim, Pantaleão, Pierrô, Colombina, Polichinelo e o Médico da Peste a serem vistos um pouco por toda a cidade.

Milão, o palco do Carnevale Ambrosiano

Carnaval: Brasil ou Itália, eis a questão
créditos: Effems

As ruas de Milão animam-se para o Carnaval, alguns dias depois do que em outras regiões. Tal explica-se com uma lenda segunda a qual no século IV o bispo San Ambrogio, santo padroeiro da cidade, em peregrinação por terras longínquas, não conseguiu chegar a tempo para o início da Quaresma, pedindo por aos milaneses que atrasassem a celebração. Desde essa altura que a tradição se mantém e o Carnaval Ambrosiano, assim chamado em honra do santo, com a festa a durar até ao sábado a seguir à terça-feira gorda. As estrelas da festa são os próprios milaneses, que se disfarçam e desfilam pela cidade. Um dos protagonistas é o ‘Meneghino’, personagem da ‘commedia dell’arte’ que se pensa representar o criado que acompanhava os nobres à missa dominical. ‘Meneghino’ é irónico e astuto, mas também justo, sincero e honesto. Das suas vestes coloridas destaca-se o chapéu de três bicos e a ausência de máscara, que simboliza a sua sinceridade. ‘Cecca’, a sua mulher, acompanha-o muitas vezes no desfile.

Do calor do samba carioca à elegância de Veneza, o Carnaval tem no Brasil e em Itália dois palcos irresistíveis. Escolha o seu preferido e reserve já o seu voo com a TAP, porque a vida são dois dias e o Carnaval são três.