Caranguejos-violinistas, porcos barbudos, serpente voadora do paraíso, macacos de cauda longa e macacos-narigudos, troncos que saem da água. Ainda que possa soar a personagens criados pela imaginação fértil de uma criança ou de qualquer banda desenhada, desenganem-se. Existem e moram aqui, no Bako National Park. Venha conhecê-lo através da nossa fotogaleria.

Se tivéssemos de escolher um único parque natural, de toda a viagem, seria este e as razões crescem a cada passo que, já lá dentro, se dá.

O primeiro cenário rouba-nos e exige-nos todos os sentidos, um a natureza crua, despida de qualquer cor, despedida até de: vida e, ainda assim: tudo. Arrepiei-me, continuo a arrepiar-me quando a memória e traz de novo aqui, não sabia que a natureza se podia despir assim, mostrar assim: nua, crua e, ainda assim: tão bela.

Da água saem troncos, perderam tudo: fruto, folhas, copa, ramos… vida. E, no correr do dia, quando já nada tinham, perdem também a água, que seca e ficam lá eles, os troncos, agarrados à terra com uma réstia de água a lembrar que, no dia seguinte, tudo recomeçará.

créditos: Menina Mundo

E recomeça. Com as vidas – as nossas – não é diferente. Há dias assim, da água saem troncos; dos braços: asas; do peito: respiramos fundo. Paramos. Vamos e ganhamos mais uma margem (de nós).

Mudamos de cenário. São as pequenas baías, as praias desertas e formações rochosas que se elevam da linha de água e das quais apenas percebemos a grandeza quando o barco – pequeno – nos aproxima delas.

créditos: Menina Mundo

Segue-se a vida selvagem e os trilhos que a rasgam –  à selva – de forma cuidada. 16 trilhos, que vão de uma caminhada de horas a dias inteiros de aventura, com expedições de acampamento durante a noite.

São sete ecossistemas completos que estes trilhos exploram e não é só pela sua duração que pode escolher, os trilhos também são variados no que diz respeito à fauna e flora: se tem especial fascínio pelas plantas carnívoras  – faça o Lintang trail; se quer ver os macacos-narigudos (proboscis monkeys) – siga os trilhos Telok Delima ou Telok Paku.

Se quer ver cobras – percorra qualquer um deles! Sim, dizem que as há, apesar de, pelo menos desta vez, os nosso olhos terem sido poupados, ou apenas distraídos, que elas são peritas em camuflagem. Inofensivas, como diz o nome da cobra árvore do paraíso ou serpente voadora do paraíso, mas também aqui já foram avistadas víboras Walger, de cabeça larga e forma triangular e esta sim: venenosa.

Vimos caminhos feitos de raízes, outros de rochas que o tempo e a erosão amaciaram. Subimos ao ponto mais alto e aí paramos, para encher o peito de ar e os olhos de tudo o que nos era ali oferecido: tudo.

É também o lugar perfeito para a observação de aves, com mais de 150 espécies, e não deixem escapar-vos os caranguejos- violinistas e caranguejos-eremitas, porcos-barbudos, javalis, macacos de cauda longa e langurs prateados. Destemidos, muito destemidos e rápidos, roubaram uma banana das mãos da Mia, que apenas  teve tempo de o ficar a ver – incrédula – e dizer:

 Não monkey, é da Mia.

Não contente ainda nos veio buscar comida ao prato,  se não acreditam deixem que as imagens vos contem melhor que as palavras.

Entre os trekkings, aproveitem as praias de areia branca para descansar, mas cuidado com os mergulhos, parece que aqui também é lugar de crocodilos.

E são quase 3000 hectares de área, onde cabe quase toda a variedade de vegetação do Bornéu. Quem o visita, desde 1957, percebe por que motivo é assinalado como um dos poucos lugares do mundo com tamanha concentração de beleza.

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Se estiver em Kuching não perca o Bako National Park. Fica apenas a 37km da cidade e há um autocarro local que o leva até lá.

Este artigo foi originalmente publicado em Menina Mundo.