"O poder das autoridades centrais nas zonas mais remotas é frágil, pelo que a capacidade de intervenção é limitada", indica a embaixada de Portugal em Lima através do portal diplomático.

A mesma nota, referindo-se à "presente instabilidade política", "desencoraja" a realização de viagens não essenciais, em particular por via rodoviária porque os bloqueios de estrada são frequentes.

"Caso se veja forçado a viajar, deve fazer-se acompanhar dos seus documentos e prever água e comida para eventuais distúrbios (como cortes de estrada ou manifestações, que podem bloquear a circulação por muitas horas)", indica o aviso.

Quarenta cidadãos portugueses estão retidos no Peru devido à instabilidade no país, anunciou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).

“O MNE tem conhecimento de 40 cidadãos portugueses, que se encontram nas regiões de Cusco, Arequipa e Aguas Calientes (Machu Picchu), retidos devido ao encerramento dos aeroportos e da circulação rodo e ferroviária”, avança o ministério em comunicado, garantindo que “todos os cidadãos assinalados se encontram em segurança” e em contacto permanente com as autoridades.

Centenas de turistas estrangeiros ficaram bloqueados nesta quarta-feira na região da cidadela inca de Machu Picchu, depois da circulação dos comboios ter sido suspensa devido aos protestos originados pela situação política no Peru.

Os visitantes estão bloqueados na cidade de Aguas Calientes, aos pés da montanha onde se ergue a joia do turismo peruano. "Não podemos voltar para Cusco e seguir para outro país devido aos protestos. Estou com crianças, para mim é um problema", disse à AFP a turista israelita Gale Dut.

Segundo a autarquia de Machu Picchu, 779 turistas de diferentes nacionalidades estão retidos desde ontem. "Tinha que ter saído de Cusco ontem e apanhado um voo até Lima para voltar para casa, mas a situação não está clara no momento", comentou um turista belga.

O serviço ferroviário entre Cusco e Machu Picchu está suspenso desde terça-feira devido aos protestos violentos que tiveram início na última segunda-feira em Cusco, que incluíram tentativas de tomar o aeroporto internacional daquela cidade.

Estado de emergência

Na quarta-feira, o governo da chefe de Estado, Dina Boluarte, decretou o estado de emergência em todo o país, por um período de 30 dias, "para controlar atos de vandalismo e violência cometidos nas manifestações de protesto".

Por outro lado, o ex-presidente Pedro Castillo vai continuar detido durante mais 48 horas.

Castillo foi preso depois de ter dissolvido o Congresso na tentativa de promover mudanças constitucionais para evitar um julgamento.

As atitudes de Castillo foram consideradas como um "golpe de Estado" por membros do governo, incluindo pela atual presidente Boluarte.

O decreto publicado na quarta-feira indica que a Polícia Nacional do Peru mantém o controlo da ordem interna, com o apoio das Forças Armadas.

Durante o estado de emergência ficam suspensas os direitos constitucionais relativos à inviolabilidade domiciliária, liberdade de circulação e liberdade de reunião.

Nas últimas 24 horas um grupo de manifestantes que protestam contra o governo e o Congresso queimou várias instalações públicas no município provincial de Espinar, região de Cuzco, sul do país.

Os protestos contra a chefe de Estado eclodiram no domingo registando-se oito mortos, mais de meia centena de polícias feridos e um número que não foi especificados de manifestantes detidos.

*Com LUSA e AFP

Notícia atualizada às 14h